O presidente
do Conselho de Ética do Senado, João Alberto Souza (PMDB-MA), disse ontem (2)
que vai encaminhar a representação por quebra de decoro parlamentar contra o
senador Delcídio do Amaral (PT-MS) para a consultoria legislativa da Casa.
Segundo João Alberto, tão logo receba o documento, vai despachá-lo para os
consultores e pedir um parecer técnico sobre o assunto.
“Vou receber hoje e despacho hoje mesmo para a consultoria do Senado. Normalmente a consultoria tem cinco, seis dias e devolve. Não vou atropelar os prazos. O presidente do conselho é o guardião do Regimento do Senado, e eu, nessa posição, manterei até o final. Agora, dando amplo direito de defesa ao acusado”, afirmou João Alberto. Ele adiantou que não pretende acelerar o processo.
Segundo o
senador, o prazo de cinco dias úteis para se manifestar sobre o arquivamento ou
análise da representação pelo Conselho de Ética só começará a contar após o
retorno da consultoria legislativa sobre o assunto. “Depois que eu receber da
advocacia, começa a contar o meu prazo. E, se eu não acolher, por qualquer
motivo, a representação, cabe recurso ao próprio Conselho de Ética, assinado
por cinco senadores.”
João Alberto
lembrou ainda outros casos que resultaram em cassação de mandato de senadores,
como Luiz Estevão, do Distrito Federal, e Demóstenes Torres, de Goiás. Em
nenhum dos casos o processo durou menos que 60 dias. “Nós não vamos atropelar.
Ao acusado temos que dar prazo para defesa. Ele [Delcídio] tem que vir aqui,
deve fazer uma peça jurídica, e eu tenho que comunicar a ele na hora que
aceitar. Hoje mesmo vou mandar comunicar a ele e, quando aceitar, ele terá um
prazo de 10 a 15 dias”, afirmou.
Com o recesso
legislativo, que começa no dia 23 deste mês, os prazos referentes ao processo
ficarão suspensos. Por isso, a expectativa é que, na melhor das hipóteses, o
Conselho de Ética só decida sobre a situação de Delcídio em março do ano que
vem.
O senador foi
preso na última semana, acusado de tentar atrapalhar as investigações da
Polícia Federal na Operação Lava Jato e de oferecer propina para a família do
ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, para que ele não firmasse acordo de
delação premiada com o Ministério Público. A representação contra Delcídio foi
apresentada ontem (1º) pela Rede e pelo PPS, com apoio do PSDB e DEM.
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