Por Maria
Inês Nassif, do JornalGGN
O governador
de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), está menos próximo de uma candidatura à
Presidência da República pelo PSB do que há um mês. Se desistir, todavia, não
será porque o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu isso a ele, mas
porque ele próprio concluiu que foi precipitado, ao expor suas intenções de se
candidatar contra a presidenta Dilma Rousseff no ano que vem; que suas chances
eleitorais são muito pequenas e o caminho que trilhou para tentar um voo solo o
colocou numa situação difícil: não está mais junto ao governo federal, que o
ajudou firmemente na construção de projeto de desenvolvimento do Estado, e a
proximidade com a oposição não acena para ele com a possibilidade de vir a ser
um candidato de unidade contra Dilma. Não pareceu ser factível também a fórmula
que pretendia – a ideia de um candidato de oposição a Dilma que é amigo de
Lula, definitivamente, tinha poucas chances de emplacar.
Desde o ano
passado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula usou de infinita paciência e gastou
muita saliva para evitar que o PT entrasse em rota de colisão com o governador
Eduardo Campos. Não era o seu desejo perder Campos como aliado, inclusive
porque considerava que o governador pernambucano poderia ser uma boa opção de
candidatura à Presidência para 2018, quando Dilma deixaria o seu segundo
mandato e o PT completaria 16 anos de governo. O neto de Miguel Arrais seria
uma opção de candidatura porque é nordestino, tem carisma, foi um bom
aliado nos seus dois mandatos e mostrou capacidade administrativa no governo do
seu Estado. O PT, depois de mais um mandato de Dilma, precisaria também de um
tempo de afastamento do Palácio do Planalto para se rearticular internamente.
Há muito tempo responsável pela Presidência, o partido foi obrigado a colocar
em segundo plano a vida partidária, a formação de quadros e a definição
programática. Internamente, isso fortaleceu as burocracias em detrimento da
militância. Para o ex-presidente, 2018 seria um bom momento para o PT sair de
cena, e seria melhor que isso acontecesse pela vitória de um aliado, e não pela
derrota do partido para as forças oposicionistas.
Durante o
processo eleitoral para a escolha de prefeitos e vereadores, Lula usou de toda
a sua influência no partido para impedir uma cisão com o PSB, na definição do
candidato a prefeito de Recife. O PT de Recife não foi inteligente ao preterir
o prefeito João Costa (PT) na disputa, mas essa escolha foi apenas o pretexto
que Campos usou para lançar o seu próprio candidato. Nada que o PT fez foi à
revelia do governador porque Lula garantiu pessoalmente que isso não
acontecesse. E o ex-presidente, até o último momento, não acreditou que fossem
sérios os boatos de que Campos lançaria a sua própria candidatura à
Presidência.
Quando o
governador de Pernambuco explicitou sua intenção de ser candidato contra Dilma,
queimou a largada para a corrida presidencial de 2018 e não se viabilizou como
uma segunda via para 2014. Naquele momento, as pesquisas internas do PT já
deixavam claro que Campos apostara muito alto: Dilma havia reunido, como
candidata à reeleição, a aprovação de eleitores incondicionais de Lula e do PT
e havia construído um próprio patrimônio político em função de sua firmeza, ao
demitir sucessivos ministros devido a denúncias de corrupção. As pesquisas de
opinião divulgadas no último mês mostram o que PT já sabia: a presidenta Dilma
desfruta uma situação de conforto muito maior do que a de Fernando Henrique
Cardoso em 1997, um ano antes da disputa pelo seu segundo mandato presidencial,
que venceu já no primeiro turno; e de mais conforto em relação à Lula em 2005,
um ano antes do processo eleitoral.
Campos demorou
a perceber que, se são remotas as chances da oposição contra Dilma, é
igualmente difícil imaginar que um candidato possa dividir votos que já são
dela no campo progressista. Em 2014 se dará a quinta eleição em que vale a
regra da reeleição. Essa é uma lei nova para a tradição eleitoral
brasileira, mas o eleitor já mostrou que, na vigência dela, vale a máxima
de que "time que está ganhando, não se mexe".
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