Após duas barragens de rejeitos de mineração se romperem em Mariana (MG), o prefeito Duarte Júnior disse que defender o fim da mineração no município é “fechar as portas” da cidade. “Dizer que não pode mais haver mineração é afirmar que serviços básicos terão de ser parados e que 4 mil pessoas vão perder seus empregos”, comentou Duarte Júnior em entrevista à Agência Brasil.
“A mineração representa 80% da nossa arrecadação. A gente tem a preocupação, para não haver um colapso total da cidade. Tenho que ser realista e dizer que a nossa cidade não trabalhou na diversificação econômica”, acrescentou.
No último dia 5, duas barragens da mineradora Samarco - empresa controlada pela Vale e pela BHP Billiton - se romperam, formando uma onda de lama que destruiu o distrito de Bento Rodrigues e chegou a outras regiões de Minas Gerais e do Espírito Santo.
A lama foi parar no Rio Doce, impedindo a captação de água e prejudicando o ecossistema da região. Até agora, sete corpos foram identificados, quatro aguardam identificação e 15 pessoas permanecem desaparecidas. Mais de 600 ficaram desabrigadas.
Para o prefeito de Mariana, a responsabilidade pela tragédia é da Samarco, mas é inviável dizer que não pode mais haver mineração na cidade. “Nós somos dependentes da mineração. Defender o fim da mineração é defender o fechamento da prefeitura. Isso me preocupa muito porque a cidade precisa continuar a seguir seu rumo. Querendo ou não, a vida vai seguir”.
Segundo Duarte Júnior, a multa aplicada pelo governo federal à Samarco, de pelo menos R$ 250 milhões, não vai ajudar as famílias atingidas e nem a reconstrução das áreas destruídas. “É preciso que se crie um fundo, de R$ 500 milhões, R$ 1 bilhão, para reconstruir o que foi perdido, reconstruir a vida das pessoas”, defendeu. O prejuízo material, até agora calculado pela prefeitura de Mariana, é R$ 100 milhões.
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