Primeiro a
falar hoje (7) na sessão do Conselho de Ética da Câmara para a discussão e
votação do relatório que pede a cassação do deputado afastado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), o deputado Nelzon Marchezan Júnior (PSDB-RS) disse que o pedido de
prisão do peemedebista - feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo
Janot - dá uma ideia de “oxigenação” para a sociedade.
A informação
foi divulgada hoje pelo jornal O Globo, que destacou também o pedido de prisão
do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do senador Romero Jucá
(PMDB-RR) e do ex-presidente da República, José Sarney.
“Intencional
ou não, aceito ou não, o pedido de prisão de Eduardo Cunha, de José Sarney e do
presidente do Senado Renan Calheiros tem uma simbologia muito especial para a
sociedade brasileira. Dá uma ideia de oxigenação, de que instituições estão
cumprindo seu papel e tentando punir os que historicamente representam tudo
aquilo que a sociedade rejeita na política”, afirmou.
Para Marchezan
Júnior, nos mais de seis meses de processo, Cunha teve todas as oportunidades
para apresentar seus argumentos, mas “não convenceu”. “O deputado Marcos
Rogério [relator do processo] fez um relatório impecável que destruiu qualquer
um ou todos os argumentos apresentados pela defesa. Ele deixou de forma
transparente e clara que esta Casa não possuiu outro caminho que não a perda do
mandato de Eduardo Cunha, a não ser para os parlamentares que têm relação
pessoal com Eduardo Cunha, aqueles que desenvolveram uma relação de
proximidade, os que têm compromisso com ele, seja pessoal, seja em decorrência
da presidência que exerceu aqui”, completou.
Impeachment de
Dilma
Na mesma
linha, José Geraldo (PT-PA) disse que o país deu “muita colher de chá” para o
peemedebista. “Seu afastamento deveria ser pedido em março, mas só depois que
ele fez um grande mal ao Brasil, de instalar o processo de impeachment da
presidente Dilma, depois de ter conduzido a sessão do dia 17 na Câmara, que
veio seu pedido”, lamentou.
Segundo ele,
Cunha continuou dando as cartas mesmo depois do pedido de afastamento do cargo
e do mandato que ocupava pelo Supremo Tribunal Federal. “Eduardo Cunha e o seu
grupo expulsaram daqui o vice-presidente [Waldir] Maranhão que desapareceu.
Depois, foi com o presidente em exercício Michel Temer e disse que o líder do
governo ele que indica e Temer não teve como não aceitar o nome de André Moura
que está indiciado em seu estado. Não tem mais cabimento este conselho não
votar pela cassação”, defendeu.
Foi justamente
o pedido de impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff um dos motivos
apontados por Laerte Bessa (PR-DF) como base de seu posicionamento. Bessa disse
que não ficou comprovado que Cunha tenha contas no exterior e sugeriu uma
sentença mais branda. “Talvez uma suspensão ficaria bem. A cassação é muito
dura. Estamos julgando se ele mentiu ou não. Ele disse que truste não é conta
corrente”, afirmou.
Condenação
Ainda no papel
de aliado, o deputado admitiu que, no Supremo Tribunal Federal (STF), onde
correm mais de três processos contra Cunha, o peemedebista deve ser condenado,
e defendeu que a atribuição de uma penalidade mais dura fique limitada à esfera
do STF.
“Acho que ele
vai ser condenado pelo Supremo pela pressão da imprensa e pelos fatos que foram
apurados lá e que não temos apurados”, disse. Bessa garantiu que nunca viu
Cunha interferindo nos resultados da Câmara e disse que ficou surpreso com o
pedido de prisão feito por Rodrigo Janot. “Logo hoje? Fico surpreso. É muita
coincidência”, disse.
O presidente
do conselho, José Carlos Araújo (PR-BA), encerrou há pouco as inscrições para o
pronunciamento de deputados. Ele anunciou que 21 titulares e quatro não membros
terão a palavra por 10 e 5 minutos, respectivamente. Além destes parlamentares,
ainda serão ouvidos líderes partidários que podem se inscrever ao longo de toda
a sessão.
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