Costa citou o nome do ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, que morreu
há 7 meses. Corrupção na estatal motiva investigação também nos EUA.
Num depoimento
ao Ministério Público, o ex-diretor Paulo Roberto Costa citou o nome do
ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, que morreu este ano, entre políticos que
receberam dinheiro desviado da Petrobras. As denúncias de corrupção na empresa
passaram a ser investigadas, também, nos Estados Unidos.
Ao todo, 28
advogados e analistas do Departamento de Justiça dos Estados Unidos e da SEC,
órgão americano que cuida do mercado de ações, estão investigando a corrupção
na Petrobras.
A informação
está num relatório da Arko Advice, consultoria de mercado financeiro. Como toda
empresa que tem ações em bolsas americanas, a Petrobras tem que seguir regras
de governança, transparência e ética. A lei anticorrupção proíbe o suborno em
empresas estrangeiras que vendam ações no país, mesmo que a propina aconteça
fora dos Estados Unidos.
Nesta
sexta-feira (17) novas denúncias envolvendo a Petrobras foram publicadas. Pela
primeira vez, o PSDB é citado em um esquema de pagamento de propina envolvendo
o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o ex-presidente do PSDB Sérgio
Guerra.
O jornal
“Folha de S.Paulo” afirmou que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa
revelou pagamento de propina a Sérgio Guerra, ex-presidente do PSDB. O dinheiro
seria para que ele ajudasse a esvaziar uma CPI criada para investigar a
Petrobras em 2009.
De acordo com
a reportagem, o fim da CPI era de interesse de empresas que prestavam serviços
a Petrobras e viram seus negócios ameaçados pelas investigações.
A CPI
funcionou de julho a dezembro de 2009. Dos 11 integrantes, o PSDB tinha dois:
Álvaro Dias, do Paraná, e Sérgio Guerra, de Pernambuco, que morreu em março
deste ano. Um dos alvos da comissão: irregularidades nas obras na refinaria
Abreu e Lima, em Pernambuco.
O jornal “O Estado de S. Paulo” informou que Sérgio Guerra procurou Paulo Roberto Costa e cobrou R$ 10 milhões para que a CPI fosse encerrada. E que Paulo Roberto disse que o dinheiro seria usado nas campanhas do PSDB de 2010.
Segundo a
reportagem, o delator confirmou que os R$ 10 milhões foram pagos depois que a
CPI acabou sem punições, em dezembro de 2009. Um mês antes, a oposição se
retirou da CPI alegando que o governo estava impedindo as investigações.
O dinheiro
teria sido pago pela construtora Queiroz Galvão, que faz parte do consórcio
responsável por uma das etapas da refinaria Abreu e Lima.
Sérgio Guerra
estava acompanhado do deputado Eduardo da Fonte, do Partido Progressista de
Pernambuco, a quem Paulo Roberto chamou de operador, de acordo com a
reportagem. Guerra teria sugerido ao deputado Eduardo da Fonte que tivesse uma
conversa com Armando Ramos Trípodi, na época chefe de gabinete de Sérgio
Gabrielli, ex-presidente da Petrobras.
O senador
Álvaro Dias disse que não sabia do suposto pagamento de propina a Sérgio
Guerra. “É evidente que eu não sabia. Se eu soubesse, denunciaria. Hoje eu não
posso julgá-lo, não posso condená-lo, e muito menos absolver. Não me cabe fazer
isso. Mas o que eu posso dizer é que se isso ocorreu não alterou os
procedimentos. As providências que nós adotamos não foram comprometidas por
esse fato, se é que ele existiu”, disse.
O Partido dos
Trabalhadores, o Partido Progressista e o PMDB já tinham sido citados por Paulo
Roberto Costa em um outro depoimento não sigiloso à Justiça. Segundo Paulo
Roberto, um esquema de cartel e pagamento de propina funcionou dentro da
Petrobras entre 2006 e 2012, nos governos Lula e Dilma.
O PSDB declarou que defende a investigação de todas as denúncias com o mesmo rigor, independentemente dos partidos dos envolvidos e dos cargos que ocupem.
A Petrobras
não se manifestou sobre a denúncia de pagamento de propina para encerrar a CPI.
O órgão
americano que cuida do mercado de ações também não quis se manifestar.
O deputado
Eduardo da Fonte declarou que está à disposição das autoridades, mas que não
vai se pronunciar sobre informações não oficiais.
Armando Ramos
Trípodi afirmou que jamais teve qualquer contato com Sérgio Guerra ou com o
deputado Eduardo da Fonte e que nunca tratou com Paulo Roberto Costa de
qualquer assunto que não fosse relativo à gestão da Petrobras.
O
ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli não quis comentar a
reportagem.
A Queiroz
Galvão declarou que desconhece o teor do depoimento de Paulo Roberto Costa e
negou as acusações.
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