O pedido do
Ministério Público de São Paulo de prisão preventiva do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e de mais seis pessoas no caso do apartamento triplex, em
Guarujá (SP), foi criticado por deputados do governo e da oposição por falta de
elementos jurídicos que justifiquem a decisão.
O
vice-presidente do PSDB e coordenador jurídico do partido, deputado Carlos
Sampaio (SP), disse que os promotores foram precipitados ao fazer o pedido
neste momento. "Com os elementos que eu detenho até agora, não havia razão
para o pedido de prisão junto com a denúncia”, disse.
De acordo com
o deputado, a justificativa apresentada pelos promotores para embasar o pedido
não se mostrou factível. "Os elementos não me levam a crer que ele [Lula]
está conturbando a instrução criminal, que ele está interferindo no processo
penal", acrescentou Sampaio, que também é promotor de Justiça do Estado de
São Paulo.
Os deputados
governistas também manifestaram indignação com a iniciativa do MP paulista. Por
meio de uma rede social, o vice-líder do governo na Câmara, Paulo Teixeira
(SP), disse hoje (10) que o pedido não tem base legal e foi uma provocação
política às vésperas das manifestações do dia 13. "O pedido de prisão de
Lula não tem base jurídica. Trata-se de medida política às vésperas das
manifestações", disse Teixeira. De acordo com o deputado, o momento é de
cautela. "O momento pede responsabilidade".
O líder do PT,
Afonso Florence (BA), também se manifestou pelas redes sociais e disse que o
pedido manchou a instituição. "Lamentável que promotores irresponsáveis
manchem a imagem de instituição tão importante como o MP", afirmou.
Segundo o
líder do governo, José Guimarães (PT-CE), o pedido de prisão é uma desonra à
instituição e um ato de "leviandade jurídica". "Considero
inaceitável que uma iniciativa dessa importância seja tomada sem qualquer
fundamentação, revelando o engajamento político antes especulado, mas agora
evidenciado." Ele vê na atitude uma grave ameaça aos direitos e garantias
individuais. "Qualquer um que tenha apreço e respeito pelo Estado
Democrático de Direito deve se levantar contra os riscos embutidos nessa
aberração jurídica".
Um dos
principais expoentes da oposição, deputado Mendonça Filho (DEM-PE), defendeu as
investigações, mas apontou que não tinha elementos suficientes para se
posicionar sobre o pedido."Eu não tenho condições de opinar tecnicamente
sobre este pedido de prisão, mas o ex-presidente é cidadão igual a qualquer
outro e pode e deve ser investigado", disse.
Os promotores
Cássio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Henrique Moraes de Araújo pediram
também a prisão preventiva de José Adelmário Pinheiro, Leo Pinheiro,
ex-presidente da construtora OAS; Fábio Hori Yonamine e Roberto Moreira Ferreira,
executivos da OAS; ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso na Operação
Lava Jato; Ana Maria Érnica, ex-diretora da Cooperativa Habitacional dos
Bancários de São Paulo (Bancoop); e Vagner de Castro, ex-presidente da Bancoop.
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