O
ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) Eleazar de
Carvalho Filho disse hoje (10) aos deputados da comissão parlamentar de
inquérito (CPI) que analisa os empréstimos concedidos pela instituição que
nunca sentiu interferência política em qualquer das decisões da instituição.
“O banco
empresta para projetos”, afirmou. “Não tenho conhecimento de operações que
envolvam a República”, acrescentou. Um dos alvos da investigação da CPI são as
denúncias de atuação de pessoas ligadas ao governo no banco, entre elas, a
suspeita de que o ex-presidente Luiz Inácio da Silva tenha agido no BNDES para
liberar recursos para a construção do porto cubano de Mariel. Fato negado por ex-presidentes do banco que já depuseram na CPI.
Convidado para
falar como testemunha na comissão, Eleazar de Carvalho Filho comandou o BNDES
entre janeiro de 2002 e janeiro de 2003 e foi indicado pelo ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso. Ele explicou que a decisão de aprovar financiamentos
é tomada por um colegiado da instituição, que considera o interesse público e a
qualidade do projeto apresentado pelas empresas interessadas.
“Qualquer
projeto que tenha interesse para sociedade tem interesse político no sentido de
criar empregos, mas nunca vi qualquer interferência política em qualquer
decisão que o banco pode ter tomado”, completou, ao citar, como exemplo, o
refinanciamento da Vale. “Era importante para impulsionar o crescimento [da
empresa] e fizemos a operação. Foi uma operação muito transparente e importante
para o país. Toda operação do banco é pública e comunicamos qual seria a
forma.”
BNDESPar
Como também
foi presidente do BNDESPar – braço do banco no mercado financeiro –, Eleazar
foi questionado ainda sobre as operações de aporte ao grupo Vicunha que teria
impulsionado o grupo a assumir o controle do consórcio CSN, responsável pela
privatização da Vale em 1997. Quando a relação acionária entre Vale e CSN foi
desfeita, quatro anos depois, o BNDES entrou no descruzamento comparando ações
do consórcio. “É uma das operações que o banco deve se orgulhar.”
Perguntado
sobre os investimentos do BNDES no exterior, Eleazar lembrou que, durante sua
gestão, verificou que alguns tipos de exportação, como de manufaturados,
poderiam ser impulsionadas com investimentos do banco, mas garantiu que nenhum
investimento foi aprovado enquanto esteve no comando da instituição. Carvalho
Filho não quis comentar sobre Mariel por não ter acompanhado o projeto.
A CPI ainda
deve ouvir hoje o ex-presidente da instituição Carlos Lessa, que ocupou o cargo
entre janeiro de 2003 e novembro de 2004.
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