Com o fim do capítulo do impeachment da presidente Dilma
Rousseff na Câmara, deputados voltam as atenções ao processo que pode
culminar na cassação do mandato do presidente da Casa, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), em andamento no Conselho de Ética.
Por conta do
feriado de quinta-feira (21), o colegiado só volta a se reunir na
próxima semana. No entanto, antes disso, o relator do caso, deputado
Marcos Rogério (DEM-RO), pode decidir se incluirá a delação premiada de
Ricardo Pernambuco Júnior, executivo da Carioca Engenharia, no âmbito da
operação Lava Jato, já homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo
assessores, Marcos Rogério ainda aguarda a chegada de novos documentos
da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da própria Corte para decidir
sobre esta inclusão, pedida pelo deputado Subtenente Gonzaga (PDT-MG),
suplente no conselho.
Funcionários do gabinete do relator
explicaram que algumas informações solicitadas pelo parlamentar já foram
entregues pela Justiça, mas neste rol ainda não está incluída a
declaração de Pernambuco Júnior, de que pagou propina a Cunha no valor
de R$ 52 milhões, divididos em 36 prestações, para que empresas
acessassem recursos do Fundo de Investimento do FGTS.
A cautela é
para que, no caso de estar sob sigilo, a inclusão da delação, que seria
considerada prova ilícita, não comprometa o processo que já se arrasta
há cinco meses. Críticos de Cunha acusam aliados e o próprio presidente
da Casa de adotar manobras para protelar os trabalhos, como recursos que
foram apresentados pelo advogado de defesa, Marcelo Nobre, e alguns
integrantes do colegiado que resultaram na retomada de fases das
atividades do processo.
Na próxima terça-feira (26), está
confirmado o depoimento, em Brasília, de Fernando Soares – conhecido
como Fernando Baiano, acusado pela Polícia Federal e pelo Ministério
Público de ser um dos operadores de propina da Petrobras ligado ao PMDB.
Baiano é testemunha indicada pelo relator Marcos Rogério, assim como o
empresário João Henriques, que atuava como lobista do PMDB e disse, em
delação premiada da Operação Lava Jato, que transferiu mais de US$ 1
milhão para contas de Cunha no exterior.
João Henriques seria
ouvido na segunda-feira (25), em Curitiba, onde está preso, mas o
advogado do empresário ainda precisa avisá-lo e só deve fazer isto no
próprio dia 25, adiando a oitiva para o dia 27. A partir desta data, o
relator quer começar a ouvir testemunhas indicadas por Cunha que já
estão sendo notificadas.
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