Condenação de petistas aumenta expectativa
sobre julgamento de Eduardo Azeredo, réu no STF por peculato e lavagem de
dinheiro
As condenações em série de petistas no
processo do mensalão ampliaram o constrangimento dentro do PSDB e da oposição
com a situação de Eduardo Azeredo, deputado que é a principal estrela do
escândalo homônimo de Minas Gerais. Azeredo é réu no Supremo Tribunal Federal
por peculato e lavagem de dinheiro e vive a expectativa de ser julgado ainda em
2013.
Ele sustenta que o caso não passou de um
“problema de prestação de contas” da sua campanha para o governo mineiro em
1998, mas para tucanos o “fardo” persistirá até que o julgamento seja
realizado. Somente após isso é que alguma medida contra o deputado deverá ser
tomada.
O mensalão mineiro, ou mensalão tucano, foi
revelado durante a CPI dos Correios, em 2005. À época, Azeredo era presidente
nacional do PSDB. Apesar de ter acontecido quatro anos antes do esquema julgado
pelo Supremo no ano passado, o caso que envolve o deputado tucano chegou depois
ao Judiciário. Somente em 2009 a denúncia foi recebida.
O processo está sem relator desde que
Joaquim Barbosa assumiu a presidência da Corte. O caso irá para as mãos de um
novo ministro que ainda será indicado pela presidente Dilma Rousseff para
substituir Carlos Ayres Britto, aposentado em novembro de 2012. A fase atual é
de instrução, com a tomada de depoimentos e coleta de provas.
Parlamentares oposicionistas admitem nos
bastidores que a permanência de Azeredo tem impedido que o PSDB faça um
discurso ainda mais forte sobre as condenações petistas. Aliados de oposição,
políticos do DEM ressaltam que a postura dos tucanos no caso foi diferente da
tomada por eles quando surgiu o mensalão do DEM, no governo de José Roberto
Arruda no Distrito Federal, em 2009.
O partido forçou a saída da legenda de
Arruda e seu vice, Paulo Octávio. Na visão deles, a decisão foi acertada e
deveria ter sido tomada pelo PSDB em relação a Azeredo.
Esperança. Entre os tucanos, há uma
esperança de absolvição. O principal argumento é de que não cabia a Azeredo
cuidar das contas da própria campanha. Um dos caciques chegou a usar a palavra
“ingenuidade” ao se referir ao envolvimento do tucano com o escândalo.
Ex-governador de Minas, Azeredo é um
incômodo ainda maior para o PSDB por ser conterrâneo do senador Aécio Neves,
postulante do partido à Presidência da República. Em 1998, Aécio foi eleito
deputado federal apoiando a campanha de Azeredo, alvo da denúncia. O agora
senador tem defendido o julgamento e já deu declarações tentando diferenciar o
escândalo de Minas do que ocorreu no governo Lula.
O líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo
(PE), nega que haja semelhança de atuação dos tucanos com a postura de defesa
adotada pelo PT em relação aos condenados no mensalão. “O PSDB, diferente do
que o PT fez, não vai procurar ministro para postergar o julgamento. Vai
respeitar a Corte e respeitar o resultado”, diz. Ele diz acreditar na inocência
do colega.
Azeredo afirma que o apelido “mensalão” é
injusto com o caso do qual é o nome mais estrelado. “Não houve mensalão em
Minas Gerais. Mensalão é uma expressão para pagamento a parlamentares por votos
e isso não aconteceu”, disse ao Estado. A tese de “caixa dois”, porém, ficou enfraquecida
depois que o STF ressaltou que o destino do dinheiro não é capaz de anular
crimes cometidos anteriormente.
O deputado afirma não haver provas de
qualquer crime cometido e ressalta não ter sido o responsável pela prestação de
contas de sua candidatura. Culpa o então vice, o hoje senador Clésio Andrade
(PMDB-MG), pela contribuição feita a sua campanha pelo empresário Marcos
Valério Fernandes de Souza, condenado a mais de 40 anos de prisão pelo mensalão
petista. Clésio também responde a processo no STF. Sua assessoria afirma que
ele foi sócio de Valério por um curto período e que ele não comandou a campanha
que teve Azeredo como cabeça de chapa.
Sem apreensão. Azeredo ignora
descontentamentos em seu partido com sua permanência na sigla e acredita que os
colegas concordam na diferença entre o seu caso e o dos petistas condenados. “O
PSDB tem consciência de que são coisas absolutamente diferentes do que
aconteceu com o PT. Não tenho nenhuma apreensão”, afirma.
Estadão.com.br
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