O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse por meio de
nota nesta sexta-feira (3) que "vê com preocupação" a redução de prazos
dentro da comissão que analisa o impeachment de Dilma Rousseff.
"Apesar de não conduzir o processo e não integrar a Comissão
Processante, como presidente do Congresso Nacional, vejo com preocupação
as iniciativas para comprimir prazos. Mais ainda se a pretensão possa
sugerir supressão de direitos da defesa, que são sagrados", escreveu
Renan.
A declaração foi motivada pelo fato do presidente da
Comissão Processante do Impeachment na Casa, senador Raimundo Lira
(PMDB-PB), ter acatado uma questão de ordem
apresentada pela colega de partido Simone Tebet (MS) que, com base no
Código de Processo Penal (CPP), pediu redução de 15 para cinco dias no
prazo para apresentação das alegações finais da acusação e da defesa. De
acordo com calendário estimado pelo relator senador Antonio Anastasia
(PSDB-MG), a decisão poderia antecipar para 13 de julho a conclusão da
chamada fase de pronúncia do processo.
O presidente do Senado
afirmou também que agilizar o processo é desejável, mas que isso deve
ser feito sem limitar a defesa. "É imperioso agilizar o processo para
que não se arraste indefinidamente. Para tal, é possível reduzir
formalidades burocráticas, mas sem restringir o devido processo legal e
principalmente o direito de defesa. Dez dias na história não pagam o
ônus de suprimi-los", continuou o senador.
Diante a insatisfação
provocada entre os aliados da presidente afastada, foi apresentado um
recurso ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski
que, desde do dia 12 de maio, quando o plenário do Senado acatou a
admissibilidade do processo contra Dilma, passou a ser o presidente do
processo na Casa. Caberá ao ministro dar a palavra final sobre essa e qualquer outra questão que não seja pacificada no âmbito do Conselho.
Renan
destacou ainda que os parlamentares devem evitar levar ao presidente do
STF questões que poderiam ser resolvidas entre os próprios
parlamentares. “Parece-me prudente evitar recorrer, a todo tempo, ao
Judiciário para que decida questões de ordem. Por mais sensatas e
qualificadas que sejam as decisões do presidente do Supremo Tribunal
Federal, Ricardo Lewandowski, e elas o são, é inadequado sobrecarregá-lo
com trabalho tipicamente congressual e que corre o risco de ser
interpretado como transferência de responsabilidade”, avaliou o
presidente do Senado.
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