Sob
esquema de segurança reforçado, a comissão especial que analisa a reforma da
Previdência (PEC 287/16) na Câmara deu início à reunião para concluir a votação
dos destaques ao projeto substitutivo. O acesso ao plenário onde é realizada a
sessão está restrito aos parlamentares, profissionais da imprensa, assessores
legislativos e servidores da Casa.
A
votação dos destaques começou na quarta-feira da semana passada (3), quando foi
aprovado o texto-base do relator, deputado Arthur Maia (PPS-BA). A sessão, no
entanto, foi adiada depois que um grupo de agentes penitenciários invadiu
o plenário da comissão.
Leia
também:
Os
agentes pleiteiam a inclusão da categoria nas mesmas regras adotadas para os
policiais civis, federais e do Legislativo, que poderão ter acesso ao benefício
da aposentadoria a partir dos 55 anos de idade e 30 de contribuição. A invasão
ocorreu depois que foi retirado da pauta o destaque que tratava da inclusão da
categoria na aposentadoria especial para policiais.
Durante
o protesto, que durou cerca de 30 minutos, houve tumulto e a Polícia
Legislativa chegou a usar gás lacrimogêneo para tentar dispersar o grupo.
Assim, a sessão que votava os destaques da reforma foi encerrada sem concluir
os trabalhos.
A
reunião foi retomada hoje com dez destaques ou sugestões de mudanças ao texto
pendentes de votação. A expectativa é que a sessão se estenda até o período da
tarde.
Para
evitar novas invasões, as áreas de acesso à Câmara foram cercadas com grades e
o efetivo de policiais legislativos foi reforçado. A visitação do público
externo está suspensa até amanhã (10).
A
invasão do plenário é o assunto que toma os debates iniciais da reunião. O
deputado Ivan Valente (PSOL-SP) criticou o reforço da segurança argumentado que
o povo não pode ser impedido de entrar no Congresso por causa da ação de poucos
manifestantes.
O
presidente da comissão especial, Carlos Marun (PMDB-MS), rebateu as críticas e
disse que o trabalho da comissão foi obstruído por uma tentativa de
"coerção" aos parlamentares. "O que aconteceu aqui deve ser
objeto de repúdio daqueles que defendem a democracia", afirmou.
Destaques
Entre
os destaques que estão sendo analisados pela comissão especial está a sugestão
do PSB, para que seja retirado o artigo que estabelece que o trabalhador rural
deve contribuir de forma individual para a seguridade social, com alíquota
favorecida sobre o salário-mínimo. O partido também quer a retirada da
exigência de cumprimento da nova idade mínima para que os servidores públicos
que ingressaram no cargo antes de dezembro de 2003 tenham acesso à remuneração
integral.
Há
um destaque apresentado pelo PSOL para que se coloque a PEC 287/16 sob
apreciação de um referendo popular. Do total de destaques pendentes de análise,
três são do PT, que pretende retirar o parágrafo que define a forma de cálculo
do valor da aposentadoria e suprimir o artigo que restringe a concessão da
pensão por morte a partir de cotas familiares.
O
partido quer retirar também o artigo que condiciona a transferência de renda ao
deficiente e ao idoso para casos em que a renda mensal familiar for inferior ao
limite estabelecido por lei. Hoje, a Constituição garante o benefício mensal de
um salário mínimo às pessoas com deficiência e aos idosos que “comprovem não
ter meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família”.
Segundo
o presidente da Comissão Especial, Carlos Marun (PMDB-MS), há um acordo entre
os líderes para que os membros do colegiado rejeitem todos os destaques. Apenas
um deve ser aprovado pela comissão, o que trata da mudança do fórum de decisão
judicial das questões relativas à aposentadoria por invalidez e acidentes de
trabalho.
Depois
da votação dos destaques, se houver alterações, os membros do colegiado
finalizarão o texto que seguirá para o plenário, onde o projeto pode voltar a
ser alterado por meio da apresentação de emendas e novos destaques.
O
texto aprovado pela comissão deve ser publicado no Diário Oficial da
Câmara logo após o encerramento dos trabalhos desta terça. A partir daí, é
contado o prazo de pelo menos duas sessões para que o projeto seja encaminhado
ao plenário, o que deve ocorrer a partir do dia 15.
Ainda
não há uma data definida para começar a votação da reforma no plenário, onde
são necessários os votos favoráveis de pelos menos 308 dos 513 deputados para
que seja aprovada, em dois turnos. Segundo o relator da proposta, Arthur Maia
(PPS-BA), a votação do primeiro turno será muito importante para encaminhar a
votação dos turnos seguintes, inclusive no Senado.
Antes
do início da reunião de hoje (9), Maia disse que está confiante de que seu
parecer não deve sofrer alterações muito significativas e que o projeto terá
pelo menos 330 votos no plenário da Câmara.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!
Abração
Dag Vulpi