Num instante
em que o petrolão derrete feito bala de açúcar no bico de oradores tucanos, a
Polícia Federal fechou a conta do inquérito do cartel do metrô e dos trens de São
Paulo: 33 indiciados. Entre eles agentes públicos, executivos de grandes
empresas, lobistas e assemelhados.
Pesam-lhes
sobre os ombros acusações variadas: corrupção ativa e passiva, formação de
cartel, fraude em licitações, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Segundo
a PF, os crimes foram praticados durante dez anos, de 1998 a 2008. Desviaram-se
R$ 834 milhões. E ninguém notou!
Repetindo: a
roubalheira atravessou três governos tucanos —Mário Covas, Geraldo Alckmin e
José Serra— e ninguém percebeu! As fraudes só vieram à luz por conta de um fio
de meada puxado numa investigação na Suíça e um acordo de colaboração firmado
pela Siemens no Brasil.
Em matéria de
corrupção, os tucanos sofrem da mesma moléstia que acomete os petistas:
cegueira. Assim como Lula não sabia que o mensalão fluía sob suas barbas e
Dilma não sabia que PT e aliados prospectavam propinas na Petrobras, Serra e
Alckmin jamais souberam das fraudes que descarrilavam as licitações
metroferroviárias.
Fica-se com a
impressão de que o principal problema do país não é ético, mas oftalmológico. A
falta de bons oculistas atordoa os brasileiros. Não bastasse ter de decidir se
prefere o papel de cínico ou o de bobo, o contribuinte é assaltado (ops!) por
uma segunda dúvida: o que é pior, os corruptos capazes de tudo ou os
governantes incapazes de todo?
De concreto,
por ora, apenas uma evidência: em terra de cego, quem tem um olho não diz que
os reis estão nus.
Do Uol.com
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Dag Vulpi