A 4ª Vara
Criminal de São Paulo enviou os autos do processo que apura se o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva cometeu crime de lavagem de dinheiro para a 13ª Vara
Federal de Curitiba (PR). A remessa foi feita na última quinta-feira (28). Na
ação, o Ministério Público de São Paulo ofereceu denúncia e pediu a prisão
preventiva de Lula sob a acusação de que o ex-presidente é o proprietário
oculto de um apartamento tríplex no Guarujá, litoral paulista.
Em março, a
juíza Maria Priscilla Veiga de Oliveira determinou o envio do processo ao
avaliar que os possíveis delitos relacionados ao imóvel estão sob apuração da
Operação Lava Jato e devem ser investigados dentro do contexto do esquema nos
inquéritos abertos na esfera federal. Com isso, o processo passará a integrar o
conjunto sob responsabilidade do juiz federal Sérgio Moro.
“O pretendido
nestes autos, no que tange às acusações de prática de delitos chamados de
'lavagem de dinheiro' é trazer para o âmbito estadual algo que já é objeto de
apuração e processamento pelo Juízo Federal da 13ª Vara Federal de Curitiba/PR
e pelo MPF [Ministério Público Federal], pelo que é inegável a conexão, com
interesse probatório entre ambas as demandas, havendo vínculo dos delitos por
sua estreita relação”, diz a decisão da magistrada. A Juíza também retirou o
sigilo do processo.
Defesa
Em março, os
advogados do ex-presidente Lula, Roberto Teixeira e Cristiano Zanin Martins,
pediram a impugnação da decisão ao Tribunal de Justiça de São Paulo. Eles
tiveram a solicitação negada. "Não há qualquer elemento concreto que possa
vincular o triplex ou a suposta reforma realizada nesse imóvel a “desvios da
Petrobras”, como afirma a decisão; o que existe é imputação de uma hipótese,
insuficiente para motivar uma acusação criminal", argumentaram os
advogados, em nota publicada pelo Instituto Lula, em março.
A defesa do
ex-presidente também contestou a remessa do processo para Curitiba. "Mesmo
que fosse possível cogitar-se de qualquer vínculo com 'desvios da Petrobras',
isso não deslocaria o caso para a competência da Justiça Federal; a Petrobras é
sociedade de economia mista e há posição pacífica dos tribunais de que nessa
hipótese a competência é da Justiça estadual; mesmo que fosse possível
cogitar-se, por absurdo, de qualquer tema da competência da Justiça Federal,
não seria do Paraná, pois o imóvel está localizado no estado de São Paulo e
nenhum ato foi praticado naquele outro estado."
A
denúncia
Os promotores
do Ministério Público de São Paulo (MP) Cássio Conserino, José Carlos Blat e
Fernando Henrique Moraes de Araújo disseram ter colhido duas dezenas de
depoimentos que comprovariam que o apartamento era “destinado” ao ex-presidente
e sua família. O MP acusa Lula de lavagem de dinheiro – na modalidade ocultação
de patrimônio – e falsidade ideológica.
“Aproximadamente
duas dezenas de pessoas nos relataram que, efetivamente, aquele tríplex do
Guarujá era destinado ao ex-presidente Lula e sua família. Dentre essas pessoas
figuravam funcionários do prédio, o zelador do prédio, a porteira do prédio,
moradores do prédio, funcionário da OAS, ex-funcionário da OAS, e o
proprietário da empresa que fez a reforma naquele imóvel e, pelos relatos, fez
uma reunião para apresentar parte da reforma efetuada, com a presença da
ex-primeira dama e de seu filho, além do senhor Léo Pinheiro”, disse o promotor
Cassio Roberto Conserino ao apresentar a denúncia à imprensa.
Além de Lula,
foram denunciados por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, sua mulher,
Marisa Letícia, por participação em lavagem de dinheiro; e seu filho, Fábio
Luiz Lula da Silva, por participação em lavagem de dinheiro.
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