O ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, disse hoje (14),
após a reunião da coordenação política com a presidenta Dilma Rousseff,
que o governo reconhece que as manifestações ocorridas nesse domingo
(13) foram “vigorosas”, mas que também foram produzidas por federações
de empresas.
“O que não tira o seu valor. Nessa
manifestação tem uma agenda que considero negativa porque não tem uma
proposição. Tem um “tira fulana” e pronto. Isso não vai resolver o
problema do Brasil. Impeachment não é remédio nem para impopularidade nem para crise econômica. De qualquer forma, deve ter animado a oposição”.
Segundo
o ministro, o governo não tem “nada de bombástico para anunciar” como
resposta às ruas. “O que a gente vai fazer é apressar o que já vem
fazendo. Tem vários componentes, mas o componente que considero
fundamental é o da economia. Se a economia estiver apontando desemprego e
diminuição da atividade econômica, não há alegria nas pessoas. Se você
tem um processo que é de baixa da atividade econômica, evidentemente que
há um mau humor no comércio, na casa das pessoas, nas famílias. Este
[retomada econômica] é o único remédio que eu acho que tem que ser feito
e esse remédio está sendo pensado”, acrescentou.
Na avaliação de
Wagner, os protestos de ontem não enfraquecem o governo. “As pessoas
que estão indo à rua têm um perfil claramente oposicionista. Se 51
milhões de pessoas foram às urnas na eleição [de 2014] para ser contra o
governo da presidenta Dilma ou do PT, acho que o protesto não
enfraquece. É uma parcela [da população]. O que o governo precisa para
ter mais gás é a recuperação da economia, a volta da geração de
empregos. É o bem-estar da população que dá o pró e o contra de um
governo. Protesto faz parte da vida democrática. O protesto mostra que o
povo quer instituições transparentes e fortes, que respeitem umas às
outras como está previsto na Constituição.”
Para o ministro, diferentemente dos atos no período da Diretas Já, em 1984, e do impeachment
do ex-presidente Fernando Collor, em 1992, a manifestação atual contra o
governo é grande, mas segmentada. “É óbvio que tem gente que votou nela
[Dilma Rousseff] e não está satisfeito. É só olhar as pesquisas [de
avaliação]. Nós perdemos musculatura e isso nós reconhecemos. Não
necessariamente perdemos musculatura para eles [oposição]”.
Processo de impeachment
O ministro informou
que o governo está reunindo os ministros e as lideranças políticas
aliadas para montar a estratégia de defesa da presidenta no processo de impeachment na Câmara dos Deputados.
“Porque,
a depender da decisão do Supremo, se sai ou não na quarta-feira (16),
acho que sai, pode começar o processo. Então, nós vamos ter de cuidar da
montagem da comissão e depois conversar com todo mundo. Tenho
tranquilidade para dizer que a gente tem tudo para barrar esse processo
ainda na Câmara. Acho que teremos mais de 172 votos. Não tem nenhum
crime de responsabilidade atribuído à presidenta Dilma Rousseff. O
processo está sendo muito mais político, de tentar consertar a economia
com impeachment. Acho que esse é o pior remédio porque vai paralisar o país por mais 120, 180 dias e aí perdemos mais um ano”.
O
Supremo Tribunal Federal deverá concluir esta semana o julgamento dos
embargos apresentados pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), ao rito do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Criminalização da política
O
ministro Jaques Wagner disse que vê com preocupação a criminalização da
política pelo fato de políticos da oposição também terem sido
hostilizados durante as manifestações de ontem (13).
“Quando vejo
o deputado José Carlos Aleluia [DEM] vaiado na Bahia, e o governador de
São Paulo [Geraldo Alckmin, PSDB] e o senador de Minas Gerais [Aécio
Neves, PSDB] também não serem bem recebidos, então é bom acender a luz
amarela em todo mundo que gosta da democracia e da política. Porque o
país, com a criminalização da política, pode cair no autoritário. Não
vou botar na minha boca que quem estava na rua está pregando o
autoritarismo para não entrar num território que eu acho errado. Mas ali
foi um pouco a negação da política. Quem achou que ia dar uma faturada,
pelo visto, não faturou. Isso aumenta a minha preocupação: quando as
pessoas dizem que não quero esse [político] e não quero nenhum”.
Alckmin e Aécio foram hostilizados e vaiados na manifestação na Avenida Paulista.
Como
saída para a crise, o ministro defende a reforma política. “A bandeira
verdadeira que todos os democratas da política, da economia, da imprensa
deveriam levantar bem alto é a da reforma política. Se não tiver
reforma política estruturante neste país, estamos jogando a democracia
brasileira para fora. Não me parece razoável ter mais de 30 partidos,
porque eu não conheço 30 e tantas opções de caminho para o Brasil”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!
Abração
Dag Vulpi