Proposta
prevê escolha por voto popular de presidente e vice-presidente em caso de
vacância nos três primeiros anos do mandato. Aprovado por unanimidade na CCJ,
texto segue para análise no plenário do Senado.
A
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira
(31/05), por unanimidade, a proposta de emenda constitucional (PEC) que prevê
eleições diretas para presidente e vice-presidente da República caso os cargos
fiquem vagos nos três primeiros anos do mandato.
Com
a aprovação pela comissão, a matéria foi encaminhada para o plenário do Senado.
Contudo, a inclusão da proposta na pauta depende da decisão do presidente da
Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE). Se aprovada por três quintos dos senadores, a
PEC segue para análise na Câmara.
Atualmente,
a legislação admite que um novo presidente seja escolhido por voto popular
apenas quando a vacância se der nos dois primeiros anos do mandato. Após esse
período, eleições indiretas devem ser realizadas pelo Congresso Nacional em até
30 dias.
A
PEC aprovada nesta quarta-feira, de autoria do senador Reguffe (sem
partido-DF), altera justamente o artigo da Constituição que trata da vacância
da Presidência.
Há
uma discussão, no entanto, se a nova regra valeria já neste ano, em caso de
afastamento ou renúncia do presidente Michel Temer, que é investigado pelo
Supremo Tribunal Federal (STF).
O
parecer do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), relator da PEC, previa
a validade imediata da nova regra caso fosse aprovada nas duas casas
legislativas. Ou seja, eleições diretas deveriam ser realizadas em 90 dias
se Temer deixar o cargo até o fim deste ano.
Nesta
quarta-feira, o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) chegou a apresentar um voto
em separado pedindo a rejeição do texto do relator e a aprovação da proposta
original de Reguffe.
Ferraço
argumentou que o substitutivo de Lindbergh contraria a legislação brasileira.
Isso porque, segundo o artigo 16 da Constituição, leis que alteram o processo
eleitoral só podem entrar em vigor um ano após sua aprovação. Trata-se da
chamada regra da anualidade.
"É
um jogo de faz de conta. Você cria uma expectativa que vai ser frustrada",
observou Ferraço, citado pelo jornal O Globo, referindo-se aos apoiadores
das eleições diretas em caso de uma saída de Temer.
Após
entendimento entre Lindbergh e Ferraço, foi colocada em votação a proposta
original apresentada por Reguffe. O texto não especifica quando as novas
regras podem ser aplicadas. Mesmo com a aprovação do original, o senador
petista disse estar convencido de que a regra passará a valer imediatamente se
for aprovada.
"Foi
uma vitória gigantesca. Vai dar muito fôlego para o movimento das Diretas Já.
Com a aprovação na comissão por unanimidade, temos muitas chances de aprovação
no plenário do Senado", declarou Lindbergh, em mensagem em vídeo publicada
em rede social.
Do DW
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