Do 247 Brasil
Blog
Dag Vulpi - Justiça
brasileira se supera no paradoxo; condenados na mesma Ação Penal, ex-deputados
José Dirceu e Roberto Jefferson completam um mês de destinos diametralmente
opostos; no Complexo da Papuda, no quente Distrito Federal, ex-presidente do PT
experimenta regime fechado como qualquer preso comum; Jefferson, curtindo seu
sítio Jardins Ana Lucia, na aprazivel Levi Gasparian (RJ), anda de moto,
comemorou esta semana a classificação do Botafogo à Copa Libertadores e fez
seus advogados registrarem oficialmente que ele não pode ir para a cadeia em
razão da dieta que inclui salmão defumado, suco batido com água de coco e leite
com baixa lactose; escárnio ou aproveitamento no limite das contradições da
Justiça brasileira, tristemente famosa por tratar uns como mais iguais que
outros
– De
capacete preto e bigodinho, Roberto Jefferson parou por instantes sua moto em
frente ao seu sítio Jardim Ana Lúcia, na aprazível Levi Gasparian, interior do
Rio de Janeiro próximo à divisa de Minas Gerais, e concedeu à tevê uma de suas
muitas entrevistas dos últimos dias.
Tranquilo e,
vez e outra, com a camisa do Botafogo, bem à vontade, Jefferson completa neste
sábado 14 um mês de liberdade desde que, na mesma ação penal em que foi
condenado a 7 anos e 14 dias em regime semiaberto, seu colega José Dirceu foi
encarcerado em regime fechado, indo parar no Complexo da Papuda, na calorenta
Brasília. Ali, o ex-presidente do PT é mais um preso comum, com água fria no
chuveiro, banho de sol restrito e isolado do mundo exterior.
O ministro
Marco Aurélio Mello explicou, questionado sobre a disparidade no tratamento
dado à Justiça, por meio da caneta do presidente do STF, Joaquim Barbosa, aos
dois condenados, que as penas são distribuídas "homeopaticamente".
Feita sob medida para o bem estar de Jefferson até aqui e o mau estar de Dirceu
desde o primeiro autógrafo nos decretos de prisão, a homeopatia de Barbosa gera
efeitos diretos e colaterais.
Consolidam-se
as interpretações de que estão sendo usados pelo menos dois pesos e duas
medidas para punir os condenados e seu delator. O benefício evidente é todo de
Jefferson.
De seu sítio,
ele vem narrando todos os passos de sua defesa, mas não apenas. Chegou a
recomendar aos juízes do Supremo o voto contrário à Adin da OAB que visa acabar
com o financiamento de campanhas eleitorais com o dinheiro de empresas e
doadores privados. Antes, alegou que não poderia cumprir pena no presídio da
Papuda porque não pertenceria ao mesmo meio dos outros presos. "O ambiente
seria muito hostil para mim", ironizou.
Em seus
desafios nada sutis ao cumprimento da Justiça, ou alegrando-se com a falta do
decreto contra si próprio, Jefferson, é certo, quer prosseguir nessa situação.
Primeiro ele alegou fragilidade de saúde, mas uma junta médica garantiu que o
ex-presidente do PTB não enfrenta problemas graves. Agora, seus advogados
registram oficialmente que o condenado não pode cumprir pena em prisão – mas
apenas em casa – em razão de sua dieta alimentar: Salmão defumado, geleia real,
suco batido com água de coco, leite com baixa lactose.
Joaquim Barbosa
deverá decidir se Jefferson tem direito ao que pede, isto é, ficar em casa para
manter sua alimentação saudável. É bem capaz que Barbosa queira começar a
melhorar a qualidade do regime domiciliar exatamente pelo caso exemplar de
Roberto Jefferson, premiando-o pela iniciativa. Façam suas apostas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!
Abração
Dag Vulpi