O líder do
governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), fez hoje (28), véspera da convenção
do PMDB que determinará se o partido continua ou não no governo, um duro
discurso na tribuna da Casa. Sobre o presidente nacional da legenda e
vice-presidente da República, Michel Temer, Humberto Costa alertou que ele não
terá base social para assumir o governo se a presidenta Dilma sofrer o impeachment.
“Não pense que
os que hoje saem organizados para pedir 'Fora, Dilma' vão às ruas para dizer
'Fica, Temer', para defendê-lo. Não! Depois de arrancar, com um golpe
constitucional, a presidenta da cadeira que ela conquistou pelo voto, essa
gente vai para casa, porque estará cumprida a vingança e porque não lhe tem
apreço algum”, disse Costa.
Para o líder
do governo, Temer está prestes a cair em um “canto da sereia”, mas enfrentará
instabilidade e caos no país se assumir a Presidência da República, porque terá
colaborado para um “golpe”.
“Não pensem
que vocês vão ter trégua. Vamos lutar até o último momento pela legalidade,
pela manutenção da ordem democrática. Se, mesmo assim, for violentado o Estado
de Direito, estaremos nas ruas no mesmo dia, porque não vamos aceitar soluções
à margem da Constituição”, alertou.
Humberto Costa
acusou também os que querem a saída da presidenta Dilma de conspiração contra a
democracia e de fazerem parte do mesmo setor da sociedade que apoiou o golpe
militar de 1964.
“Abram mão do
golpe, abdiquem do autoritarismo e entendam que o Brasil não é mais a senzala
que vocês comandaram por séculos. Respeitem a democracia”, acrescentou o
senador.
Ele aproveitou
o discurso para conclamar os brasileiros que apoiam o governo da presidenta
Dilma Rousseff a saírem às ruas na quinta-feira (31) para que defendam “o
regime democrático” e a permanência da presidenta no poder.
Ocupações
Logo após o
discurso do líder governista, a senadora Ana Amélia (PP-RS) – integrante de
legenda que também pode deixar a base de apoio do governo - discursou
criticando o uso do tom ameaçador de lideranças de movimentos que apoiam o
governo.
“Fico
apavorada, literalmente apavorada, quando ouço que o Brasil será incendiado por
greves e ocupações se houver impeachment”, disse a senadora.
“A sociedade
que foi às ruas não tem medo disso, mesmo que seja apenas força de retórica.
Não se pode admitir uma coisa dessas. E nada acontece, porque isto é declarado
perante as autoridades maiores do país. 'Vamos incendiar o País!' O que é isso?
Onde nós chegamos?”, concluiu.
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