No dia
seguinte à aprovação do relatório favorável à abertura de processo de impeachment
da presidente Dilma Rousseff na comissão especial que analisou a
admissibilidade do pedido durante 25 dias, parlamentares da oposição e do
governo têm reuniões com o intuito de definir a estratégia para a votação no
plenário, prevista para começar na sexta-feira (15) e terminar no domingo (17),
e captar votos para cada lado.
Deputados que
defendem o impedimento da presidenta mantêm na manhã de hoje (12) encontros
informais e agora estão reunidos. Apesar de integrantes da oposição pedirem
cautela, o número de votos para o afastamento de Dilma já chegaria a 360 “com
os pés no chão”, afirmam assessores da oposição, o que seria suficiente para
dar continuidade ao processo e enviá-lo ao Senado.
Governistas
evitam cravar um placar, mas apostam que a oposição não conseguirá o número de
votos necessários pró-impeachment no plenário. Na comissão, onde foram
computados 38 votos a favor e 27 contra o impeachment, o resultado
dependia da maioria simples, já no plenário, são necessários dois terços dos
votos dos 513 deputados, ou seja 342 votos. Para os governistas, se a oposição
não conseguiu dois terços dos votos ontem (11) na comissão, também não vai
conseguir no plenário.
O PT começou o
dia reunido com assessores e movimentos sociais. No encontro, fechado à
imprensa, devem ser definidos atos de manifestação e protesto, como, por
exemplo, quando for feita a leitura do relatório do deputado Jovair Arantes
(PTB-GO) em plenário, previsto para 14h de hoje (12). O presidente da Câmara,
Eduardo Cunha, também deve ser alvo das manifestações, já que os governistas o
acusam de ter acelerado a tramitação do pedido. Na reunião com assessores,
deputados ainda alertaram que é preciso proteger servidores que tem sido
“atacados” por se manifestarem a favor da presidenta Dilma.
A estratégia
do PT deve seguir em clima de final de Copa do Mundo, como definiram alguns
parlamentares ao entrar para o encontro. Será no corpo a corpo que pretendem
garantir o número de votos para barrar a coninuidade do processo. Em relação a
informações de que estaria em curso uma debandada de deputado do partido, vários
petistas negam e dizem que há coesão pela defesa de Dilma. Possíveis saídas
podem ocorrer, conforme alguns deputados, depois das eleições municipais e se o
impeachment avançar.
No PR, o
impasse entre a posição do líder Maurício Quintella Lessa (AL) e a da Executiva
Nacional do partido, fez com que o encaminhamento do voto de bancada fosse lido
pelo deputado Édio Lopes (RO), que orientou pelo voto contrário ao impeachment.
Quintella Lessa anunciou no último dia 11 o afastamento da liderança por ter
opinião contrária a do partido. Há expectativas de que os deputados da legenda
se reúnam hoje para tentar afinar o discurso, numa prévia para a votação do
relatório em plenário.
Os líderes do
PRB, Solidariedade, PSB, DEM, PPS e PMB declararam voto pelo impeachment,
enquanto as lideranças do PT, PCdoB, PDT, PTN, PSOL e PEN firmaram posição
contrária ao processo.
Próximos
passos
Com a leitura
do parecer da comissão na tarde de hoje, o texto será publicado e as sessões de
debates sobre o pedido de impeachment começam às 9h da próxima sexta-feira
(15). Eduardo Cunha já sinalizava que, como as discussões vão tomar dias, a
expectativa é que a votação ocorra até o final da tarde do domingo (17).
Líderes partidários se reúnem hoje, às 15h, para definir alguns detalhes como a
presença de representantes da sociedade civil nas galerias do plenário durante
estes dias e sobre a ordem de chamada dos deputados.
Ontem, o
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin negou um pedido do deputado federal Weverton Rocha (PDT-MA)
para que a Corte definisse a sequência de votação, argumentando que o
Judiciário não pode interferir em questões internas do Congresso.
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