A disputa pela sucessão na
presidência da Câmara dos Deputados foi analisada durante jantar entre a
presidente Dilma Rousseff, o presidente do PSB e governador de Pernambuco,
Eduardo Campos, e o presidente do PT, Rui Falcão, na quarta-feira, disseram
duas fontes à Reuters nesta quinta.
Falcão teria dito que estava
preocupado com os movimentos do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) para encabeçar
uma candidatura à presidência da Câmara contra o líder da bancada do PMDB,
Henrique Eduardo Alves (RN), segundo relato de uma das fontes ouvidas sob
condição de anonimato.
PT e PMDB mantêm um acordo desde
2007 para se alternar no comando da Casa, já que são as duas maiores bancadas
da Câmara, e agora é a vez de um peemedebista suceder o petista Marco Maia
(PT-RS) na presidência.
Segundo relato dessa fonte, Campos
disse no jantar que a candidatura de Delgado não estava definida, mas era
apoiada inclusive por setores do PT, que não estariam dispostos a apoiar Alves.
O governador teria ponderado com
Dilma que uma candidatura alternativa dentro da base aliada poderia até mesmo
servir a interesses do governo, segundo relato dessa fonte. A presidente,
porém, segundo a fonte, não teria se manifestado, nem mesmo para defender o
acordo firmado entre PT e PMDB.
Uma segunda fonte, próxima a Campos
e que ouviu relatos do jantar, lembrou que o acordo para sucessão no comando da
Câmara é apenas entre PT e PMDB e não envolve outros partidos da base aliada.
Ou seja, o lançamento de uma outra
candidatura não poderia ser encarada como quebra de acordo político entra
aliados. Alves, que no início acreditava que poderia construir uma candidatura
única, agora já trabalha com cenário de ter adversários.
Na quarta, o PR foi o primeiro dos
partidos aliados a manifestar apoio ao peemedebista. No PSB, segundo uma
terceira fonte, que integra o partido e falou sob condição de anonimato, há uma
ala que defende a candidatura para a Câmara para consolidar o poder da legenda,
apontada como uma das principais vencedoras da eleição municipal deste ano.
Há outro grupo menor, no entanto,
que prefere evitar qualquer fissura na aliança com Dilma e prefere não investir
na disputa contra a dobradinha PT-PMDB.
O PSB encomendou nessa semana uma
pesquisa para descobrir o que os deputados estão pensando sobre a sucessão na
Casa e analisar a viabilidade de uma candidatura que enfrente o acordo de
petistas e peemedebistas. Com esse resultado em mãos, Campos e Delgado devem
conversar até o final do mês e decidir se o PSB terá candidatura à presidência
da Casa ou não, segundo essa fonte do PSB.
Afagos
O jantar também serviu para reaproximar Dilma e Campos após as disputas municipais, que foram marcadas por confrontos entre PSB e PT em capitais importantes como Fortaleza, Recife e Belo Horizonte - os socialistas venceram nas três.
O jantar também serviu para reaproximar Dilma e Campos após as disputas municipais, que foram marcadas por confrontos entre PSB e PT em capitais importantes como Fortaleza, Recife e Belo Horizonte - os socialistas venceram nas três.
O fortalecimento do PSB no pleito
municipal alimentou as especulações sobre uma possível candidatura de Campos à
Presidência em 2014, o que dividiria a base aliada de Dilma. A presidente tem
se esforçado para que o aliado histórico não deixe seu arco de alianças para um
projeto próprio de poder. Além de se reunir com Campos, ela almoçou nesta
quinta-feira com o governador do Ceará, Cid Gomes, também do PSB.
Segundo relato da primeira fonte
ouvida pela Reuters, Dilma disse a Campos que eles não podem abandonar a
relação próxima que sempre tiveram e não podem ficar "conversando pela
imprensa".
Mais cedo nesta quarta, Dilma disse
a jornalistas após cerimônia no Palácio do Planalto que mantém boa relação com
Campos. "Nós não temos diferenças. Acho que a nossa relação sempre se
manteve a mesma", afirmou a presidente. Perguntada se o PSB precisava de
um afago, Dilma respondeu: "Todos precisam de afago. Quem não precisa de
afagos?"
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