O presidenciável
Eduardo Campos concedeu uma entrevista exclusiva ao jornalista da TV Vitória
Alex Cavalcanti e garantiu que, se eleito, dará mais atenção ao Estado.
Do Folha Vitória
Em sua visita nesta terça-feira (29) ao Espírito
Santo, o candidato à Presidência da República Eduardo Campos (PSB) concedeu uma
exclusiva ao jornalista da TV Vitória, Alex Cavalcanti.
Campos afirmou que
o Espírito Santo perdeu investimentos nos últimos anos, quando o País foi
governado pelo PT e pelo PSDB e que, se eleito, dará atenção ao Estado.
Confira na íntegra
a entrevista:
Alex Cavalcanti: Bom, eu quero
começar conversando com o senhor sobre economia. O Espírito Santo vem de uma
sequência de perdas de receita: primeiro o Fundap, perdeu royalties. Royalties
inclusive que foram redistribuídos com muita pressão dos estados do nordeste e,
lá atrás, há muito tempo, perdeu também com a Lei Candinho, por conta da
desoneração das exportações. Tudo isso sempre fica uma promessa de compensação
dos estados pelo governo federal, criação de fundos de compensação e que nunca
são proporcionais, o estado nunca recebe quantias equivalentes ao que perdeu. Caso o senhor seja eleito, como fica essa relação do
estado do Espírito Santo com o governo federal?
Eduardo
Campos: No nosso governo, ao invés de
perder, o Espírito Santo vai ganhar. O Espírito Santo há 20 anos assiste o
Brasil ser governado pelo PSDB e pelo PT e durante esses 20 anos o tratamento
foi praticamente o mesmo em relação ao Espírito Santo. É só dar uma olhada no
aeroporto, no porto, nas rodovias e a gente vê que eles ficam um falando do
outro, mas na verdade todos deixaram o Espírito Santo esquecido. Agora,
recentemente, todos assistiram o PSDB e PT juntos pôr fim ao Fundap, que tocou
fortemente os municípios e o Estado. Nós vamos inaugurar um tempo em que
aqueles que sempre perderam vão ganhar, vão ganhar o quê? Atenção de um governo
que se instala para reduzir as desigualdades no país. Nós vamos fazer esse país
voltar a crescer, conter a inflação, baixar os juros e cuidar das
desigualdades. Nós sabemos que o povo capixaba já está cansado dessa conversa.
Conversa, conversa e conversa, e se tira aquilo que foi construído com muito
esforço do povo capixaba. Nós vamos garantir as conquistas, as obras de infraestrutura
e vamos fazer com que o Espírito Santo sinta a atenção que hoje falta na vida
do povo do Espírito Santo.
AC:
O senhor consegue detalhar, explicar como vai ser? A gente sabe que o cobertor
é curto, a inflação está subindo, os juros já estão altos. Como é que dá para
baixar taxas de juros, conter a inflação? O que o senhor está pensando em
fazer? Dá para detalhar?
EC:
Dá sim, com confiança. A economia hoje vive uma crise de confiança por uma
governança macroeconômica incerta, que gerou dúvida nos agentes econômicos
daqui e de fora, e a gente sabe que na dúvida as pessoas não ultrapassam, não
investem. A gente viu o governo acreditar naquela velha lenda dos anos 60 que
dava para trocar um pouquinho de inflação por um pouco de crescimento e deu no
que deu. Nós estamos com baixo crescimento, as exportações sentindo... Nós
estamos vendo os investimentos diminuindo no país, os empregos já sendo
sacrificados e na hora em que a gente tiver uma condição macroeconômica
responsável como centro da meta vamos efetivamente levar um modelo de gestão
para o governo brasileiro diferente do que é hoje. Hoje são 39 ministérios,
entregues aos partidos em função dos interesses meramente eleitorais. Nós vamos
conduzir o Brasil de volta a um ciclo de crescimento econômico. E esse
crescimento tem que ter qualidade: qualidade na relação com a natureza,
qualidade com a inclusão de pessoas, e sobretudo, a possibilidade de equilibrar
especialmente o desenvolvimento.
AC:
O senhor mencionou na primeira resposta alguns projetos que são importantes
para o Espírito Santo. Nós estamos com um aeroporto que se tornou uma grande
novela. A gestão vai ser diferente num eventual governo do senhor?
EC:
O problema da infraestrutura no Brasil é sobretudo um problema de gestão, de
incompetência. A máquina aparelhada não produz os resultados, você coloca
dinheiro e não sai aeroporto do outro lado, por quê? Porque as pessoas são
indicadas para as funções por critério meramente político e eleitoreiro. Nós
precisamos tocar estradas, portos, aeroportos, como também hospitais, políticas
de educação. Nós vamos fazer educação em tempo integral ser uma realidade no
Brasil. Eu digo isso porque fiz como governador a maior rede em tempo integral
do Brasil. Nós vamos assumir o desafio da segurança pública como um problema
também do país. Eu digo isso porque governei o estado mais violento do país.
Quando eu cheguei, era a capital mais violenta e fui o único governador que
conseguiu reduzir a violência por sete anos ininterruptos, recebendo,
inclusive, um prêmio da ONU por isso. Então, essa pauta do Brasil real é a
pauta do nosso governo. É governo ouvindo a sociedade, com gestão competente.
Para isso é fundamentalmente preciso mudar a política. E a política no Brasil
nos últimos 20 anos vem sendo dominada exatamente pelos mesmos. Todas as vezes
que governam, governam de jeitos assemelhados.
AC:
Já que o senhor mencionou a segurança pública, o Estado que o senhor governou
tem índices ainda altos, embora o senhor tenha mencionado uma redução, e o
Espírito Santo também está entre os mais violentos no país, embora nos últimos
anos também tenha conseguido redução nas taxas de homicídio. Mas o que as
autoridades de segurança pública sempre comentam é que os estados não produzem
drogas e armas; essa violência estaria ligada ao tráfico de drogas. Uma vez o
senhor como presidente da república, qual a estratégia para combater a
criminalidade que chega nas nossas cidades e está muito relacionada ao tráfico
de drogas?
EC: Segundo
o mapa da violência, que é um estudo técnico, insuspeito, o estado que mais
reduziu a violência foi Pernambuco. Só na capital, Recife, foi 60% a queda de
homicídio, enquanto em todo o nordeste explodiu a violência. No Brasil, no ano
passado, mais de 50 mil pessoas foram assassinadas, é uma guerra. Como fazer
essa redução? Ora, se o governo federal arrecada 60% dos tributos e no gasto
com a segurança só vem do governo federal 15% aí você já vê exatamente o que
falta nesse jogo. Está faltando o governo federal entrar no lado do cidadão
para enfrentar o tráfico. A atual presidenta viu a redução da polícia federal,
reduziu quase três mil homens, as nossas fronteiras estão abertas, o craque e a
pasta base da cocaína entram na hora que quiserem exterminando vidas de jovens,
levando a insegurança, o dependente químico fica furtando senhoras saindo do
banco ao receber suas pensões. Para quê? Para manter o vício. Nós temos que
enfrentar o tráfico internacional, temos que ter o governo federal financiando
uma remodelação da estrutura da segurança pública, inclusive gratificando o
pessoal da segurança pública por resultados. Eu acho que é isso que a sociedade
deseja. É uma nova pauta que a sociedade colocou nas ruas nos últimos anos, que
é a pauta da educação de qualidade, da saúde, da segurança pública, da
mobilidade e do desenvolvimento dos estados que têm efetivamente carência e
mais desigualdade.
AC:
Candidato, rapidamente eu gostaria que o senhor avaliasse o processo de
sucessão aqui no Espírito Santo. O atual governador é do seu partido e está
enfrentando o ex-governador. Os dois já foram aliados. Como é que o senhor
avalia esse processo no Espírito Santo?
EC:
Eu acho que o Renato, ao longo de todo o seu mandato, se preocupou em
administrar o Espírito Santo. Em melhorar a vida do povo, em mostrar que é
possível ter desenvolvimento econômico e cuidar das pessoas. Cuidar da
segurança é um grande problema do país, mas também do Espírito Santo. Cuidar da
saúde pública e mostrar que é possível não só desenvolver a economia, mas
também cuidar das pessoas. E ele sempre colocou em segundo plano a disputa
política. Infelizmente alguns colocam a disputa política, pessoal e eleitoral
acima dos interesses do Espírito Santo. Eu, como presidente do partido, deixei
Renato muito à vontade para que ele cuidasse do Espírito Santo, que eu acho que
é a tarefa dele. Por isso acho que o povo capixaba vai dar a chance de ele
fazer um trabalho ainda melhor no segundo mandato.
AC:
Candidato, eu queria que o senhor comentasse brevemente. O país está se
desindustrializando... Qual é a proposta para reverter isso?
EC:
A proposta é a gente cuidar da industria brasileira com inovação, com reforma
tributária com incentivo, com qualificação profissional... Eu fiz a
reindustrialização do estado de Pernambuco e vou fazer a reindustrialização do
Brasil.
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