Mantega salientou que os tributos
federais sobre investimentos já foram reduzidos e agora é a vez da diminuição
do ICMS, que cabe aos Estados
Guido Mantega: "Vamos deixar uma estrutura tributária bastante diferente", prometeu o ministro da Fazenda |
Brasília - O ano que vem será de
retomada da atividade, na avaliação do governo, que promete reduzir a carga
tributária das empresas. "Vamos deixar uma estrutura tributária bastante
diferente", prometeu o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em
entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Outro grupo que sentirá os efeitos
da nova condução econômica, segundo ele, é o de investidores, que vinham ao
Brasil apenas atrás de juros altos.
Ao desvincular um alinhamento entre
Banco Central e Fazenda na estratégia de redução dos juros com expansão
econômica, o ministro disse que muitos ficaram sem saber o que fazer com a
Selic mais baixa. "Até que descobrem o caminho da felicidade, que é aplicar
na produção, já que no financeiro ganham menos."
Mantega salientou que os tributos
federais sobre investimentos já foram reduzidos e agora é a vez da diminuição
do ICMS, que cabe aos Estados e é considerado um tributo que atrapalha a
produção. A primeira discussão sobre o tema será feita amanhã com os
governadores. "Tenho esperança de que sejam sensíveis a nossas
propostas." Depois, afirmou, haverá uma nova etapa, que é a de simplificar
a cobrança de PIS e Cofins.
Para 2013, o cenário econômico está
bem mais positivo do que o deste ano, na avaliação do ministro. Segundo
Mantega, os índices de inflação serão menores, haverá a desoneração da folha de
pagamento para os 40 setores já anunciados, o fim da guerra dos portos e a
redução das tarifas de energia. "Mesmo a redução da taxa de juros, que
demora certo tempo, estará fazendo efeito no ano que vem", considerou.
Mantega evitou falar de um casamento
de ações com o BC. Conforme alguns especialistas, o governo tem tolerado um
pouco mais de inflação para poder apresentar uma taxa de crescimento mais
robusta. "O regime de metas de inflação está sendo cumprido no Brasil.
Mais rigorosamente do que no passado", comparou. "O alinhamento (com
o BC) é que a meta é definida em conjunto, mas a gestão é do BC", disse.
Vigilância
Apesar de considerar um quadro mais
benigno para a inflação em 2013, o ministro disse que não há dúvidas de que a
autoridade monetária agirá se for identificado algum repique de preços. "O
BC está sempre vigilante para tomar as medidas necessárias." Além do
sistema de metas de inflação e da política fiscal, outro ponto do tripé
macroeconômico que será mantido é o da flutuação do câmbio.
Mantega alegou que, se o dólar no
Brasil tem sofrido algum direcionamento pelo governo nada mais é do que uma
reação à ação de outros países. Essa atuação do governo não macula o sistema de
câmbio flutuante brasileiro, segundo o ministro.
Sobre o cenário externo, Mantega
disse que não tem condições de afirmar se haverá mudanças. Se elas vierem,
considerou, tendem a ser a partir dos Estados Unidos, já que são poucos os
sinais provenientes da União Europeia.
"Hoje, os Estados Unidos estão
amarrados pelo abismo fiscal, que pode causar recessão. Acho que vão ter bom
senso, independentemente do resultado eleitoral", afirmou, salientando que
uma recuperação daquele país é "boa para todo o mundo".
Por Beatriz Abreu e Célia
Froufe e Renata Veríssimo
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