A maioria dos
médicos cubanos (74%), que chegarão ao Brasil na próxima segunda-feira (26),
vai trabalhar nas regiões Norte e Nordeste, informou hoje (22) o secretário de
Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. "A vantagem dos
acordos bilaterais é que eles estão vindo para aqueles locais onde o Brasil
indica que é preciso um médico. São regiões que não foram escolhidas pelos
médicos brasileiros nem estrangeiros", explicou. O secretário participou,
durante a manhã, de um encontro preparatório sobre o Programa Mais Médicos com
representantes de prefeituras paulistas.
O
anúncio da contratação de profissionais de Cuba foi feita ontem (21) pelo
ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Espera-se que, até o final do ano, 4 mil
médicos cheguem ao país. Nesta primeira etapa do acordo, que inicia na
segunda-feira, 400 profissionais desembarcam no Brasil e mais 2 mil são
aguardados no dia 4 de outubro. Eles vão passar pelo mesmo processo de
avaliação dos médicos com diploma estrangeiro e não precisarão revalidar o
diploma.
Os
cubanos vão suprir a demanda de 701 municípios que não foram escolhidos por
nenhum médico na primeira chamada do programa. "São médicos que se
dispõem, que têm muita experiência em missões internacionais e já atuaram em outros
países. Dentro de um acordo bilateral, eles vão trabalhar em locais onde há
infraestrutura e um acolhimento da prefeitura", destacou Barbosa.
O
secretário rebateu a crítica de entidades
médicas brasileiras de que esses profissionais estariam
vindo ao país em regime de semiescravidão. "Todos esses médicos estão
vindo voluntariamente. Terão previdência paga pelo ministério. Alimentação e
moradia paga pelo município. Dificilmente isso se assemelha a qualquer coisa
parecida com escravidão", respondeu.
Especificamente
sobre os médicos de Cuba, Barbosa reforçou que o Brasil repassará ao governo
cubano a mesma quantia destinada aos demais profissionais, R$ 10 mil. O repasse
será feito por intermédio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
"Nós repassamos o recurso para a Opas, que, por sua vez, passa ao
Ministério da Saúde de Cuba, que paga os cubanos. Eles vão receber o salário
que o governo paga em missões no exterior", apontou, sem informar o valor.
Segundo
o secretário, cerca de 30 mil médicos cubanos trabalham em outros países, como
Haiti e Venezuela. "Não podemos pagá-los diretamente. O governo cubano só
aceita enviar através de um acordo bilateral", disse. Ele relembrou que
essa prática, de importação de médicos, já foi adotada no Brasil, na década de
1990, quando a maioria dos médicos da atenção básica em Roraima, no Tocantins e
em alguns estados do Nordeste era de Cuba. "Nunca soubemos de nenhum erro
desses médicos e nenhum problema de imperícia. Nem mesmo que tenha havido
denúncia de trabalho escravo", declarou.
Barbosa
informou que esses profissionais, assim como os demais contratados, terão
alimentação e moradia custeados pelo governo municipal. "Pela formação
mais completa que eles têm, específica em atenção básica de saúde, nada indica
que eles não vão prestar um excelente trabalho agora", defendeu. Ele
aposta que a contribuição do país parceiro terá impacto, sobretudo, na redução
da mortalidade infantil, dos casos de tuberculose, de hanseníase. "Eles
vão fazer com que essas pessoas tenham mais acesso à saúde", declarou.
Agência Brasil
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