O
resultado do julgamento da Ação Penal 470, o processo do mensalão, deve ser
publicado no início de 2013, segundo afirmou hoje (14) a ministra Cármen Lúcia,
do Supremo Tribunal Federal (STF). Somente com a publicação da decisão, o
chamado acórdão, as sentenças podem ser executadas ou recorridas.
“Como
esse processo foi bastante estudado pelos ministros, os votos estão prontos. A
publicação deve sair logo no início do semestre”, disse Cármen Lúcia nesta
manhã. Segundo a legislação vigente, os acórdãos devem sair até dois meses após
o julgamento, mas há casos no STF em que mais de um ano se passa sem a
publicação.
Cármen
Lúcia também criticou as brechas no sistema judicial que permitem vários
recursos para atrasar a execução da sentença. Para a ministra, o ideal é que as
decisões saiam “não tão depressa que parece que está com medo, nem tão devagar
que parece estar afrontando”.
“O
problema no Brasil é que tem muitos recursos e o processo eterniza. Tem que ter
direito de entrar, de recorrer, mas todo mundo é contra morosidade. A
morosidade da Justiça deve interessar a alguém. O processo é um jogo. Quem está
ganhando quer que acabe logo, o mais rápido possível. Quem está perdendo quer
estender”, analisou.
Cármen
Lúcia também disse não acreditar em crise entre o STF e o Legislativo sobre a
questão da perda de mandato de parlamentares na Ação Penal 470. Atualmente, o
placar está em 4 votos a 4: metade dos ministros acredita que a decisão é do
STF, a outra metade acredita que a prerrogativa é do Congresso Nacional. O voto
de desempate será do ministro Celso de Mello. Está em jogo o futuro político
dos deputados federais João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e
Pedro Henry (PP-MT).
"Eu
não acredito em crise de jeito nenhum. Eu não vi ninguém falando que não ia
cumprir [a decisão do Supremo]. Eu não acredito em descumprimento de decisão
judicial”, disse. Para a ministra, a suposta crise entre os Poderes é
"artificial" e as declarações do presidente da Câmara dos Deputados,
Marco Maia (PT-RS), estão no contexto de sua função como político.
Recentemente, Maia sinalizou que não pretende cumprir a decisão do STF, caso
contrarie a tese de soberania do Congresso Nacional na questão do mandato.
Cármen
Lúcia disse ainda que o publicitário Marcos Valério, principal articulador do
mensalão, só deve ter proteção se houver prova cabal de que está em risco. Em
suposto depoimento ao Ministério Público Federal, Valério disse que foi
ameaçado de morte por pessoas ligadas ao esquema. Agência Brasil
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