Para aqueles que criticam a corrupção no governo, pedem o impeachment da presidente e querem o retorno do regime militar para moralizar a coisa pública é bom que eles revejam alguns de seus conceitos, principalmente no tocante a possível incorruptibilidade nas Forças Armadas.
O Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo denunciou cinco pessoas que estariam envolvidas em atos de corrupção que favoreceram a empresa Mondeo Comércio e Distribuidora em licitações de órgãos das Forças Armadas, entre 2007 e 2009. Sócios da empresa teriam pagado quase R$ 550 mil em propinas para participar ilegalmente de licitações.
O Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo denunciou cinco pessoas que estariam envolvidas em atos de corrupção que favoreceram a empresa Mondeo Comércio e Distribuidora em licitações de órgãos das Forças Armadas, entre 2007 e 2009. Sócios da empresa teriam pagado quase R$ 550 mil em propinas para participar ilegalmente de licitações.
Segundo o MPF,
devem responder à ação penal as sócias da companhia, Cristina Aparecida dos
Santos Fraga e Márcia Proença dos Reis, além dos agentes públicos militares Rui
Carlos Victoria Baptista e José Alberto Silveira Ribeiro e do ex-militar José
Luiz Toledo Fernandes.
De acordo com
denúncia da procuradora da República Thaméa Danelon Valiengo, a Mondeo foi
ilegalmente beneficiada em pelo menos 37 licitações feitas, no período, em todo
o país. Embora tivesse grande porte, a companhia conseguia participar de
concorrências reservadas exclusivamente a micros e pequenas empresas, disse o
órgão. A habilitação nos certames era possível por meio do pagamento de
propinas aos agentes públicos envolvidos, sendo dois deles diretamente ligados
às atividades da própria firma.
José Luiz,
militar da reserva, e Rui Carlos, militar vinculado ao Centro Tecnológico do
Exército no Rio de Janeiro, seriam os responsáveis por informar as sócias da
Mondeo sobre as licitações em curso e providenciar a habilitação da empresa em
algumas delas. Ambos teriam recebido, juntos, quase R$ 350 mil em vantagens
indevidas entre 2007 e 2009, em valores atualizados.
Segundo o MPF,
José Luiz e Rui Carlos intermediaram também o pagamento de propinas para José
Alberto, militar ligado ao 8º Batalhão de Engenharia de Construção em Santarém,
no Pará. Mediante o recebimento de R$ 197,5 mil (valores atuais), ele atuou
para que a Mondeo pudesse participar indevidamente de uma série de pregões
eletrônicos promovidos pela unidade onde trabalhava e, após a vitória nos
certames e a prestação dos serviços, José Alberto ainda se responsabilizava
pela autorização dos pagamentos à empresa, informou o Ministério Público.
As propinas
eram pagas por meio de cheques emitidos pela Mondeo e depositados em contas dos
destinatários e de seus familiares, apontaram as investigações. Rui Carlos
teria utilizado as contas da ex-esposa e de uma empresa de seu filho para
receber as quantias, em oito transações cujos valores variavam de R$ 20 mil a
R$ 31 mil.
José Alberto
teria obtido as quantias com o uso dos nomes de sua esposa e sua sogra, em
cinco depósitos com valores unitários de até R$ 29 mil. José Luiz teria
recebido o suborno em nome próprio, em dois cheques de R$ 20 mil (total de R$
62 mil, em valores atualizados).
O Exército e a
empresa Mondeo Comércio e Distribuidora não se manifestaram até o fechamento
desta reportagem.
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