Por Leila Cordeiro
Durante meses de campanha eleitoral
para presidente nos EUA, falou-se em disputa acirrada entre os dois candidatos,
o democrata Barack Obama e o republicano Mitt Romney. Hoje, entretanto, depois
da reeleição de Obama, começo a pensar se além da rivalidade não existiu,
latente e implícito nas atitudes dos conservadores, o velho e enferrujado
preconceito que por séculos tomou conta do país de Tio Sam.
Se não, como explicar tantas ofensas
ao presidente da república, como se ele fosse alguém sem nenhuma importância e
que estivesse ali de favor, como nos velhos tempos em que brancos concediam
pequenas regalias aos escravos negros por terem se comportado bem. Algo
empoeirado, cheirando a ódio e ressentimento.
Por isso, depois da derrota, houve
além da decepção da perda por parte dos republicanos, uma reação que não
combina com as regras da democracia tão exaltadas nesse país. Enfurecidos, eles
tentaram de todo jeito explicar porque seu candidato Mitt Romney, aquele que só
tinha pensado no discurso da vitória, perdeu de longe no colégio eleitoral.
No dia seguinte, políticos e
articulistas conservadores já estavam na TV procurando uma explicação para a
inesperada derrota. Como um candidato com o perfil da tradicional família
americana, rico e bem sucedido, poderia ter sido derrotado por um candidato que
gastou seus quatro anos tentanto taxar a fortuna dos milionários?
Pois foi aí que morou o erro do
partido republicano. Eles produziram uma campanha massificante e agressiva nos
comerciais na TV, insinuando até que Obama tinha ideias comunistas, por querer
taxar mais os ricos e defender os pobres e a classe média, com o objetivo de
pintá-lo com as piores cores possíveis, já que ele também tem na pele a cor
negra que os racistas brancos não conseguem suportar.
Como ressaltou Eliakim Araujo “enquanto
os democratas se aliaram às minorias, formando uma corrente virtual entre negros,
latinos, asiáticos, pobres e remediados, gays e mulheres, os republicanos
continuaram presos a um passado conservador e completamente fora de sintonia
com as necessidades de um país que se renovou”.
O enraivecido megaempresário Donald
Trump, republicano da ala mais extremista do partido, chegou a pregar em seu
Twitter uma “revolução” no país para tirar Obama da Casa Branca, o que foi
combatido por um âncora americano, Brian Williams, que se levantou contra o
comentário, considerando as declarações de Trump como “irresponsáveis”. Acuado,
o empresário deletou a polêmica mensagem do twitter e prometeu abrir guerra
contra o jornalista.
Como Trump, a turma de
apresentadores da conservadora Fox News jogou pesado contra o presidente
durante toda a campanha e, revoltados com o resultado, fizeram comentários como
esse, de Bill O’Reilly: “a ideologia branca da sociedade americana hoje é
minoria”.
Foram muitas as demonstrações de
preconceito racial explícito, como a dos estudantes da Universidade do
Mississipi, que saíram às ruas assim que o resultado foi anunciado gritando
ofensas contra o presidente e queimando seus cartazes de propaganda.
Dia primeiro de janeiro Obama será
empossado para mais quatro anos de governo. Os cães vão continar ladrando,
enquanto a carruagem vai seguir em frente.
Via Direto da Redação
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