domingo, 16 de junho de 2013

Comentaristas criticam Blatter por tentar impedir vaias para Dilma

Vagner Vilaron diz que 'pior que a vaia é o presidente da Fifa vir até aqui e tentar dar uma lição de moral e puxar a orelha da população'


A presidente da República, Dilma Rousseff, foi vaiada no Estádio Nacional Mané Garrincha antes da vitória do Brasil sobre o Japão, por 3 a 0, na estreia na Copa das Confederações. Bastou a governante ter seu nome anunciado por Joseph Blatter, presidente da Fifa, que o público iniciou a manifestação. Para os comentaristas Wagner Vilaron e Maurício Noriega, Blatter - que chegou a interceder em favor da presidente, ao pedir “amigos do futebol brasileiro, onde estão o respeito e o fair-play, por favor?” -, desrespeitou os torcedores ao tentar impedir as vaias para a presidente brasileira.

Dilma é vaiada na cerimônia de abertura da Copa das Confederações (Foto: Agência Reuters)
- Concordo que tenha sido uma atitude deselegante, mas é a população que está ali. Foi uma manifestação popular. Era o povo que estava ali. Acho que pior que a vaia, que de certo ponto é legítima, é o presidente da Fifa vir até aqui e tentar dar uma lição de moral e “puxar” a orelha da população que estava ali no estádio. Blatter: vai cuidar da Copa do Mundo, da Copa das Confederações. Deixe que os problemas do Brasil, a gente resolve por aqui – opinou Vilaron.

A opinião foi compartilhada por Noriega.


- Enquanto for assim, está tudo bem. É livre a manifestação. Pode se argumentar que é deselegante nesse momento, mas é uma manifestação democrática da população, que pagou seu ingresso para estar ali. E que representa um momento delicado do país, que está sendo mostrado para os jogadores, dirigentes e jornalistas que aqui estão. Mas não houve violência, irracional, nada exagerado. Claro que fica chato para todo mundo que está envolvido. Mas faço minhas as palavras do Vilaron. Mais deselegante que as vaias é a atitude do presidente da Fifa. Ele desrespeitou os verdadeiros donos da casa, que são os brasileiros – afirmou Noriega.


Já o comentarista André Rizek recorreu ao escritor Nelson Rodrigues, que certa vez escreveu que “brasileiro vaia até minuto de silêncio” para falar sobre os apupos a Dilma. E deu uma ideia para que as próximas cerimônias não tenham vaias.



- Blatter foi apresentado a uma das características do povo brasileiro: um pouco de senso de humor, misturado com uma falta de educação também, impedindo que eles falassem. Mas se a Copa das Confederações é um evento-teste, de onde tiramos lições para a Copa do Mundo, e é protocolar em Copas que o presidente da Fifa abra a competição com o presidente da República, acho que já convém pensar em colocar o Pelé, talvez um das poucas unanimidades. Acho que vai evitar que a gente passe por um constrangimento como esse que a gente passou em Brasília. Acredito que o Pelé abrindo (a Copa do Mundo) seria uma maneira agradável de evitar o que a gente viu em Brasília – resumiu.

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