Depois de
aguardar por mais de uma hora a abertura da reunião e mais 30 minutos
discutindo questões regimentais, deputados e senadores da CPMI da Petrobras
aprovaram por 19 votos a 8 o novo relatório do deputado Marco Maia (PT-RS); no
novo texto, Maia incluiu o pedido de indiciamento de 52 pessoas
Carolina
Gonçalves - Repórter da Agência Brasil
Depois de
aguardar por mais de uma hora a abertura da reunião e mais 30 minutos
discutindo questões regimentais, deputados e senadores da Comissão Parlamentar
Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras aprovaram por 19 votos a 8 o novo
relatório do deputado Marco Maia (PT-RS) sobre as irregularidade envolvendo a
estatal.
No novo texto,
Maia incluiu o pedido de indiciamento de 52 pessoas pelos crimes de
participação em organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa ou
passiva. Entre os nomes indicados pelo relator estão os ex-diretores Paulo
Roberto Costa, Renato Duque e Nestor Cerveró. Marco Maia também reavaliou a
compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, desta vez pedindo o
aprofundamento das investigações e admitindo o prejuízo de US$ 561,5 milhões na
compra.
"O que a
gente percebe é que deputados da base votam não em função de conteúdo, mas de
defender o indefensável", atacou o deputado Izalci (PSDB-DF).
"O
relator não se deixou se levar por onda alguma. O relatório não tem o princípio
de aliviar costas de ninguém", afirmou Sibá Machado (PT-AC). O deputado
partiu para o ataque a outros casos de denúncias de corrupção que envolve
outros partidos. "Eu vi muito no Brasil a ideia da indignação. Eu queria
dizer que se a indignação é no mérito do ilícito da administração, o que não
dizer também de escândalos tamanhos em governos estaduais? São 33 indiciados em
São Paulo. A responsabilidade tem que ser por igual, a indignação tem que ser
para qualquer feito", completou.
Outra mudança
foi o pedido de aprofundamento das investigações de empresas citadas em
negócios irregulares com a Petrobras - Andrade Gutierrez Construções, Caide
União, Consórcio Renest, Construções e Comércio Camargo Correia, construtoras
OAS e Queiroz Galvão - acusadas dos crimes como pagamento de propina, fraude em
licitações, formação de cartel e lavagem de dinheiro.
A CPMI tinha
dois relatórios para analisar. Isto porque, além do novo texto de Maia, a
oposição apresentou ontem (17) um relatório
paralelo com críticas mais duras e uma lista maior de sugestão de
indiciamentos. O documento dos oposicionistas também pediu o indiciamento da
presidenta da Petrobras, Graça Foster, por falso testemunho na CPMI.
O senador
Humberto Costa (PT-PE), um dos citados pela oposição, criticou o texto
apresentado por Sampaio. Segundo ele, o relatório paralelo é todo baseado em
matérias da imprensa e "não em fatos" e partiu em defesa própria.
"O mais grave é que ao final esse relatório faz referência a parlamentares
citados nesses vazamentos. Cerveró disse que eram mais ou menos 30
[parlamentares]. Aqui citaram três ou quatro, sendo um deles morto. Essa CPMI
não teve acesso a delação premiada. Se eu tivesse qualquer dúvida sobre
parlamentares citados, teria pedido quebra de sigilo", afirmou.
A oposição
queria o indiciamento de 59 pessoas e a instauração de inquérito contra 36
citados nas investigações da Operação Lava Jato, além da presidenta Dilma
Rousseff que seria responsabilizada por improbidade administrativa na compra da
refinaria, assim como os membros Conselho de Administração da Petrobras, na
ocasião da compra.
Onyx Lorenzoni
(DEM-RS) antecipou que a oposição vai recorrer ao Ministério Público para
tentar dar continuidade às investigações. "Lamentavelmente estamos no
epilogo de uma CPMI permeada por manobras que impediram nossas investigações
com profundidade, mas tivemos coisas importantes", avaliou ao citar a
acareação feita entre Paulo Roberto Costa e Néstor Cerveró.
A oposição
defendeu que as investigações continuem no próximo ano. "Espero que o novo
Congresso tenha como primeira providência a coleta de assinaturas para que a
gente possa instalar nova CPMI e dar sequência ao trabalho limitado e acanhado
dessa comissão", apelou o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE).
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