Yara Aquino da
Agência Brasil
O
vice-presidente Michel Temer disse hoje (25) que continua na articulação
política do governo, mas com outra forma de atuação. Segundo ele, a conclusão
das votações das medidas do ajuste fiscal no Congresso Nacional motivou a
mudança no perfil de sua atividade, que começa agora uma segunda fase.
“Passamos essa
primeira fase do ajuste fiscal, o governo teve as vitórias necessárias e agora
estamos numa segunda fase da coordenação política, fase na qual me encontro,
que é exatamente aquela na qual vamos continuar trabalhando na relação com o
Congresso Nacional, na relação com o Judiciário, na relação com os estados. Na
verdade, vamos continuar trabalhando pela boa ordenação econômica, social e
política do nosso país. Continuo nesta articulação, formatada desta outra
maneira”, explicou.
A decisão do
vice-presidente de deixar o dia a dia da articulação foi anunciada ontem (24), mas Temer ainda não havia se
pronunciado sobre as mudanças em sua atuação no governo. Ele destacou que, além
da aprovação das medidas do ajuste, outras demandas da articulação política já
estão encaminhadas e serão concluídas pela equipe da Secretaria de Relações
Institucionais.
“Aquela
chamada entrega de cargos, emendas orçamentárias, praticamente já solucionada,
nesta parte não vou entrar mais. Haverá alguns na Secretaria de Relações
Institucionais que continuarão cuidando desse assunto, mas não eu”, explicou. O
ministro da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha – auxiliar de Temer na
articulação – vai continuar nessas funções pelo menos até o dia 1° de setembro.
Depois disso, o ministro deve passar a se dedicar exclusivamente à sua pasta.
Segundo Temer,
a presidenta Dilma Rousseff pediu que ele ficasse na articulação. Os dois se reuniram
ontem, após a reunião de coordenação política, para tratar das mudanças nas
atribuições do vice-presidente. “Ela fez um pedido, naturalmente enalteceu,
gentilmente, minha colaboração nessa primeira fase, mas concordou plenamente
que estamos numa segunda fase e portanto devo exercitar uma outra espécie de
atividade, ainda na coordenação política. Não há embaraço nenhum para ela.”
Temer
reconheceu que houve pressões de seu partido, o PMDB, para que ele deixasse de
vez a articulação política do governo. “No PMDB, tem alguns que querem que eu
deixe a articulação e outros tantos que querem que continue, mas eu entendi que
não posso, tendo responsabilidade com o país, não posso deixá-la de uma vez.”
Perguntado
sobre especulações de que sua saída da articulação política do governo abriria
caminho para um pedido de impeachment da presidenta Dilma, Temer
disse que “não há qualquer hipótese” de afastamento da presidenta. “É falso,
absolutamente falso. Tenho sempre dito e repetido ao longo do tempo que
qualquer hipótese de impeachment é impensável. Tenho dito isso
frequentemente.”
O
vice-presidente assumiu as funções da Secretaria de Relações Institucionais em
abril, diante do agravamento da crise entre o Palácio do Planalto e o Congresso
Nacional, com derrotas do governo em votações importantes. Nesse período, Temer
foi responsável pela articulação para aprovar as medidas do ajuste fiscal na
Câmara e no Senado.
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