A retomada do
crescimento da economia somente ocorrerá com a superação da crise política e
com a discussão de uma agenda comum pelos poderes Executivo e Legislativo para
que o país possa avançar. A conclusão é do Conselho Federal de Economia
(Cofecon), que divulgou hoje (1º) nota em que se posiciona contra o impeachment da
presidenta Dilma Rousseff e pede maturidade aos líderes parlamentares.
“Sem embargo,
às vésperas do início do ano legislativo, espera-se que lideranças
parlamentares deixem de apostar no quanto pior a economia, melhor para atender
seus interesses pessoais e políticos. Nesse sentido, o Conselho Federal de
Economia se posiciona contrário a qualquer tentativa de subversão do Estado
Democrático de Direito”, destaca o comunicado.
Em entrevista
à Agência Brasil, o presidente do Cofecon, Júlio Miragaya, explicou que o
conselho é contra o impeachment com base nas acusações atuais, de
atraso nos repasses federais a bancos públicos.
Ele, no entanto, ponderou que a entidade pode reavaliar a posição caso surjam provas materiais que configurem crime de responsabilidade contra a presidenta.
“O que tem
sido colocado contra Dilma, que são as pedaladas fiscais {atrasos em repasses a
bancos públicos], não constitui razão para impeachment. Essas
pedaladas foram feitas por outros governantes, que não enfrentaram pressões
para ser tirados do cargo. Mas isso não significa que uma acusação nova não
possa surgir, como pode acontecer com qualquer um”, acrescentou Miragaya.
A nota do
Cofecon ressalta que a paralisia a que o país está submetido desde meados do
ano passado é o principal fator que está travando a economia e trazendo
prejuízo para a sociedade. O comunicado, no entanto, critica ações do Poder
Executivo, como o aumento de juros em um quadro de recessão, o que, para o
conselho, agrava a crise econômica.
“Se, por um
lado, o Executivo vem praticando ações de forma contraditória e errática,
tornando mais aguda a crise econômica, o Legislativo, por sua vez, ao
encaminhar propostas de pautas dissonantes à agenda de enfrentamento da crise
patrocinada pelo governo, em nada está contribuindo para a superação dessa crise”,
diz o texto.
Para o
Cofecon, novos aumentos de juros pelo Banco Central são ineficazes para conter
os índices de preços porque a inflação está sendo pressionada por fatores
externos, como preços administrados (energia e combustíveis) e câmbio, que
encarece os bens e as matérias-primas importadas. Segundo o comunicado, somente
medidas que estimulem investimentos e reduzam a ociosidade do setor produtivo
serão capazes de destravar a economia.
“Uma política
monetária que visa quase exclusivamente a restrição da demanda efetiva da
economia acaba tendo como efeito final a queda da atividade econômica e o
aumento do desemprego. Mais importante no atual cenário passa a ser o estímulo
à atividade econômica, a geração de emprego, a diminuição da ociosidade no setor
produtivo e o aumento dos investimentos capazes de permitir a ampliação da
oferta agregada e a retomada do crescimento econômico”, acrescenta a nota do
Cofecon.
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