Em discurso,
hoje (29), na reunião do diretório nacional do PT, o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva disse que “a prioridade zero” do partido no Congresso Nacional é
criar condições políticas para que sejam aprovadas as medidas do ajuste fiscal
encaminhadas pela presidenta Dilma Rousseff.
A reunião do
Diretório Nacional do PT ocorre no Centro Empresarial Brasil 21, em Brasília.
Segundo Lula,
é necessário recuperar a economia para fazer o Brasil voltar a crescer. Lula
afirmou que a presidenta Dilma precisa recuperar o prestígio do governo.
“A prioridade
zero - se quisermos começar governar esse país, de fato - é criar condições para
aprovar as medidas que Dilma mandou para o Congresso Nacional a fim de que ela
encerre definitivamente o ajuste. Sem a conclusão do ajuste ficamos numa
confusão política e uma confusão de credibilidade muito grande”, disse Lula.
“Quero dizer
que nenhuma mulher ou homem aqui quer arrumar a economia mais rápido do que a
Dilma, porque ela necessita, ela sabe que é importante. Ela sabe que a única
condição de a gente começar a recuperar o prestígio que o PT e o governo já
tiveram é recuperar a economia”, acrescentou Lula em outro momento do discurso.
Lula disse que
a recuperação da economia é urgente. Acrescentou que não é possível passar
meses discutindo as medidas de ajuste, como a recriação da Contribuição
Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e questões de crise política.
“Não podemos
ficar mais seis meses discutindo ajuste. Não podemos discutir mais seis meses a
CPMF. Temos que votar amanhã, se for o caso. Tudo que interessa à oposição é
que a gente arrume quinhentos pretextos para discutir qualquer assunto e depois
não discutir o que interessa, que é aprovar o que a Dilma mandou para o
Congresso Nacional. A não ser que tenha alguém aqui que ache que isso não é
importante. Primeiro, vamos tentar derrubar o Eduardo Cunha, depois derrubar o impeachment,
e, depois, se der certo, a gente vota nas coisas que a Dilma quer. Acho que é
importante a gente medir. O tempo do governo urge, nossa situação é uma
situação que nós precisamos urgentemente começar recuperar o potencial que a
nossa presidenta já teve”, disse o ex-presidente.
Mudança
de discurso
Lula também
lembrou que o governo fez alguns ajustes que, durante a campanha eleitoral, a
presidenta Dilma disse que não faria. “Ganhamos as eleições com um discurso e,
depois, tivemos que mudar o discurso e fazer o que dizíamos que não íamos
fazer. Isso é fato conhecido pela nossa querida presidente Dilma
Rousseff", afirmou Lula.
Enquanto
falava sobre a economia do país, Lula citou o ministro da Fazenda, Joaquim
Levy, e disse que vê integrantes do partido falar “fora Levy” com a mesma
facilidade que diziam “fora FMI” o que, segundo ele, não é a mesma coisa. “Às
vezes fico vendo companheiros gritar 'fora Levy' com a mesma facilidade com que
gritavam 'fora FMI' e não é a mesma coisa. É importante lembrar que o programa
de ajuste estava feito antes do Levy”, afirmou.
Aos
integrantes do diretório do PT, o ex-presidente disse que, do ponto de vista da
economia, o PT não é obrigado a concordar com tudo que o governo faz, porém, é
preciso perceber a situação vivida e não fazer propostas de mudanças econômicas
apenas teóricas.
Durante o
discurso, que durou mais de uma hora, Lula fez uma defesa enfática da
presidenta Dilma Rousseff e convocou os petistas a fazerem o mesmo. “A tarefa
principal agora é recuperar a imagem do nosso partido e de Dilma. Não é justo
que Dilma esteja passando pelo que está passando, pela história e caráter dela
e por tudo que ela representa para nós e esse país”, acrescentou.
Lula disse
ainda que Dilma não é uma “candidata dela”, mas de “um partido chamado PT” e de
“uma coligação muito grande”. “Todos nós temos responsabilidade de fazer
com que gente saia dessa situação”, disse.
Lula também
falou sobre a dificuldade de governabilidade e avaliou que há uma “estranheza”
de comportamento no Congresso Nacional com partidos enfraquecidos o que torna
mais difícil construir acordos. Ele avalia que houve melhora na relação
política entre o governo e o Congresso depois que a presidenta passou a
participar mais de perto das negociações. “Diria que, de um tempo para cá, a
presidenta Dilma começou a agir pessoalmente e discutir diretamente com os
partidos e sentimos que nos últimos dois meses houve melhora na relação
política e a tendência é que possamos consolidar essa relação dentro do
Congresso”.
Bombardeio
contra o PT
Ao falar sobre
o PT, o ex-presidente disse que há um momento de “acirrado bombardeio” contra o
partido com nunca ocorreu antes. Segundo Lula, sempre que o PT foi bombardeado,
ele reagiu como fênix e ressurgiu das cinzas.
O caso do
mandado de busca e apreensão cumprido pela Polícia Federal na nova fase da
Operação Zelotes em empresas que tem como sócio seu filho, Luís Claudio Lula da
Silva, foi lembrado por Lula durante o discurso. Ele brincou que tem vários
filhos que ainda não foram denunciados.
O
ex-presidente disse que os próximos três anos serão de “pancadaria”, mas que
irá “sobreviver”, após ter citado denúncias contra ele e sua família. “Digo que
ninguém precisa ficar com pena porque, se tem uma coisa que aprendi na vida, é
enfrentar adversidade. Se o objetivo é truncar qualquer perspectiva de futuro,
então, vão ser três anos de muita pancadaria. E pode ficar certo que eu vou
sobreviver”.
O presidente
do PT, Rui Falcão, discursou antes de Lula e também disse que o partido sofre
constantes ataques. Falcão falou ainda sobre a situação do presidente da Câmara
dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e disse que o PT vai votar de forma
unitária no Conselho de Ética, sob orientação da Executiva Nacional. Cerca de
50 parlamentares de sete partidos (PSOL, Rede, PT, PSB, PROS, PPS e PMDB)
fizeram uma representação no Conselho de Ética em que pedem o afastamento de
Cunha, em decorrência das denúncias de que o peemedebista, sua mulher e
filha têm contas na Suíça que não foram declaradas. As contas seriam mantidas
com dinheiro originado do pagamento de propina em contratos da Petrobras,
investigados na Operação Lava Jato.
Rui Falcão
acrescentou que não é possível fazer pré-julgamento e que o partido sempre
combateu a corrupção.
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