À frente da
Casa Branca por oito anos, Barack Obama obteve conquistas importantes, tanto no
plano doméstico quanto no internacional. Algumas delas polêmicas
internamente, mas consideradas históricas, como a retomada das relações
diplomáticas com Cuba, após meio século de distanciamento e uma vitória na
Suprema Corte, que autorizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A Agência
Brasil selecionou temas e assuntos relevantes que marcaram a trajetória de
Obama.
1.
Retomada das relações com Cuba
Depois de meio
século de rompimento, os Estados Unidos (EUA) e Cuba restabeleceram plenamente
suas relações diplomáticas. O anúncio da retomada surpreendeu o mundo. Os
presidentes Barack Obama e Raúl Castro anunciaram, em dezembro de 2014, que
ambos os países estavam dialogando para o restabelecimento das relações. Seis
meses depois, em julho de 2015, Cuba e EUA reabriram suas respectivas
embaixadas em Washington e Havana.
As negociações
tiveram apoio do papa Francisco, mas Obama já havia sinalizado o interesse de
se reaproximar de Cuba. Antes da reabertura das duas embaixadas, os EUA
retiraram Cuba da lista dos países que servem ao terrorismo e também retiraram
algumas sanções. O embargo econômico, entretanto, foi mantido e depende
da mudança da lei constitucional.
Por sua vez, o
governo cubano se comprometeu a respeitar as liberdades individuais e o direito
de livre pensamento dos dissidentes no país. Obama esteve em Cuba, em março do
ano passado, e se tornou o primeiro presidente dos Estados Unidos a visitar a
ilha em 88 anos. O presidente americano disse que foi a Cuba para “derrubar o
último remanescente da guerra fria”. Ele defendeu eleições democráticas no
país.
2.
Casamento homoafetivo
Em junho de
2015, a Suprema Corte norte-americana legalizou o casamento entre pessoas do
mesmo sexo nos EUA. A decisão apertada, por cinco votos a quatro, considerou
inconstitucional uma lei que definia o casamento apenas como a “união entre um
homem e uma mulher” e colocou fim a uma batalha de muitos anos.
Apesar da
diferença de apenas um voto, prevaleceu o entendimento de que o casamento
homoafetivo é um direito assegurado pela liberdade individual – princípio
fundamental que rege a quinta emenda constitucional no país. Com a decisão do
Supremo, as leis estaduais que proibiam o matrimônio entre homossexuais
perderam a validade. Quatorze estados tinham leis proibitivas para o casamento gay.
Barack Obama
fez um eloquente discurso celebrando a decisão e disse esse era um passo
histórico para o casamento entre iguais. “Não importa quem você é ou ama, a
América é um lugar onde você pode escrever seu próprio destino”, afirmou.
3. Morte de Osama Bin Laden
Em
pronunciamento feito na madrugada do dia 2 de maio maio de 2011, Obama anunciou
ao mundo que Osama Bin Laden, líder da rede terrorista Al Qaeda, havia sido
abatido numa operação secreta conduzida no Paquistão por forças especiais dos
Estados Unidos. Segundo informações do Pentágono, ele foi abatido em um
esconderijo na cidade de Abbotabad, próximo a Islamabad, capital
paquistanesa. A operação foi conduzida em total sigilo e feita com o apoio do
Paquistão.
Bin Laden era
o inimigo´número um e o homem mais procurado pelos Estados Unidos desde o
atentado às torres gêmeas em Nova York, em 11 de setembro de 2001. A morte do
líder da Al Qaeda foi considerada uma grande vitória para a política militar de
Obama, que vinha sendo criticado por seus adversários de “afrouxar” a política
de segurança do país.
"Foi
feita justiça", disse Obama na ocasião. “Hoje, posso dizer aos americanos
e ao mundo que os Estados Unidos conduziram uma operação que matou Osama Bin
Laden, o líder da Al Qaeda responsável pelo assassinato de milhares de homens,
mulheres e crianças”, afirmou.
4. Acordo nuclear com o Irã
O acordo
nuclear com o Irã era um dos principais objetivos de Barack Obama. Quando ele
foi firmado, contudo, a opinião pública americana ficou desconfiada e parte da
população viu a negociação como um erro de gestão. Uma pesquisa na época
mostrou que apenas três em cada dez cidadãos dos EUA concordaram com o tratado,
um dos assuntos mais reconhecidos mundialmente na administração Obama.
Os
estadounidenses expressaram o temor de que o acordo pudesse fortalecer o Irã e
que, no futuro, o país volte a ser uma ameaça aos Estados Unidos. Mesmo assim,
analistas internos e externos validaram a iniciativa, que foi alvo tanto de
elogios quanto de críticas nos EUA.
Firmado em
julho de 2015, após 20 meses de negociação, o acordo assinado entre o Irã e os
cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas (Reino
Unido, França, EUA, China e Rússia) e mais a Alemanha, foi considerado um avanço
na política diplomática. O objetivo é limitar o programa nuclear iraniano e
impedir que o país consiga produzir a bomba atômica.
Pelo acordo, o
Irã aceita que suas agências nucleares sejam inspecionadas, mediante a retirada
de sanções internacionais. Os países signatários discutiram minuciosamente cada
detalhe e o presidente Barack Obama defendeu a iniciativa tanto interna quanto
externamente.
5.
Obamacare
Outra ação que
foi alvo tanto de elogios quanto de críticas foi o Obamacare, programa de saúde
criado por Barack Obama e que ainda hoje divide republicanos e
democratas. O presidente eleito, Donald Trump, afirmou, em sua conta em uma
rede social, que a reforma do sistema de saúde promovida por Obama
"em breve ficará na história".
A iniciativa,
aprovada em março de 2010, facilitou o acesso dos cidadãos americanos,
notadamente os mais pobres, a um plano de saúde, beneficiando mais de 20
milhões de pessoas, de forma a tornar os cuidados básicos de saúde mais
acessíveis. EsSa foi uma das maiores bandeiras de Obama na campanha do primeiro
mandato, e ele termina o segundo, defendendo o programa, mesmo que o Congresso
tenha extinguido a lei na semana passada, com a promessa de criar outra.
Nos Estados
Unidos, se a pessoa não tem um plano de saúde, sofre um acidente ou tem alguma
doença que exija muitos procedimentos e tempo no hospital, ela tem que pagar os
custos. O que ocorria, muitas vezes, é que uma pessoa saudável, sem plano de
saúde, que inesperadamente precisasse de tratamento médico, arcasse com
despesas milionárias, correndo o risco até mesmo de ir à falência.
Os custos de saúde dos Estados Unidos não são pagos pelo governo, a não ser para cidadãos abaixo da linha de pobreza ou acima de 65 anos, e apenas para os serviços mais básicos. Em um caso ou outro, a pessoa pode ir à Justiça pedir que o governo arque com os custos. Mas são casos isolados e demoram um tempo até que o juiz decida.
Agência
Brasil
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