O Conselho
Nacional do Ministério Público (CNMP) decidiu, por unanimidade, manter o
promotor de Justiça do Ministério Público de São Paulo (MP/SP), Cássio
Conserino, na investigação que apura se houve irregularidades na compra de uma
cota de um apartamento triplex, no município paulista de Guarujá, pelo
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os
conselheiros analisaram na sessão de hoje (23) uma liminar do relator,
conselheiro Valter Shuenquener. No último dia 17, Shuenquener suspendeu depoimentos
do ex-presidente Lula e da ex-primeira-dama Marisa Letícia. Shuenquener atendeu
a uma representação do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que acusava o promotor
Cássio Conserino de ter feito um prejulgamento de sua decisão ao dar entrevista
a uma revista de circulação nacional antes de ouvir os depoimentos. O deputado
alegava também que o processo não tinha sido distribuído corretamente.
Ao informar
seu voto, Valter Shuenquener decidiu por suspender a decisão que tomou semana
passada (que impediu os depoimentos) e pediu que a corregedoria do MP/SP, com
acompanhamento da Corregedoria Nacional, apure se houve ou não excesso nas
declarações de Conserino para a imprensa. O relator disse ainda que é
necessário, a partir de agora, que a distribuição dos processos no MP/SP seja
feita livremente. “Em observância ao princípio do promotor natural, voto no
sentido de que todo e qualquer procedimento de investigação criminal no âmbito
do MP de São Paulo seja distribuído livremente entre os membros que tenham competência
para apreciá-la”, disse ao final do voto lembrando que essa orientação serve
apenas para os novos processos e não para os já iniciados".
Defesa
Após o
julgamento, o advogado do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin Martins, disse
que irá avaliar se vai recorrer da decisão do conselho de manter Conserino no
caso. “Foi um debate importante que expôs uma indefinição a respeito da
atribuição, da competência para fazer essa investigação e vamos agora analisar
a decisão e se for o caso submeter essa questão ao Poder Judiciário, como
foi estabelecido aqui na decisão proferida nessa data”, disse aos jornalistas
após o julgamento.
O
procurador-geral de Justiça do estado de São Paulo, Márcio Elias Rosa, disse
que a decisão do conselho reafirmou o poder de investigação do MP. “O CNMP
confirmou o acerto de todos os atos praticados neste caso lá no estado de São
Paulo e mais do que isso, reconheceu que lá em São Paulo continuamos regendo a
investigação tal como está estabelecido”. Segundo o procurador, com a decisão
do conselho, os trabalhos podem ser retomados. “Na prática, o procedimento é
retomado e o depoimento pode vir a ser remarcado a critério dos promotores que
conduzem as investigações”, disse após a sessão.
Após a
decisão, em entrevista aos jornalistas, o deputado Paulo Teixeira disse que a
decisão foi positiva, pois o o relator orientou para que os processos sejam
distribuídos livremente. “Eu repito. O ex-presidente Lula já depôs no MPF, já
depôs na PF e se dispõe a depor em qualquer lugar. Agora ele precisa ser
respeitado como cidadão”. E completou: “O presidente Lula tem total disposição
de ir a qualquer convocação, mas uma convocação que seja feita por autoridade
competente e corretamente em local que ele possa fazer o que é o objetivo de um
inquérito: esclarecer”, disse aos jornalistas.
Enquanto
ocorria o julgamento, um pequeno grupo de pessoas manifestou-se fora do CMNP
contra o ex-presidente Lula.
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