A presidenta Dilma Rousseff disse hoje (19), em entrevista a
correspondentes estrangeiros, no Palácio do Planalto, ser "lamentável"
que o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) tenha feito uma homenagem ao
torturador da ditadura militar Carlos Alberto Brilhante Ustra, morto em
2015. Dilma foi questionada pelos jornalistas sobre a declaração do
deputado, feita no último domingo, ao dar seu voto favorável ao processo
de impeachment, na Câmara dos Deputados.
“De fato, fui presa nos anos 70, de fato, eu conheci bem esse senhor
ao qual ele [Bolsonaro] se refere. Foi um dos maiores torturadores do
Brasil. Sobre ele, recai não só acusação de tortura, mas também acusação
de morte. É só ler os papéis da Comissão da Verdade e mesmo outros
relatos”, afirmou Dilma, em entrevista a correspondentes estrangeiros,
no Palácio do Planalto.
A presidenta disse considerar “gravíssima
a aventura golpista” em curso no país, porque teria levado a uma
situação de polarização que não se vivia no Brasil, “que é uma situação
de raiva, ódio e perseguição”.
“Eu lastimo que esse momento no
Brasil tenha dado abertura para a intolerância, para o ódio, para esse
tipo de fala [de Jair Bolsonaro]. Num processo como o nosso, em que a
democracia resulta de uma grande luta de resistência, que abrangeu os
mais variados setores, é terrível você ver num julgamento alguém votando
em homenagem ao maior torturador que esse país conheceu. É lamentável”,
reiterou.
Os deputados aprovaram, no domingo (17), por 367 votos a favor e 137 contra, o prosseguimento do processo de impeachment
contra a presidenta Dilma. Em uma entrevista concedida à imprensa,
ontem (18), Dilma disse se sentir indignada e injustiçada com a decisão
da Câmara dos Deputados.
Se a admissibilidade do afastamento for
aprovada também pelos senadores, a presidenta será afastada do cargo por
até 180 dias, enquanto o Senado analisa o processo em si, e define se
Dilma terá o mandato cassado.
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