Por
João Baptista Pimentel Neto no Diálogos do Sul
Faleceu
nesta quarta-feira, entre 17:00 e 17:38, uma quimera ufanista conhecida também
como “hexa” por absoluta falência múltipla de órgãos desinteressados, apáticos
e omissos naquilo que se esperava como fluxo de surpresa, graça, beleza e
invenção – sinais de vida daquilo que um dia chamamos “futebol brasileiro”.
O
moribundo já se arrastava em sua patética sombra do que um dia foi e, por
alguns lapsos vadios de tempo, apresentava tênues reações de melhoras em um
quadro preocupante que animava, brevemente, porém, sempre inspirava cuidados,
desconfiança e preocupação.
O derradeiro sopro determinante do estado mórbido instalou-se no frágil corpo da vítima (preparada na neblina turva) ao desmoronar, sem a menor inspiração, ante o massacre tático, técnico, emocional e estratégico de um adversário infinitamente melhor (preparado sob sol, mar, alegria e competência).
Aniquilar as débeis fortalezas da vítima provou, sim, que ainda existe bobos (da corte) no futebol. Bobos de lobby e lábia. O paciente, mesmo inflado por negócios extraordinários e estranhos, indicava insuficiência crônica de ousadia pelo caricatural arremedo de “bravura indômita”. lágrimas a capela e outras patriotadas verossímeis, confundidas e manipuladas como “realidade nacional”. Demonstração flagrante do risco que é este colocar pátria em chuteiras. Há o reverso de se levar um, propriamente dito, no pavilhão traseiro, embora isto não signifique, de verdade, “pátria” e muito menos “chuteira”.
Como ficou demonstrado, pateticamente, na tarde de ontem, tudo não passava de um ilusório desarranjo sem pé (que acertasse o passo) nem cabeça (que pensasse o compasso). Embora uma desesperada luta individual tenha sido revelada na intenção idílica de acertar; sem evitar o massacre coletivo de proporções homéricas.
Convocam-se os familiares mais próximos, arquitetos e operadores de tal criatura, idem, capitalizadores do magnífico negócio gerado, para infinitas explicações do inexplicável e a consequente apuração de responsabilidades e assim se consume o óbito oficial.
Tal reconhecimento se faz necessário para um protocolar decreto do luto formal. Apenas papeladas de um papelão, pois o óbito, avassaladoramente concreto, aconteceu, lavrado em campo aberto, perante a perplexidade (em alta definição) angustiante de milhões de testemunhas pasmas que, no momento, ainda estão sob choque e ruminam incrédulas as razões da catástrofe.
Roga-se que na expiação de culpas, caça às bruxas, linchamentos virtuais, exorcismo de erros, críticas tardias e flagelo generalizado levantem-se as omissões e o quanto cada um contribuiu com a sua parcela de cumplicidade no desastre. Deixando, fora disso, a imensa vocação do povo (real) brasileiro para se reinventar em fraternidade, justiça e ação libertária.
O resto é o resto, pois a vida é algo infinitamente maior e não somos piores ou melhores depois de um jogo, a não ser que estejamos sob algemas do jugo, narco-dependentes da “midiocridade” altaneira, brejeira e por que não dizer inzoneira…
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Dag Vulpi