Aumento no
rigor para progressão de regime, novas medidas contra a corrupção e manutenção
dos crimes de aborto e eutanásia são alguns dos pontos do substitutivo ao
projeto do novo Código Penal (PLS 236/2012) apresentado nesta terça-feira (20) à
comissão especial que trata da matéria pelo relator, senador Pedro Taques
(PDT-MT).
Ele lembrou
aos membros do colegiado que analisou mais de 600 emendas de senadores ao
anteprojeto, apresentado em 2012 por uma comissão de juristas, e citou o as
reivindicações da sociedade e a necessidade de respeito à Constituição, ao
justificar as modificações que propôs.
Na opinião do
relator, a eutanásia deve ser mantida como crime de homicídio, mantida a
ortotanásia como conduta atípica. Também a possibilidade de aborto nas 12
primeiras semanas de gravidez em razão da impossibilidade da gestante de arcar
com a gravidez – possibilidade introduzida pelo texto original – foi excluída
por Taques:
- A
possibilidade de exclusão do aborto como crime seria inconstitucional.
A proposta,
porém, mantém a sugestão dos juristas que permite a possibilidade de aborto de
feto anencefálico, o que, lembrou o relator, acompanha decisão do Supremo
Tribunal Federal (STF), tomada em 2012.
Pedro Taques
classificou como "mimetismo" da legislação europeia o dispositivo do
projeto que estabelece a presunção de que determinada quantidade de substância
entorpecente seria para uso próprio do portador.
Ele argumentou
que a mudança traria dificuldade a juízes.
- Aquele
agente que milita no tráfico de entorpecentes pode se utilizar de estratégias
como divisão da quantidade de substância para que essa presunção possa se fazer
presente.
Outra
modificação proposta por Taques aumenta o rigor no prazo de progressão de
regime, que hoje é assegurado a partir do cumprimento de um sexto da pena. Pelo
substitutivo, seria necessário cumprir um quarto da pena. O relator também
propôs o fim da prescrição retroativa com base na pena em concreto, que, para
ele, é "uma das causas da impunidade".
Corrupção
A tipificação
da corrupção como crime hediondo, não incluída pela comissão de juristas,
segundo Pedro Taques, foi incluída no substitutivo “para que tenhamos adequação
com o que foi aprovado no Plenário do Senado”, numa referência à aprovação do PLS 204/2011. O novo texto também aumenta o rigor no
combate ao enriquecimento ilícito e criminaliza a doação eleitoral ilegal.
Taques também
decidiu abrir exceção aos crimes de racismo ou discriminação no exercício do
“livre pensamento crítico”, especialmente no caso de opinião artística ou
religiosa.
- Temos que
buscar aqui uma ponderação entre a proteção da dignidade da pessoa humana e a
manutenção dessas liberdades – assinalou.
Calendário
A comissão
especial aprovou o calendário de tramitação do projeto. De 2 a 13 de setembro,
o substitutivo receberá novas emendas dos senadores. Pedro Taques emitirá novo
parecer até 27 de setembro.
Agência Senado
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