Proletariado
(do latim proles, “filho, descendência, progênie”) é um conceito usado para
definir a classe antagônica à classe capitalista. O proletário consiste daquele
que não tem nenhum meio de vida exceto sua força de trabalho (suas aptidões),
que ele vende para sobreviver.
O proletário
se diferencia do simples trabalhador, pois este último pode vender os produtos
de seu trabalho (ou vender o seu próprio trabalho enquanto serviço), enquanto o
proletário só vende sua capacidade de trabalhar (suas aptidões e habilidades
humanas), e, com isso, os produtos de seu trabalho e o seu próprio trabalho não
lhe pertencem, mas àqueles que compram sua força de trabalho e lhe pagam um
salário.
A existência
de indivíduos privados de propriedade, privados de meios de vida, permite que
os capitalistas (os proprietários dos meios de produção e de vida) encontrem no
mercado um objeto de consumo que age e pensa (as capacidades humanas oferecidas
no mercado de trabalho), que eles consomem para aumentar seu capital. Ao vender
sua força de trabalho, o proletário aliena-se de seus próprios atos e
submete-os à vontade do comprador, que o domina autoritariamente. O comprador
(o capitalista) comanda o trabalho do proletário e se apropria de seus produtos
para vendê-los no mercado.
A palavra
proletariado define o conjunto dos proletários considerados enquanto formando
uma classe social.
Origem
da Palavra
Na Roma Antiga,
o rei Sérvio Túlio usou o termo proletários (proletarii) para descrever os
cidadãos de classe mais baixa, que não tinham propriedades e cuja única
utilidade para o Estado era gerar proles (filhos) para engrossar as fileiras
dos exércitos do império . O termo proletário foi utilizado num sentido
depreciativo, até que, no século XIX, socialistas, anarquistas e comunistas
utilizaram-no para identificar a classe dos sem propriedade de meios de vida do
capitalismo industrial.
História
Historicamente,
o proletariado surge com o capitalismo industrial (na Europa, entre os séculos
XIV e XIX), quando todas as relações sociais entre os indivíduos passaram a ser
mediatizadas pelo mercado, que substituiu os laços comunitários que
caracterizavam as sociedades anteriores. Com isso, todos os bens passaram a ser
mercadorias, ou seja, o acesso a eles passou a ser permitido apenas a quem
tivesse o dinheiro para comprá-los. Isso só foi possível mediante a chamada acumulação
primitiva do capital, que se caracteriza por expulsões de camponeses de suas
terras (cercamentos) e pela destruição dos laços não-mercantis do artesanato
urbano (por exemplo, as corporações de ofício), formando uma massa de
indivíduos destituídos de meios de produção e que nada tinham para oferecer ao
mercado senão sua força de trabalho . Essa separação dos homens dos seus meios
de produção é também chamada de proletarização e foi na maioria das vezes
imposta pelo Estado. Além disso, os artesãos urbanos (pequenos produtores de
mercadorias) não podiam concorrer no mercado com os capitalistas, cujos
capitais rapidamente se acumulavam mediante o uso de força de trabalho e pela
extração da mais-valia que esta proporciona, e esses artesãos falidos
contribuíram para aumentar ainda mais a massa de proletários disponíveis para a
indústria capitalista nascente. A formação, manutenção e o controle (através do
aparato repressivo do Estado) de uma massa de indivíduos destituídos de tudo e
tendo somente a sua força de trabalho para vender (qualificada ou não) é a
condição sine qua non da acumulação do capital em qualquer lugar do mundo, até
os tempos presentes, pois a força de trabalho é a única mercadoria que produz
mais-valia.
A ideia de
proletariado como uma classe antagônica à dos capitalistas surgiu no século
XIX, quando operários conseguiram pela primeira vez organizar greves de
dimensões consideráveis e questionar a situação em que viviam de maneira que,
para muitos, suas exigências eram irreconciliáveis com a sociedade capitalista.
Os proletários desenvolveram ideias comunistas, socialistas e anarquistas que
depois ficaram conhecidas através de autores como Karl Marx, Mikail
Bakunin e Piotr Kropotkin. Essas ideias desenvolveram-se pela sistematização do
objetivo que emergia espontaneamente nas lutas proletárias que era o de
estabelecer uma Livre associação de produtores. Do fim do século XIX até meados
do século XX, mediante a pressão constante das lutas radicais dos operários, os
Estados de diversos países resolveram conceder direitos trabalhistas e regular
os sindicatos, que passaram a ser instituições de negociação entre o Estado, os
empresários e os operários. Em 1917, na Rússia, também mediante a pressão de
lutas radicais dos operários, os bolcheviques tomaram o poder do Estado usando
o nome do proletariado, que, no entanto, foi massacrado por eles e submetido a
um regime de trabalho militarista que, na opinião de anarquistas e comunistas
de conselhos, não tem absolutamente nada a ver com as reivindicações dos
proletários, os quais, em suas lutas, sempre se opuseram à intensificação do
trabalho, à ditadura dos chefes e à própria escravidão assalariada.
Tempos
presentes
De meados do século
XX até o presente, o Estado conseguiu administrar o antagonismo proletário a
ponto de aparentemente dissolvê-lo (através de diversas medidas, tais como:
leis trabalhistas, a transformação dos sindicatos em mediadores entre
capitalistas e trabalhadores, repressão, dissolução do internacionalismo
proletário nos nacionalismos e demais conflitos interburgueses), fazendo o
proletariado ser hoje dificilmente reconhecível na superfície da sociedade.
Alguns afirmam que a luta proletária continua, mas de forma subterrânea e invisível,
enquanto não ocorre o momento histórico-mundial propício para sua emergência.
Atualmente,
nos pontos capitalistas mais avançados do globo (países desenvolvidos ou
cidades/bairros/regiões desenvolvidas de países pouco desenvolvidos), o
proletariado tem padrão de vida muito superior em relação às suas condições do
início da Revolução Industrial, quando jornadas de mais de doze horas e a
intensa utilização de mão-de-obra infantil eram a regra. Em geral, os órgãos de
estatística estatais e privados classificam como "classe média" esse
grupo social. No entanto, aquilo que define-os como "proletariado"
continua existindo, a saber, a sua separação de todos os meios de vida e
produção e o consequente constrangimento imposto a eles de vender sua força de
trabalho em troca do salário que lhe permita a sobrevivência. O proletariado
define-se pelo modo como produz suas condições de vida, que é alienado e
opressivo, e não pelo consumo a que ele tem acesso através de seu salário.
No entanto, as
condições de trabalho nos países/regiões/cidades desenvolvidos vem regredindo
nos últimos anos com a introdução de reformas neoliberais, com jornadas cada
vez maiores e a precarização advindos da flexibilização das leis trabalhistas.
Em outros países, o trabalho infantil, os salários simbólicos e jornadas cada
vez maiores são práticas comuns, chegando até o extremo do uso de mão-de-obra
escrava. Os trabalhadores imigrantes, em especial, têm sido submetidos a
condições de trabalho degradantes na Europa. E temos a migração das fábricas
para países sem leis trabalhistas.
Críticas
Economistas liberais
(por exemplo, Joseph Schumpeter) não acreditam em exploração e sustentam que a
existência do proletariado é um sofismo. Para eles todos os indivíduos são
iguais perante o mercado, e o mercado retorna à cada pessoa o exato valor que
essa pessoa introduziu nele; os capitalistas seriam apenas pessoas que são
fortes adeptas da poupança e cujas contribuições ao mercado são de qualidade
superior às contribuições do restante da população, que, com isso, ganha menos
do que eles. Portanto, eles negam que haja um conflito intrínseco ao
capitalismo e inseparável dele, como por exemplo, negam a existência do
proletariado e as motivações de suas lutas, que eles interpretam
moralisticamente como motivadas meramente por inveja dos menos capazes com
relação aos mais capazes.
Autores
anarquistas e comunistas contra-argumentam que é natural que aqueles que formam
a classe dominante (ou que servem a ela) afirmem que não exista exploração e
nem dominação, pois os capitalistas necessitam domesticar os proletários para
que estes ofereçam sua força de trabalho sem nenhuma reserva, procurando
fazê-los acreditar que a compra e venda de força de trabalho é apenas um fato
natural, imutável, e que, já que seria imutável, o melhor que o proletário pode
fazer é não questionar, lutando apenas para ser um "funcionário do
mês".
Fonte de
pesquisa: http://pt.wikipedia.org/wiki/Proletariado
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Dag Vulpi