A exumação dos
restos mortais do ex-presidente João Goulart deve ocorrer até o fim deste ano. A decisão foi anunciada hoje (9) após
reunião dos integrantes da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e de parentes do
ex-presidente com a secretária de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da
República, Maria do Rosário |1|. A exumação faz parte de uma investigação para
esclarecer se a causa da morte João Goulart foi mesmo um ataque cardíaco,
conforme divulgaram na ocasião as autoridades do regime militar. O processo de
exumação deve ser iniciado em setembro.
"Há tempo
vínhamos convivendo com a dúvida, uma dúvida pertinente à morte do nosso pai, o
presidente João Goulart, e hoje nós vimos o avanço do Estado brasileiro",
disse, após a reunião, o filho do ex-presidente, João Vicente Goulart.
"Nós estamos encarando isto como um desafio histórico, e para virar uma página
que a nossa família precisa. O Estado brasileiro também precisa investigar, e
está dando uma resposta a esses anseios. O Brasil precisa mostrar às novas
gerações que este país teve um passado, não apenas com Jango, mas com outras
vítimas da ditadura militar", completou.
João Goulart
morreu no exílio, no dia 6 de dezembro de 1976 em Mercedes, cidade do Norte da
Argentina. Parentes e amigos próximos do ex-presidente sustentam a tese de que
a morte pode ter ocorrido em função da substituição de medicamentos rotineiros
de Goulart, feita por agentes da repressão uruguaia. As investigações
conduzidas pela CNV, apontam que o ex-presidente foi mais uma vítima da Operação Condor |2|, montada pelas ditaduras
militares do Brasil, da Argentina e do Uruguai para perseguir opositores.
Em 2007, os
parentes entraram com um pedido para que o Ministério Público Federal no Rio
Grande do Sul abrisse investigação sobre o assunto. Em 2011, o pedido foi estendido à Comissão Especial sobre Mortos e
Desaparecidos Políticos da SDH e este ano à Comissão Nacional da Verdade |3|, que
vai coordenar o processo. A exumação dos restos mortais do ex-presidente será
feita por peritos da Polícia Federal (PF), em Brasília. Além do Ministério
Público Federal no Rio Grande Sul, o trabalho será acompanhado pela Cruz
Vermelha Internacional e por peritos uruguaios.
A coordenadora
da CNV, Rosa Cardoso explicou que, devido ao tempo da morte de Goulart, a exumação poderá não trazer evidências
conclusivas |4|, em função do nível de decomposição óssea, mas que as
diligências da comissão poderão complementar as possíveis lacunas. "Esta
diligência, que é a exumação, faz parte de um quadro mais geral da
investigação, portanto, não é conclusiva. Se nós tivermos um resultado
desfavorável, nós podemos entender também que a passagem do tempo desfigurou o
material a ser investigado", disse Rosa Cardoso, ressaltando que a
investigação está inserida em um quadro mais abrangente que traz evidências,
"que mostram um conjunto de provas no sentido de que o nosso ex-presidente
foi assassinado; não morreu de morte natural". Rosa Cardoso declarou ainda
que, caso necessário, o governo poderá requisitar técnicos e equipamentos de
outros países.
De acordo com
o chefe da Divisão de Perícias da PF, Amaury de Souza Junior, neste primeiro
momento houve a definição das competências do grupo pericial, formado por
especialistas das áreas de antropologia, química, medicina, odontologia,
farmácia e genética forense. O grupo deve reunir documentos relativos ao
histórico médico de Jango, como era chamado o ex-presidente, como laudos e
dados clínicos e à necrópsia do corpo, ainda no mês de agosto. Em setembro, os
peritos farão a programação do processo de exumação. "Nós começamos
trabalhar as informações de documentos e, a partir dessas informações, vamos
iniciar o processo tanto de exumação como de análise química", disse.
Os peritos
uruguaios e a Cruz Vermelha Internacional auxiliarão no trabalho, com a
experiência adquirida em processos semelhantes, ocorridos no Uruguai e também
no Chile, como as exumações dos restos mortais do ex-presidente chileno
Salvador Allende e do poeta chileno Pablo Neruda, informou Suza Junior.
|1|Comissão da Verdade discute
medidas para exumação dos restos mortais de Jango
A Comissão
Nacional da Verdade está reunida neste momento, em Brasília, com a família do
ex-presidente João Goulart para decidir as medidas necessárias à exumação dos
restos mortais de Goulart, a fim de tentar esclarecer a causa de sua morte,
devido a suspeitas de que ele teria sido assassinado e não morrido em
consequência de um ataque cardíaco, como foi divulgado à época.
O
ex-presidente morreu com 57 anos, no dia 6 de dezembro de 1976, quando estava
exilado na Argentina, no município de Mercedes, departamento de Corrientes.
Goulart presidiu o Brasil de 7 de setembro de 1961 a 1º de abril de 1964,
quando foi deposto em um golpe militar. As suspeitas são de que ele teria sido
vítima de uma articulação da Operação Condor, montada pelas ditaduras militares
do Brasil, Argentina e Uruguai para perseguir opositores.
A ministra da
Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, disse ao abrir a reunião que
a investigação está sendo feita a pedido da família e que é um dever do Brasil
promover o resgate histórico das circunstâncias que envolvem a morte de Jango,
como era conhecido o ex-presidente, “que foi deposto, perseguido pela ditadura
militar e é o único presidente da República brasileiro que morreu no exílio”.
A ministra de
Direitos Humanos disse que o objetivo da reunião é constituir um grupo de
trabalho para coordenar a exumação e a perícia dos restos mortais do ex-presidente,
enterrados no município gaúcho de São Borja. Segundo ela, “é necessário que as
circunstâncias de sua vida e sua morte sejam conhecidas da nação brasileira”.
Maria do
Rosário reconheceu que, devido ao tempo decorrido desde a morte de Jango, a
perícia pode não esclarecer as dúvidas sobre as causas do óbito, mas o governo
se sente obrigado a atender ao pedido da família e providenciar os meios
necessários para a realização da perícia técnica e documental.
Além da
família do ex-presidente, participam da reunião a secretária de Direitos
Humanos do Uruguai (país onde Jango esteve exilado antes de ir para a
Argentina), Graciela Jorge; representantes da Cruz Vermelha Internacional e
Brasileira; e peritos da Polícia Federal.
|2|Documentos entregues à Comissão
da Verdade mostram que Brasil criou e comandou Operação Condor
“O Brasil,
definitivamente criou e comandou a Operação Condor. Os documentos que eu trouxe
aqui provam”, disse o ativista em direitos humanos, Jair Krischke em depoimento
prestado hoje (26) à Comissão Nacional da Verdade (CNV), que apura as violações
de direitos humanos, praticadas por agentes públicos no período da ditadura
militar.
Presidente do
Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), Krischke entregou à
representante da comissão, Rosa Maria Cardoso da Cunha uma série de documentos
secretos que relatam a perseguição e captura de dissidentes políticos
além-fronteira, com a colaboração das ditaduras da Argentina, Bolívia, do
Chile, Paraguai e Uruguai.
De acordo com
Krischke, a Operação Condor teve como objetivo reprimir e eliminar os
opositores das ditaduras que vigoravam nesses países. “As ditaduras trocavam
informações, prisioneiros e assassinatos, realizando operações conjuntas
altamente clandestinas, sem respeitar as normas internacionais e
diplomáticas existentes”, disse.
Durante seu
depoimento, Krischke também contestou a versão oficial das autoridades
militares brasileiras sobre a queima de arquivos do período. Ele disse que
muitos arquivos estão nas mãos de chefes militares à época. “Sabemos que
existem [arquivos] nas mãos do Major Curió e de tantos outros que são mais
discretos. É preciso continuar na luta para abrir os do Exército e demais
arquivos”, disse .
Krischke disse
à Comissão da Verdade que a primeira evidência da Operação Condor relata a
prisão do ex-coronel do Exército Jefferson Cardin Osório na Argentina, em
dezembro de 1970, o primeiro alvo da operação. Em outubro , a Agência Brasil revelou a
existência da operação de sequestro de Osório |2.1|.
Em 1965,
Osório comandou a Guerrilha de Três Passos, em Porto Alegre, no Rio Grande do
Sul, a primeira contra o regime militar do Brasil e, por isso, era um militante
visado. Um ano antes, ele teve os direitos políticos cassados pelo Ato
Institucional 4, de 1964.
Outro
documento apresentado mostra a colaboração do Exército argentino com o governo
brasileiro na prisão do militante Edmur Péricles Camargo, em 1971. Ele foi
detido quando fazia escala em Buenos Aires, em um voo que partiu de Montevidéu
em direção ao Chile.
A
representante da Comissão da Nacional da Verdade, Rosa Maria Cardoso, disse que
os documentos vão contribuir para resgatar a história do período. “Nós vamos
caracterizar a operação, levantando questões factuais e evidências também.
Vamos anexar no nosso relatório final a comprovação do que estamos dizendo”,
disse.
Parte do
material apresentado por Krischke foi recebido de autoridades argentinas e trazem os nomes brasileiros ou
descendentes desaparecidos na Argentina |2.2|. por ações combinadas da
repressão dos dois países. A Operação Condor é objeto de uma investigação na
Justiça Federal daquele país, denominada Causa Condor.
“Lamento que
as autoridades brasileiras não tenham nenhuma atitude com relação a esses
casos. Acho que ao final dos trabalhos da comissão eles têm que ser
encaminhados ao Ministério Público”, disse Krischke.
Amanhã (27), a
Comissão Nacional da Verdade vai receber das mãos do governador do Rio Grande
do Sul (RS), Tarso Genro, documentos que relevam detalhes sobre o episódio
Riocentro (1981) e sobre o desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva (1971).
O material foi apreendido pela Polícia Civil gaúcha na residência do coronel do
Exército Júlio Miguel Molinas Dias, ex-comandante do Destacamento de Operações
de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), assassinado
no início do mês em Porto Alegre.
|2.1|Documentos obtidos pela TV
Brasil mostram que Operação Condor começou antes da criação oficial
Chefiados por
ditaduras militares, o Paraguai, Uruguai, a Argentina, o Chile, a Bolívia e o
Brasil, uniram-se para reprimir os opositores ao regime que vigorava nesses
países, ação que ficou conhecida como Operação Condor. O documento que cria
oficialmente a cooperação é de dezembro de 1975, mas documentos inéditos,
obtidos com exclusividade pela reportagem da Empresa Brasil de Comunicação (EBC),
comprovam que o esquema já existia cinco anos antes.
Um desses
documentos relata a prisão do ex-coronel do Exército Jefferson Cardin Osório na
Argentina, em dezembro de 1970, o primeiro alvo da Operação Condor. Em 1965,
Osório comandou a guerrilha de Três Passos, em Porto Alegre, no Rio Grande do
Sul, a primeira contra o regime militar do Brasil e, por isso, era um militante
visado. Um ano antes, ele teve os direitos políticos cassados pelo Ato
Institucional 4, de 1964.
A prisão de
Osório é detalhada em um documento da Embaixada do Brasil na Argentina. Nele, o
adido brasileiro conta que obteve informações sobre o local onde estava Osório
e como efetuou a prisão com o auxílio da polícia argentina. No texto, o
representante brasileiro ressalta a existência de um decreto que permitia que
os presos fossem entregues às autoridades brasileiras.
O acordo
permitia “a expulsão de estrangeiros que contribuíssem para a desarmonia entre
países e se mostrassem ligados às atividades subversivas”, conforme o
documento. Com base na política de cooperação entre os países, Osório, o filho
dele e um sobrinho foram trazidos ao Brasil de forma sigilosa e o destino foi
ocultado da família.
Para Jair
Krischke, presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, a ação
comprova como os países, inclusive o Brasil, já agiam mesmo antes da criação
oficial da Operação Condor. “Podemos nomear vários casos da Operação Condor,
realizada pelo Brasil em cooperação com o Uruguai, Chile e com a Argentina. E,
muitíssimo antes da famosa reunião de Santiago do Chile, que é novembro de 75
[1975]. O Brasil operava com total discrição, muito na característica da
ditadura brasileira, sem deixar impressões digitais, sempre cauteloso no agir,
diferentemente dos outros aparelhos repressivos da região que tinham plena certeza
da impunidade, que iam passar impunes a vida toda. E o Brasil sempre se
resguardou,” explicou.
Mesmo sem ter
assinado a ata de criação da operação, em uma reunião realizada em Santiago, a
capital chilena, o Brasil teve participação fundamental na estrutura da Condor,
na avaliação de Krischke. “O aparelho repressivo brasileiro, já altamente
sofisticado, em dezembro de 70, realiza a primeira Operação Condor em Buenos
Aires”, revelou, em referência à prisão de Osório.
A TV Brasil iniciou ontem (15) a
exibição da série jornalística, com quatro reportagens, sobre a Operação
Condor. Até o dia 19, o Repórter Brasil Noite vai exibir uma
reportagem, sempre às 21h, com reprise noRepórter Brasil Manhã, às 8h. Depoimentos
completos, fotos e documentos estão disponíveis no portal da EBC, no endereço www.ebc.com.br/operacaocondor
|2.2|Comissão Nacional da Verdade
vai buscar informações sobre desaparecidos da Operação Condor
A dor de quem
tem um parente desaparecido parece eterna. É o caso de Deni Peres, que não sabe
o paradeiro do irmão Luiz Renato Pires, o único brasileiro que desapareceu na
Bolívia, vítima da Operação Condor, ação conjunta entre seis países
sul-americanos, inclusive o Brasil, contra opositores às ditaduras militares,
no fim da década de 1970.
“É a falta de
não ter enterrado um corpo, não ter um final”, desabafa Deni Peres. O governo
do Brasil reconheceu, até hoje, o desaparecimento de 13 brasileiros fora do
país durante a operação, sendo sete na Argentina, cinco no Chile e apenas um na
Bolívia.
Na tentativa
de esclarecer o que ocorreu com esses desaparecidos políticos, a Comissão
Nacional da Verdade criou um grupo exclusivo para tratar da Operação Condor. A
coordenadora do trabalho e conselheira da comissão, Rosa Maria Cardoso, diz que
o grupo irá em busca de documentos e depoimentos para resgatar a história. “Nós
vamos caracterizar essa operação, levantando questões factuais e evidências
também. Vamos ver os antecedentes no caso brasileiro”, disse.
O trabalho do
grupo é visto por muitos como um princípio para se tentar apurar os crimes –
como o desaparecimento de pessoas – cometidos durante a vigência da operação
político-militar. Para a deputada federal e presidenta da Comissão de
Direitos Humanos da Câmara, Luiza Erundina (PSB-SP), a Lei da Anistia é um dos
entraves para as investigações. “Os generais militares foram anistiados com a
Lei da Anistia e os opositores tiveram que pagar com prisão, com exílio, com
processos na Justiça Militar. Lamentavelmente, é isso que a gente não pode
permitir, que haja mais retrocesso da democracia brasileira”, conclui.
Para o
presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke, em alguns
dos países que integraram a Condor - como, por exemplo, a Argentina - a
apuração dos crimes está em ritmo avançado. “Precisamos resgatar a verdade. A
Comissão Nacional da Verdade tem a obrigação para com o povo brasileiro de
resgatar essa verdade. Tem que dizer quem fez o quê.”
Ele ressalta a
criação das comissões estaduais da Verdade, que servirão para impulsionar a
comissão nacional. “Quanto mais, melhor. Para ver se nós conseguimos, ao final
das contas, chegar onde devemos chegar, que é apontar aqueles que foram
responsáveis por esses crimes.”
Desde
segunda-feira (15), a TV Brasil exibiu a série jornalística, com
quatro reportagens, sobre a Operação Condor. A última foi exibida ontem
(19) no Repórter Brasil Noite, com reprise hoje (20) no Repórter
Brasil Manhã, às 8h. Depoimentos completos, fotos e documentos estão
disponíveis no portal da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), no Endereço
www.ebc.com.br/operacaocondor.
|3|Comissão da Verdade vai
investigar morte do presidente João Goulart
A Comissão
Nacional da Verdade (CNV) deve investigar a morte do presidente João Goulart, o
Jango. A família do presidente fez um pedido formal à CNV para esclarecer a
morte de Jango. O documento foi entregue hoje (18) pelo diretor do Instituto
João Goulart e filho de Jango, João Vicente Goulart. A família acredita que foi
assassinado pela ditadura militar.
Em 6 de
dezembro de 1976, Jango morreu na cidade argentina de Mercedes, onde também
viveu durante o exílio. A certidão de óbito diz que o presidente foi vítima de
um ataque cardíaco. A família, no entanto, suspeita das circunstâncias da morte
de Jango, pelo fato de que o presidente estava se organizando para voltar ao
Brasil com o intuito de atuar contra o regime militar.
Para a
família, Jango foi vítima de envenenamento, como parte da Operação Condor, ação
coordenada entre os regimes militares de países sul-americanos contra seus
opositores. Os parentes defendem que seja feita uma autópsia, o que não foi
permitido na ocasião da morte de João Goulart, que estava exilado na Argentina.
Deposto pelo golpe militar em 1964, Jango exilou-se com a família no Uruguai e,
depois, na Argentina. Mesmo depois de retirado da Presidência da República,
continuou sendo alvo do regime militar.
No
requerimento apresentado à Comissão Nacional da Verdade, o Instituto João
Goulart pede que seja feita coleta de testemunhos e documentos, além de
consultas oficiais a autoridades dos Estados Unidos, do Paraguai, Chile,
Uruguai e da Argentina.
Integrante da
CNV, Rosa Cardoso disse que com os documentos apresentados há “um conjunto de
indícios muito concludente" e que apontam que Jango pode ter sido vítima
"da operação repressiva, dessa repressão terrível que se impôs aos
exilados".
O pedido foi
apresentado durante uma audiência pública realizada pela CNV, em parceria com a
Comissão Estadual da Verdade de Porto Alegre, para ouvir relatos de 13
militantes de diversos grupos de resistência ao regime ditatorial sobre
violências sofridas durante o período (1964 a 1985).
|4|Exumação dos restos mortais de
João Goulart poderá não ser conclusiva, diz Rosa Cardoso
A exumação dos
restos mortais do ex-presidente João Goulart poderá ter um resultado não
conclusivo, disse hoje (4) Rosa Cardoso, integrante da Comissão Nacional da
Verdade (CNV). “Já temos uma avaliação da Polícia Federal dizendo que mesmo que
o resultado seja negativo, não é inteiramente conclusivo. Pode não haver ainda
tecnlogia para alcançar o resultado. O nível de decomposição da massa óssea
pode ser grande demais, impedindo que cheguemos a uma assertiva”, declarou.
Rosa Cardoso está na capital fluminense participando de uma audiência da CNV
para ouvir militares perseguidos pela ditadura
A exumação dos
restos mortais do presidente João Goulart ainda não tem data definida para ser
feita. A CNV informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que uma
força-tarefa formada por integrantes da CNV, da Polícia Federal, da Secretaria
de Direitos Humanos, da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, da
Ordem dos Advogados do Brtasil e do Ministério Público Federal no Rio Grande do
Sul está sendo criada para tratar do assunto.
Rosa Cardoso
informou que peritos internacionais estarão participando da exumação. “Vamos
querer, para dar mais autenticidade e imparcialidade a esse trabalho de perícia,
que participem peritos da Argentina, do Uruguai, do Chile e de outros países
que tenham tecnologia para essa perícia mais avançada. Queremos pegar peritos
dos países que estiveram envolvidos na Operação Condor, mas também de países
que tenham tecnologia de ponta para que a gente chegue a resultados mais
conclusivos”, ressaltou.
A exumação foi
pedida pela família de João Goulart durante audiência da Comissão Nacional da
Verdade em Porto Alegre. Ela suspeita que o ex-presidente tenha morrido por
envenamento. Jango morreu em dezembro de 1976, durante o exílio na Argentina. O
corpo foi enterrado em São Borja, no Rio Grande do Sul. “Para a família é um
terrível martírio. Convivemos esses anos todos sem saber exatamente o que
aconteceu”, disse João Vicente Goulart, filho do ex-presidente.
Segundo ele, o
caso “está envolvido em mistério desde o dia da morte” do pai. “Não houve
autópsia nem no Brasil nem na Argentina” Havia uma certidão de óbito
completamenter espafúrdia. O caixão estava fechado, selado, sem poder abrir”,
disse. De acordo com João Vicente, já em 1976 surgiram dúvidas sobre as causas
da morte do ex-presidente.
“Gerou-se uma
grande dúvida já em 1976. Fora os documentos que foram depois liberados pelo
Departamento de Estado [norte-americano]. Há documentos indicando que agentes
do Dops [Departamento de Ordem Política e Social] e do SNI [Serviço
Nacional de Informações] estavam dentro da nossa casa no exílio, subtraindo
documentos de forma clandestina. Há fotos de agentes do SNI no aniversário de
meu pai. Temos uma confissão de um ex-agente, do servicço secreto do Urugai,
que disse que participou”, declarou.
da Agência
Brasil
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Abração
Dag Vulpi