Por redação –
Do SP247
Blog Dag Vulpi - Dois dias após ter sido um
dos mais duros arguidores do ministro José Eduardo Cardozo, no Congresso, o
senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) voltou a ter seu nome ligado ao escândalo
Alstom-Siemens; cópia de e-mail em poder da Polícia Federal mostra que Jorge
Fagali Neto, apontado como intermediador de propinas por parte da Alstom, dá
dicas ao então coordenador de campanha de José Serra sobre como o governo
paulista poderia obter verbas para trens; uma delas foi seguida depois de Serra
eleito governador: o aditamento de US$ 95 milhões a um contrato assinado com o
Banco Mundial; no Senado, o parlamentar atacou o ministro da Justiça pela
exposição de seu nome no caso; e agora, reclamação ainda procede?
Dois dias
depois de ter feito uma série de questionamentos sobre o caso Alstom-Siemens ao
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, durante sessão no Senado, o líder do
PSDB, Aloysio Nunes (SP), volta a ter seu nome envolvido em denúncias do caso.
A cópia de um e-mail em poder da Polícia Federal mostra que o parlamentar, que
em 2006 exercia a função de coordenador da campanha de José Serra, recebeu
dicas de um lobista da Alstom sobre como o governo tucano deveria se comportar
no setor de transportes, caso fosse eleito.
As
"instruções" são dadas por Jorge Fagali Neto, apontado como
intermediador de propinas por parte da multinacional francesa, envolvida em
cartel em licitações de trens e metrô, além do setor de energia, no estado de
São Paulo. De acordo com o conteúdo do e-mail, denunciado pelos jornalistas Ricardo Chapola, Fausto
Macedo e Fernando Gallo, do jornal O Estado de S.Paulo, Fagali Neto ensina
Aloysio Nunes sobre como obter verbas para investir no setor metroferroviário.
Ao menos uma das orientações foi seguida.
Depois que
José Serra foi eleito governador de São Paulo e Aloysio Nunes assumiu a
Secretaria da Casa Civil do Estado, o governo assinou um aditamento de US$ 95
milhões ao contrato de US$ 209 milhões com o Banco Mundial em 2008, segundo ano
da gestão tucana. A verba iria para a construção da Linha 4-Amarela do Metrô.
No email, Fagali Neto aconselhava: "Para a linha 4, acredito ser possível
um aditamento ao contrato do Banco Mundial". O consórcio Via Amarela,
responsável pelas obras, tinha como uma das sócias a empresa Alstom.
Mas segundo
Aloysio Nunes, que diz conhecer Fagali Neto "há muitos anos", o
e-mail é apenas o "alerta de um amigo" sobre o setor naquele momento.
Antes de se tornar consultor da Alstom, Jorge Fagali Neto foi secretário dos
Transportes em 1994 (no governo Luiz Antônio Fleury Filho), tendo sucedido
Aloysio, que deixou o cargo em 1993. Hoje, Fagali tem US$ 6,5 milhões
bloqueados na Suíça por suspeita de lavagem de dinheiro. Ele é indicado pela PF
por suspeita de envolvimento em esquema de contratos de energia da Alstom e
acusado de ter cometido os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de
divisas.
No Senado, na última terça-feira 3, Aloysio Nunes atacou o
ministro da Justiça pela exposição de seu nome no caso, fazendo questionamentos
como: por que as investigações só têm sido feitas em São Paulo, e não envolvem
empresas controladas pelo governo federal? E ainda: quem vazou os documentos
sobre a investigação que estavam em posse da PF? O tucano sugere, com essas
perguntas, que Cardozo tenha agido politicamente com a denúncia a fim de
prejudicar os inimigos do governo petista. E agora, sua reclamação ainda
procede?
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