Sem mencionar
diretamente os nomes, a presidenta Dilma Rousseff afirmou ontem (12) que o
vice-presidente da República, Michel Temer, e o presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), são os chefes do que ela classificou de
golpe em curso contra seu mandato.
“Se ainda
havia alguma dúvida sobre o golpe, a farsa e a traição em curso, não há mais.
Se havia alguma dúvida sobre a minha denúncia de que há um golpe de Estado em
andamento, não pode haver mais. Os golpistas podem ter chefe e vice-chefe
assumidos. Não sei direito qual é o chefe e o vice-chefe. Um deles é a mão não
tão invisível assim que conduz com desvio de poder e abusos inimagináveis o
processo de impeachment. O outro esfrega as mãos e ensaia a farsa do vazamento
de um pretenso discurso de posse. Cai a máscara dos conspiradores. O Brasil e a
democracia não merecem tamanha farsa ”, disse Dilma, em discurso no Palácio do
Planalto.
“Vivemos
tempos estranhos de golpe, farsa e traição. Usaram a farsa do vazamento para
difundir a ordem unida da conspiração. Agora, conspiram abertamente, à luz do
dia, para desestabilizar um presidenta legitimamente eleita. Caluniam enquanto
leiloam posições no gabinete do golpe, no governo dos sem-voto", afirmou a
presidenta.
Segundo Dilma ficou claro que existem dois chefes do golpe que agem em conjunto e
de forma premeditada. "Como muitos brasileiros, tomei conhecimento e
confesso que fiquei chocada com a desfaçatez da farsa do vazamento, que foi
deliberado, premeditado. Vazando para eles mesmos, tentaram disfarçar o que era
um anúncio de posse antecipada, subestimando a inteligência dos brasileiros.
Até nisso, são golpistas, sem respeito pela democracia, porque eu estou no
pleno exercício de minha função de presidenta da República”, acrescentou Dilma.
A presidenta
referiu-se ao vazamento de um áudio em que o vice-presidente Michel Temer fala
como se o processo de impeachment já tivesse sido aprovado pela Câmara dos
Deputados. No áudio, classificado por Temer como mensagem de “palavra
preliminar à Nação brasileira”, o vice-presidente diz que precisa estar
preparado para enfrentar os “graves problemas que afligem” o Brasil, caso os
senadores decidam a favor do afastamento de Dilma. Ele lembra, porém, que a
decisão do Senado deve ser aguardada e respeitada.
No comunicado,
Temer pede a pacificação do país, diz que é preciso um governo de “salvação
nacional”, com colaboração de todos os partidos para sair da crise, e defende
apoio à iniciativa privada como forma de gerar investimentos e confiança no
Brasil.
A presidenta
discursou para uma plateia formada por professores e estudantes no ato
intitulado Encontro da Educação pela Democracia.
Integrantes da
União Nacional dos Estudantes (UNE), da União Brasileira dos Estudantes
Secundaristas (Ubes), da Confederação Nacional pelos Trabalhadores na Educação
(CNTE) e do Conselho Nacional de Educação (CNE) estão entre as entidades que
participaram do ato.
A Comissão
Especial do Impeachment da Câmara dos Deputados aprovou ontem (11) o parecer do
relator Jovair Arantes (PTB-GO) pela admissibilidade da abertura do processo de
afastamento da presidenta Dilma Rousseff. Foram 38 votos a favor e 27 contra.
A votação do
parecer sobre a continuidade do processo de impeachment no plenário da Câmara
deve começar sexta-feira (15) e se estender pelo fim de semana.
Os ministros
da Educação, Aloizio Mercadante, e da Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso
Pansera, estavam presentes à cerimônia.
Nas últimas
semanas, Dilma recebeu manifestações de apoio de grupos de intelectuais e
artistas, mulheres, integrantes de sindicatos, de movimentos sociais e de
juristas. O último encontro no Palácio do Planalto ocorreu na semana passada
quando mulheres de diversos movimentos sociais discursaram em defesa do mandato
da presidenta.
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