Do jprnal GGN
O delegado
Protógenes não acusou a subprocuradora geral da República Cláudia Sampaio
de ter recebido R$ 280 mil, como afirma a manchete do Estadão. Com seu estilo
tosco, Protógenes fez uma ironia com o fato de, segundo ele, Cláudia ter se
baseado em informações falsas para aprovar a quebra de seu sigilo bancário e
fiscal:
“Essa mulher
(Cláudia) fez isso (...) Essa certidão vai ter que atestar que não existe 280
mil apreendidos, eu não sei de onde ela tirou, talvez seja os 280 mil que o
Daniel Dantas tenha dado para ela, prá dar esse parecer... de cafezinho,
né?"
A manchete realçando
a acusação de Protógenes desvia o foco dos fatos realmente relevantes.
Segundo a
versão de Protógenes:
Ele sofre
processo em São Paulo, que chegou ao STF (Supremo Tribunal Federal) devido ao
fato de ter sido eleito deputado federal.
Cláudia Sampaio
deu um primeiro parecer pelo arquivamento do processo.
Posteriormente
assume o caso o ex-procurador geral Aristides Junqueira. Carmen dá um segundo
parecer voltando atrás e recomendando a quebra de sigilo das contas bancárias e
telefônicas de Protógenes. Vale-se de dois argumentos:
A Polícia
Federal teria apreendido R$ 280 mil em dinheiro vivo em sua casa. Segundo
Protógenes, não existe nenhum documento da PF sobre a suposta apreensão de
dinheiro. Se ele estiver correto, a PGR teria se baseado em um documento falso.
E o Ministro José Dias Tofolli teria endossado a farsa.
Há três
imóveis que foram transferidos de um policial aposentado para Protógenes.
Segundo o delegado, esses imóveis foram adquiridos no período em que ele
advogava. Sendo verdadeira sua afirmação, independentemente da origem lícita ou
não dos imóveis, a compra teria ocorrido muito antes da operação Satiagraha.
Tem-se,
portanto, um quadro bastante objetivo para se avaliar a conduta do Procurador
Roberto Gurgel e de sua esposa.
Teste 1 –
o PGR apresentar o laudo da PF comprovando a apreensão dos R$ 280 mil na casa
de Protógenes.
Teste 2 –
o PGR apresentar os documentos que comprovariam que Protógenes recebeu os
imóveis no período de investigação da Satiagraha.
Se não
conseguir comprovar esses dois pontos, em uma situação pouco usual – da PGR
mudando sua opinião sobre um pedido que ela mesmo já havia julgado improcedente
-, Roberto Gurgel dará razão aos seus críticos. Se comprovar, nem o mandato
salvará Protógenes.
Por Vânia Do
Estadão
Em palestra,
deputado acusa Cláudia Sampaio de receber dinheiro de Daniel Dantas e levanta
suspeitas sobre o marido dela, Roberto Gurgel
Fausto Macedo,
com colaboração de Ricardo Chapola
O deputado
federal Protógenes Queiroz (PC do B-SP) acusou a subprocuradora-geral da
República Cláudia Sampaio de ter recebido R$ 280 mil do banqueiro Daniel
Dantas, do Banco Opportunity. Protógenes sugeriu que o dinheiro teria sido dado
para que ela emitisse parecer ao Supremo Tribunal Federal favorável à quebra de
seu sigilo telefônico, fiscal e bancário. Ele disse ainda que Dantas teria
oferecido dinheiro ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, marido de
Cláudia.
Protógenes fez
as acusações no dia 9 de maio durante uma palestra na Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), subseção de São Caetano do Sul, cidade da Grande São Paulo. Tema
do encontro era "Os bastidores da Operação Satiagraha". Ele afirmou
também que Dantas, a quem chamou de "banqueiro bandido", ofereceu US$
20 milhões a um delegado da Polícia Federal e a cinco policiais, mas não citou
nomes nem o motivo da oferta.
A Satiagraha é
um capítulo emblemático da história recente da Polícia Federal. Protógenes, então
delegado, comandou a operação em 8 julho de 2008, que culminou com a prisão de
Dantas. O banqueiro foi colocado em liberdade em menos de 24 horas por ordem do
ministro do Supremo Gilmar Mendes.
A operação foi
completamente anulada pelo Superior Tribunal de Justiça por ilegalidades e
emprego de arapongas da Agência Brasileira de Inteligência. Protógenes foi
condenado a 3 anos e 11 meses de prisão por fraude processual e violação de
sigilo funcional – ele teria vazado dados da Satiagraha (mais informações ao
lado). Sua relação com o empresário Luiz Roberto Demarco, desafeto de Dantas,
também é investigada.
O caso foi
bater no STF, porque Protógenes assumiu o mandato parlamentar, ganhando foro
privilegiado. Inicialmente, Cláudia Sampaio se manifestou pelo arquivamento da
investigação. No fim de abril, ela reapresentou parecer, agora favoravelmente à
apuração, acolhendo informação de que Protógenes mantém conta bancária na Suíça
e de que em sua residência a PF havia apreendido R$ 280 mil em dinheiro. Com
base nesse parecer da subprocuradora, o ministro Dias Toffoli, do STF, decretou
a quebra do sigilo bancário, telefônico e fiscal do deputado. Demarco também é
investigado.
Protógenes
afirmou em sua palestra que vai pedir à Justiça certidão comprovando que não houve
a apreensão daquele dinheiro. "Essa mulher (Cláudia) fez isso (...) Essa
certidão vai ter que atestar que não existe 280 mil apreendidos, eu não sei de
onde ela tirou, talvez seja os 280 mil que o Daniel Dantas tenha dado para ela,
prá dar esse parecer... de cafezinho, né?"
'Luminoso'
Em seguida,
aponta para o chefe do Ministério Público Federal. "Daniel Dantas ofereceu
20 milhões de dólares para um delegado da Polícia Federal e cinco policiais,
quanto que não deve ter oferecido, não ofereceu, para o procurador-geral da
República, né? Então, eu vou exigir deles também que exponham o seu sigilo
bancário, que exponham seu sigilo telefônico, né, prá gente ver de onde saiu
esse luminoso parecer."
Protógenes
citou Cláudia Sampaio a partir do 38.º minuto de sua fala de 1 hora e 48
minutos. "A procuradora, Cláudia, é mulher do procurador-geral, ela é
mulher dele e trabalha juntamente analisando todos os pareceres que são
proferidos por ele. Ela faz o parecer e ele fala ‘aprovo’. Foi para ela
novamente, e ela fez um novo parecer totalmente detalhado contra mim
diretamente. Contra os outros não. Só a mim como alvo. No parecer diz que na
minha casa houve uma busca e apreensão. Eles estava atrás de fragmentos da
Operação Satiagraha, das interceptações. Tem muito segredo aqui, só que eu não
vou guardar esses dados, está com alguns juízes. Ela diz que encontraram na
minha casa 280 mil reais. Não tem isso na apreensão. Ela escreveu isso e
assinou."
Aos 47 minutos
ele acusou Cláudia de ter recebido os R$ 280 mil. Disse que em nenhum outro
caso a Procuradoria voltou atrás. Quando a palestra atingiu 1 hora e 7 minutos,
o deputado disse: "É perigoso para o Estado ver instituições superiores
comprometidas e corruptas".
Ele se
insurgiu contra as suspeitas que cercam seu patrimônio – Protógenes recebeu
imóveis "em doação" de um ex-policial federal, José Zelman. "Ela
(Cláudia) diz que o meu patrimônio é suspeito, que inclusive eu tenho uma casa
de praia em Niterói, num condomínio chamado Camboinhas, e que tenho apartamento
no Jardim Botânico. Sustenta que a minha casa vale um milhão de reais, e que
esse apartamento vale também um milhão. Só que ela esqueceu de um detalhe. Esse
patrimônio eu constituí quando eu era advogado."
Gurgel vê caso
como 'calúnia' e Dantas vai ao STF
O procurador-geral
da República, Roberto Gurgel, classificou de calúnia as acusações de Protógenes
Queiroz. "A calúnia foi feita imediatamente após terem sido requeridas
diligências em inquérito a que o deputado responde no STF, circunstância que
fala por si mesma", declarou Gurgel.
A defesa de
Daniel Dantas disse que entrou com queixa-crime no Supremo Tribunal Federal
contra o deputado Protógenes Queiroz (PC do B-SP) por calúnia e injúria. A ação
é decorrente das declarações do parlamentar na OAB de São Caetano do Sul.
"Ingressamos com queixa-crime no STF, imputando ao deputado Protógenes
Queiroz a prática de calúnia e injúria, não acobertadas pela imunidade
parlamentar", disse o advogado de Dantas, Andrei Zenkner. A assessoria do
Opportunity destaca que a Justiça decretou a nulidade da Satiagraha.
A criminalista
Elizabeth Queijo, que defende Luiz Roberto Demarco, assinalou que os autos
estão sob sigilo. "Na realidade, sobre o conteúdo da decisão eu estou
impedida de comentar pelo dever do sigilo. Esse caso para mim está sob sigilo.
E por essa exclusiva razão não vou me manifestar sobre o conteúdo da decisão.
Mas a defesa deve apresentar medidas nos próximos dias em relação a isso."
Protógenes não
respondeu ao contato da reportagem do Estado.
Para lembrar:
Delegado foi condenado
A Operação
Satiagraha, deflagrada pela Polícia Federal em 8 de julho de 2008, prendeu o
banqueiro Daniel Dantas, o investidor Naji Nahas, o ex-prefeito Celso Pitta e
outros 14 acusados por suspeita de desvio de recursos públicos, corrupção, fraude,
gestão fraudulenta de instituição financeira, evasão de divisas, lavagem de
dinheiro e formação de quadrilha.
Durante a
operação, foi revelado que arapongas da Agência Brasileira de Inteligência
(Abin) atuaram em parceria com a PF na Satiagraha. Criticado por não ter
notificado o comando da PF sobre a participação dos agentes, o delegado
Protógenes Queiroz, que comandava a Satiagraha, pediu afastamento. Em março de
2009, ele foi indiciado pela PF por quebra de sigilo funcional e violação da
Lei de Interceptações; em maio, foi denunciado criminalmente por quebra de
sigilo funcional e fraude processual. Em 2010, o delegado foi condenado a 3
anos e 11 meses de prisão. Protógenes, hoje deputado federal (PC do B-SP),
recorre em liberdade.
Via Facebook...
ResponderExcluirSe há alguém que sabe explorar o próprio ridículo, este alguém é Protógenes Queiroz. Jísusss! Entrou na PF com pé-de-cabra, arruinou uma operação que deveria acabar DILMAVEIZ com a carreira de um escroque internacional, Daniel Dantas; acusou Lula, apoiou Lula; deu condição de jogo total para a petralha mais infame...
Ed Lascar