Um dos temas
mais debatidos na disputa eleitoral deste ano, a redução da maioridade penal
foi repudiada por 104 organizações que compõem a Rede Nacional de Defesa do
Adolescente em Conflito com a Lei (Renade).
Em manifesto público, as entidades consideram a ideia um “retrocesso para os direitos humanos de crianças e adolescentes”.
Em manifesto público, as entidades consideram a ideia um “retrocesso para os direitos humanos de crianças e adolescentes”.
Vários
candidatos, nos diversos níveis de disputa eleitoral, defenderam a redução da
maioridade penal como resposta à sensação de impunidade trazida por crimes
cometidos por crianças e adolescentes. Com o resultado das eleições,
levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar
(Diap), mostra que, com a composição “mais conservadora” do Congresso Nacional, a
partir de 2015, o debate sobre o tema será uma das tônicas da próxima
legislatura.
Para a Renade,
no entanto, trata-se de discussão inócua, que afasta o país das diretrizes do
Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) e do Sistema Nacional de Atendimento
Socioeducativo (Sinase). “Ocorre que, ao relacionar de maneira superficial
justiça social e segurança pública, os candidatos parecem desconhecer a
realidade do cotidiano do Sistema de Justiça Juvenil no Brasil”, diz trecho do
manifesto.
De acordo com
as organizações que assinam o manifesto, as propostas relacionadas à redução da
criminalidade infantojuvenil deveriam se dar no sentido de “garantir
efetivamente a implementação e aplicação do ECA e do Sinase em todo o
território nacional, sendo possível, assim, falar-se em soluções que implicam
em redução da violência e criminalidade”.
De acordo com
dados apresentados pela Renade, em 2011, dos 22.077 atos infracionais cometidos
por menores no país, 2,9% correspondiam a crimes considerados hediondos - como
estupro e latrocínio – enquanto 72% foram infrações análogas aos crimes contra
o patrimônio e tráfico de drogas.
“Infelizmente,
constata-se que, ao flexibilizar garantias que protegem esses adolescentes em
situação de vulnerabilidade, sob o argumento de que cometem crimes muito
graves, os candidatos apenas saciam a ânsia punitivista que demanda, de maneira
irracional, o isolamento desses sujeitos”, diz o manifesto.
Da Agência
Brasil
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