Na ação, foram
expedidos seis mandados de prisão temporária por cinco dias, que podem ser
prorrogados se a Justiça considerar necessário. Além de Auada, a Polícia
Federal (PF) vai ouvir Ricardo Honório Neto, um dos sócios do escritório da
Mossack no Brasil, e agora de manhã está previsto o depoimento da publicitária
Nelci Warken, que prestou serviços à Cooperativa Habitacional dos Bancários
(Bancoop) e é apontada como responsável por um triplex no Condomínio Solaris,
no Guarujá (SP), alvo da operação.
Renata Pereira
Brito, que trabalhava com Honório, depôs ontem (28) na Superintendência da
Polícia Federal em Curitiba. Segundo assessores da PF, Maria Mercedes e Luis
Hernandez Rivero, citados nas investigações como administradores de fato da
Mossack no Brasil, continuam foragidos, mas os mandados de prisão temporária
continuam válidos.
Nesta fase,
investigadores querem saber se unidades do Condomínio Solaris, no Guarujá,
litoral paulista, foram usadas para repasse de propina. O empreendimento,
inicialmente construído pela Bancoop, presidida entre 2005 e 2010 pelo ex-tesoureiro
do PT, João Vaccari Neto, preso em abril do ano passado, foi repassado à
empreiteira OAS em 2009, em decorrência de uma crise financeira da cooperativa.
As suspeitas são de que a empreiteira reservou alguns apartamentos triplex para
quitar negociações ilegais. A Mossack está sendo investigada pela PF pela
suspeita de auxiliar a abertura de empresas e contas no exterior a fim de
esconder dinheiro de propina, fruto de atividades irregulares envolvendo a
Petrobras.
Em resposta à Agência
Brasil, a Mossack afirma que a empresa está sendo envolvida “erroneamente em
temas nos quais não tem nenhuma ingerência”.
Carlos Sousa,
diretor de Relações Públicas da empresa, cita o escritório do Brasil como
franquia e afirma que a Mossack não foi procurada por autoridades locais ou de
outros países. Segundo ele, a aquisição da companhia foi a pedido de um cliente
intermediário, que já teria uma carteira de clientes. “Temos um departamento
que realiza programas abrangentes de diligência para verificar a legitimidade
de cada um dos nossos clientes. Quando recebemos a solicitação, a diligência
não encontrou resultados adversos ou qualquer ligação com pessoas politicamente
expostas”, explicou.
Na nota, ele
reforça que a empresa não participa de aquisição, locação ou consultoria
imobiliária em qualquer parte do mundo e não tem qualquer relação com os nomes
envolvidos na operação. “Não patrocinamos ou facilitamos a violação da
legislação em vigor em nenhum país”, completou. O escritório no Brasil foi
procurado, mas não se manifestou.
A Bancoop
disse que a transferência para a construtora OAS do condomínio, que na época se
chamava Mar Cantábrico, foi decidida em assembleia com os cooperados. “Assim,
desde 2009 a Bancoop não tem qualquer relação com o empreendimento Mar Cantábrico,
que, inclusive teve sua denominação alterada para Solaris”, acrescentou.
A OAS não vai
se pronunciar sobre a investigação. A defesa da empreiteira disse que os
documentos estavam à disposição da Polícia Federal, que poderia ter solicitado
essas informações.
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