Um movimento
atípico em sextas-feiras no Congresso Nacional deu início hoje (18) à contagem
do prazo de dez sessões plenárias para que a presidenta Dilma Rousseff se
manifeste sobre o processo de impeachment que começa a ser analisado
pelos deputados da comissão especial instalada ontem. O presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), abriu sessão não deliberativa, que entra na
contabilidade dos dias. Em poucos minutos, mais de 60 deputados registraram
presença, enquanto o quórum mínimo era de 51 parlamentares.
Cunha
confirmou novas sessões na próxima segunda (21), terça e quarta-feira, véspera
de feriado que geralmente esvazia a Casa. O peemedebista já havia anunciado
ontem que a comissão que analisa o processo de impeachment terá
“agilidade total”, mas lembrou que, dependendo do tempo usado pelo Planalto
para a apresentação dos argumentos, esse ritmo pode ser comprometido. A
estimativa inicial era de 45 dias para a comissão concluir o parecer que será
submetido ao plenário da Casa.
Há mais de
seis meses a Câmara não registra quórum mínimo às sextas e segundas-feiras.
Como a sessão do dia 21 é extraordinária, a previsão é que também reúna o
número de deputados necessários. “Na segunda-feira já estava programada a sessão
deliberativa e iremos votar. Foi combinado antes do processo que foi colocado”,
disse Cunha. A sessão foi marcada para as 18h, depois do acordo firmado entre
líderes, que têm reunião as 16h para definir se a composição das bancadas será
calculada pelo início da legislatura ou pela alteração, com o fim do prazo hoje
para mudança de partido sem a perda do mandato, a chamada janela partidária. O
processo permitiu que, até a manhã de hoje, 63 parlamentares trocassem de
legenda sem sofrer sanções. “Minha estimativa é que passará de 70 até o fim do
dia”, adiantou.
Cunha defendeu
que a comissão trabalhe com “serenidade, mas também com celeridade”. Ele voltou
a destacar que o colegiado tem “importância relativa” e que a decisão final
será dada em plenário. “Vi, pelo líder do governo, que eles vão antecipar a
apresentação da defesa. Seria muito bom porque facilitaria o processo para que
fosse mais rápido. É bom para todo mundo ser for rápido. [O prazo] pode ser
abreviado. Se ficar neste ritmo de dar quórum às segundas e sextas, pode cair
para 30 dias”, afirmou.
Enquanto o presidente da Câmara aposta na apresentação do relatório em plenário na semana do dia 20 de abril, a oposição acredita na conclusão do processo em menos tempo. “Alcançamos o quórum hoje. Significa mais um dia no avanço do processo de impeachment e um dia vencido para que a presidenta Dilma Rousseff apresente sua defesa. Se tudo ocorrer como a gente imagina, lá pelo dia 13 ou 14 de abril teríamos condições de trazer o processo deimpeachment para ser votado no plenário”, disse o líder do PSDB, Antonio Imbassahy (SP). Segundo ele, há uma aliança para garantir que o ritmo seja mantido. “Organizamos uma espécie de calendário de presença, hoje foi o primeiro dia e o primeiro teste foi positivo. Temos absoluta convicção de que os deputados não vão faltar com suas obrigações e darão quórum também na próxima quarta, nas sextas e segundas que virão”.
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