Uma pesquisa
do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina da
Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) revelou que 27,9% dos homens
entre 18 e 24 anos e 20,4% das mulheres na mesma faixa etária têm comportamento
de risco depois beber nas chamadas baladas. A análise foi feita com os jovens
depois do binge drinking (tomar quatro ou cinco doses de álcool em
poucas horas).
Segundo os
pesquisadores, a prática do binge drinking aumentou em 2,54 vezes o
uso de drogas ilícitas, após a saída da balada, entre os homens que beberam. E
aumentou em 5,8 vezes o risco de um novo episódio de uso de álcool entre as
mulheres que beberam. A amnésia alcoólica (não se lembrar do que aconteceu
devido ao abuso de álcool), foi maior entre as pessoas que tiveram
concentrações de álcool no sangue equivalentes a binge drinking.
O uso de
drogas ilícitas aparece em 15,8% dos homens e 9,4% das mulheres. Também há um
comportamento sexual de risco de 11,4% entre os homens e 6,8% entre as mulheres
que ingerem a bebida alcóolica equivalente à prática.
O estudo foi
feito em três fases, das quais participaram 1.222 pessoas dos dois sexos, sendo
a maioria jovem, com idades entre 18 e 24 anos, solteira, de classe média a
classe alta e com ensino superior completo. Nas três fases, foram feitas
entrevistas na entrada e na saída de 31 casas noturnas da cidade de São Paulo.
Os jovens ainda responderam um questionário onlineno dia seguinte. Para a
medição do consumo de álcool foi utilizado um bafômetro.
A análise do
uso de drogas ilícitas ao sair da balada incluiu maconha ou haxixe, cocaína, ecstasy,
inalantes, anfetaminas, benzodiazepínicos e alucinógenos, como o LSD, entre
outras. Já para o comportamento sexual de risco foram analisadas variáveis como
sexo sem preservativo (com parceiro conhecido ou parceiro desconhecido), sexo
em que houve arrependimento posterior e sexo não consensual.
A pesquisadora
Zila Sanchez, responsável pelo projeto “Balada com Ciência”, do qual a pesquisa
faz parte, o álcool, muitas vezes não é reconhecido como droga e, por ser
lícito, acaba sendo interpretado pela sociedade como pouco nocivo. “No entanto,
a maior parte dos danos causados por essas substâncias no mundo são decorrentes
do abuso e dependência de álcool, e não das drogas ilícitas, como maconha e
cocaína", afirmou.
Segundo Zila,
políticas públicas para reduzir o consumo de álcool nas casas noturnas e o
treinamento de funcionários do serviço de bebida evitariam a venda de bebidas a
pessoas já alcoolizadas, e seriam úteis para para proteger clientes de
comportamentos de risco associados ao binge drinking. “O Brasil é um país
cujas políticas públicas para a questão ainda são muito frágeis e pouco
efetivas, o que acaba expondo ainda mais nossa população aos riscos da prática
do beber abusivo", disse a pesquisadora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!
Abração
Dag Vulpi