A crise
política e as incertezas na área econômica levaram o dólar a ultrapassar a
barreira dos R$ 4. Ontem (22), o dólar comercial fechou o dia cotado a R$
4,054, recorde histórico desde a criação do real, em 1994. Hoje, às 9h10, a
moeda estava cotada para venda a R$ 4,0197, queda de 0,034%. Às 10h20, o dólar
estava cotado a R$ 4,0820, alta de 0,0282%.
Para o
professor de macroeconomia do Ibemec-RJ, Alexandre Espírito Santo, as
principais motivações para a alta recente do dólar são a crise política e as
dificuldades do governo de conseguir aprovar medidas de ajuste fiscal no
Congresso Nacional. “Há nitidamente uma motivação doméstica”, disse.
O professor
acrescentou que também tem influenciado a cotação do dólar a indicação de
integrantes do Federal Reserve (Fed), Banco Central norte-americano, de que os
juros dos Estados Unidos podem subir antes do fim do ano.
Na semana
passada, o Fed decidiu adiar o aumento dos juros básicos da maior economia do
planeta, que estão entre 0% e 0,25% ao ano desde o fim de 2008. Segundo o
órgão, uma elevação neste momento poderia trazer riscos para a economia
mundial.
Altas de juros
nos Estados Unidos pressionam a cotação do dólar em todos os países. Taxas
maiores incentivam os investidores a retirar recursos de países emergentes,
como o Brasil, para aplicar em títulos do Tesouro norte-americano, considerados
a opção de títulos mais segura do planeta.
O economista
acrescentou que há também especulações sobre a possibilidade de mais agências
de classificação de risco retirarem o grau de investimento do Brasil. No último
dia 9, a agência de classificação de riscos Standard&Poor's reduziu a nota
de crédito do Brasil de BBB- para BB+, com perspectiva negativa, o que
significa que há chance de nova revisão para baixo no futuro. Com a redução, o
Brasil perdeu o grau de investimento, conferido a países considerados bons
pagadores e seguros para investir.
O professor
destaca que quando um país perde o grau de investimento de duas agências,
fundos de investimentos deixam o país. “Seria uma pressão muito grande, com
muitos investidores saindo”, disse.
Ele
acrescentou que a taxa de câmbio real (descontada a inflação brasileira e
americana) média nos últimos 20 anos é R$ 3,50. Para o final do ano, ele prevê
a cotação do dólar entre R$ 3,70 e R$ 3,80.
Hoje, o presidente
do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, participa da abertura da Missão de
Revisão Anual da Fitch Ratings, agência de classificação de risco. O evento é
fechado à imprensa.
Para suavizar
a alta do dólar e tentar oferecer proteção às empresas contra as fortes
oscilações da moeda americana, o BC tem feito operações de rolagem (renovação)
de contratos de venda de dólares no mercado futuro (swap cambial).
Recentemente, o BC também fez alguns leilões de vendas de dólares com
compromisso de recompra no futuro. Ontem, a única intervenção do BC no mercado
foi por meio dos contratos de swap.
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