quarta-feira, 30 de julho de 2014

Eleições 2014: Para Eduardo Campos, renovação política é o caminho para o crescimento econômico do Brasil

Eduardo Campos, candidato do PSB à Presidência, participa de sabatina na sede da CNI, em Brasília, nesta quarta.

Em sabatina organizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta quarta, o candidato à Presidência Eduardo Campos (PSB), afirmou que uma renovação política é fundamental para que se façam as mudanças necessárias para o desenvolvimento da indústria brasileira. Campos atacou a condução da política econômica do governo Dilma, especialmente em relação a ações de curto prazo, como incentivos a setores específicos, maquiagem fiscal e indicação de cargos em ministérios e agências reguladoras.


O pernambucano voltou a levantar a bandeira da independência do Banco Central, que classificou como gesto necessário para recuperar a confiança que o Brasil perdeu no mundo nos últimos anos. Campos criticou o atual sistema político, de presidencialismo de coalizão, e chegou a dizer que “o Brasil não precisa de mais quatro anos de Sarney, de Collor, de Renan". Ele afirmou que seus oponentes na disputa ao Palácio do Planalto não são capazes dessa mudança. “Respeito a presidente Dilma e o candidato Aécio Neves. Conheço a trajetória de vida dos dois, mas a vida são as nossas circunstâncias e as circunstâncias que cercam Dilma e Aécio são circunstâncias de conservar a velha política brasileira, que já faliu”.

No plano na infra-estrutura, Campos afirmou que o investimento no setor deve subir dos atuais 2,5% do PIB para em torno de 3,5% e 5% e que o empecilho central é má gestão, especialmente quanto à falta de regulação e de recursos no orçamento da União, que depende de poupança externa e da poupança interna privada. O presidenciável defendeu concessões e Parcerias Público Privadas (PPPs) e criticou o receio quanto às privatizações nos governos petistas. “Enquanto governa um país de sistema capitalista o preconceito com o lucro mata o investimento, o investimento não vem e mata crescimento e prosperidade”.

Campos prometeu não aumentar a carga de impostos no brasil e disse que enviará proposta de reforma tributária ao Congresso Nacional na sua primeira semana de governo “Vou tomar conta da articulação pessoalmente e entrará em vigor em alguns aspectos imediatamente”, declarou. Ele defendeu a simplificação do sistema, eliminação completa de comutatividade, desoneração completa das exportações e unificação do Impostos de Valor Agregado (IVA), com recolhimento dos tributos no destino.

Em relação à flexibilização das leis trabalhistas, Campos foi mais ponderado. “A minha história não permite que como Presidente da República se retire direitos da classe trabalhista, mas é possível fazer diálogo entre empresários e trabalhadores”. Ele admitiu o impacto dos custos de trabalho nos balanços das empresas e a importância de discutir um marco regulatório da terceirização. O candidato disse que não é normal o Brasil ter índices baixos de desemprego formal e gastar R$ 50 bilhões em seguro-desemprego. Ele reforçou a importância de garantir segurança jurídica, premiação, remuneração variada e valorização das negociações coletivas.

Educação e inovação
Campos classificou como apartheid a divisão de escolas entre classes sociais no país. “É preciso acabar com apartheid que há hoje entre escola do rico e escola do pobre, enquanto tivermos isso não teremos país justo”. Ele prometeu a implantação de educação integral em todos os municípios brasileiros e citou o exemplo de seu governo em Pernambuco, que hoje tem mais alunos nessa modalidade de ensino do que os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro juntos, segundo o ex-governador.

O candidato também admitiu retrocesso no percentual de investimento em pesquisa e inovação em relação ao PIB e lembrou que não obteve sucesso ao tentar implementar a Lei de inovação quando foi Ministro de Ciência e Tecnologia do governo Lula. Ele defendeu a criação de incentivos para destravar a questão, mas não detalhou os projetos.

O evento foi uma forma de possibilitar que os candidatos respondessem às propostas apresentadas pela CNI na segunda-feira. A confederação publicou o documento "Propostas da Indústria para as Eleições 2014" com 42 estudos e recomendações sobre os principais temas da agenda da indústria para o desenvolvimento do pais, sendo os pontos principais tributação, relações de trabalho e infra-estrutura. As propostas são:

- Na área tributária, fim da cumulatividade de impostos, desoneração dos investimentos e das exportações;

- Nas relações de trabalho, regulamentação e reconhecimento da negociação coletiva;

- Em infra-estrutura, aumento do investimento de R$ 73 bilhões por ano, o equivalente a 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) para 5% do PIB, que seria de R$ 175 bilhões por ano. Também propõe aumento da qualidade de licitações, construção de banco de projetos, obrigatoriedade de projetos basicos detalhados e licenciamento ambiental prévio de grandes projetos, aperfeiçoamento do Regime Diferenciado de Contratação (RDC) e aumento da participação do setor privado por meio de concessões e Parceiras Público Privadas (PPPs).


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