A dois dias da
convenção nacional do PMDB, marcada para o próximo sábado, em Brasília,
parlamentares tentaram hoje (10) minimizar rumores sobre uma aproximação do
partido com o PSDB. Um jantar na noite de ontem (9) reuniu, na capital,
senadores das duas legendas e incitou boatos de uma aliança que poderia
enfraquecer a base aliada no Congresso.
“Não vejo nada
demais em um jantar. Legislativamente, estamos sempre convivendo. Não foi um
gesto partidário. Foi um gesto de bancada [do Senado]”, afirmou o presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Cunha foi o precursor da divisão dentro do
partido quando anunciou, no fim do primeiro semestre de 2015, o rompimento
pessoal com o Palácio do Planalto.
O impasse
dentro do PMDB cresceu ainda mais após acusações, por parte da ala
insatisfeita, de que o líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani (RJ),
estava priorizando as recomendações vindas do Palácio, em detrimento da posição
da maioria da bancada.
Apesar do tom
cauteloso, Cunha disse que é momento de o PMDB se definir. Ele defendeu que, se
não houver acordo, os correligionários tenham direito a escolher, por voto, os
rumos que o partido deve tomar.
“Na minha
opinião tem de votar. Estamos num momento em que o PMDB tem de discutir na
convenção sua manutenção ou não no governo, que tipo de relação quer ter. Não
dá para virar as costas como se não estivesse acontecendo nada. O PMDB está
dividido. Uma parte não quer ficar no governo, a outra quer se manter no
governo. Tem de discutir o assunto. Não podemos fazer uma convenção e fingir
que o problema não existe”, acrescentou Eduardo Cunha.
Vice-líder do
PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS) informou que vê com normalidade o encontro das
duas legendas. Segundo ele, todo diálogo para ajudar o país a superar o momento
de crise é bem-vindo.
“O Congresso é
o espaço do diálogo, da concertação. Nunca nos negamos a dialogar com nenhum
partido da base ou na tentativa de encontrar pautas do interesse do país. Tudo
o que queremos é o ambiente de normalidade democrática.”
Para Pimenta,
não há indícios de que a aproximação dos dois partidos signifique uma
estratégia para fortalecer o andamento do processo de impeachment da presidente
Dilma Rousseff no Congresso. Assegurando que o PMDB está “integrado” com o
governo, o vice-líder petista negou que haja uma “estratégia golpista”.
“Até porque
todos sabemos que não existem elementos que justifiquem o pedido de impeachment iniciado
pelo presidente Eduardo Cunha com a clara intenção de transformar a pauta do
Parlamento em uma estratégia de defesa dos processos que ele responde”,
destacou Pimenta.
Líder do PSOL
na Câmara, o deputado Ivan Valente (SP) disse que o partido tem “todas as
críticas ao PT”, mas defendeu a investigação dos fatos. O deputado adiantou que
só apoiará um impedimento se houver “provas materiais cabais”.
“O PMDB é um
partido estranho. Está no poder, tem vários ministérios, está em um silêncio
ensurdecedor esta semana diante da crise política e vai tomar o rumo da
oportunidade”, concluiu Ivan Valente.
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