‘Eu não recebi a lei. Eu seria
uma pessoa leviana se, sem recebê-la, falasse sobre ela’, afirmou
BRASÍLIA - A
presidente Dilma Rousseff disse nesta quinta-feira, 8, que ainda
não recebeu o projeto sobre royalties. "Eu não recebi a lei. Eu vou
avaliar a lei. Eu seria uma pessoa leviana se sem recebê-la falasse sobre
ela", disse a presidente, ao deixar a cerimônia de lançamento do Pacto
Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.
Mais cedo, a presidente
reiterou por meio do Blog do Planalto, que ainda não tomou uma decisão se vai
ou não vetar o projeto de partilha dos royalties, aprovado pela Câmara, na
última terça-feira. "A presidenta Dilma Rousseff, por meio de sua
assessoria direta, informou ao Blog do Planalto que fará uma exaustiva análise
do projeto de royalties aprovado pela Câmara antes de concluir pela sua sanção,
veto total ou veto parcial", afirma a nota.
A presidente pretende usar o tempo
possível para analisar o caso e já repassou à Advocacia Geral da União o tema,
para emitir parecer. Dilma quer que o Congresso Nacional também assuma sua
parte de responsabilidade neste caso, já que está proporcionando mudanças com
as quais o Planalto não concorda. Por isso, vai usar os 15 dias de prazo
regimental, depois que o projeto chegar à casa Civil, para decidir o que fazer.
Há setores do governo que acreditam
que a presidente Dilma possa até não vetar nenhum trecho da lei para não ter de
assumir um ônus que não é seu. Dilma chegou a comentar que não gostaria de
assumir o mesmo desgaste que assumiu no caso do Código Florestal. A presidente
também entende que o Rio de Janeiro e o Espírito Santo não podem ser
prejudicados, com a revisão de uma regra que já está em vigor. Mas ela não sabe
ainda o que fazer em relação a isso. O governo não pensa em questionar a
decisão no Supremo, deixando isso para os estados prejudicados.
Preocupações
do governo
Nesse processo o governo tem três
preocupações: a primeira, é poder realizar os leilões que estão programados
pela Agência Nacional do Petróleo, para o ano que vem. Para isso, lembram
assessores palacianos, é necessário que exista uma lei em vigor, ainda que não
atenda integralmente ao governo. A segunda preocupação é conseguir recursos
para a educação, já que a emenda que destinava 100% dos royalties para educação
caiu. Neste caso, a ideia para reverter essa derrota é fazer uma emenda ao PNE
(Plano Nacional de Educação) reconduzindo os 100% dos royalties para a
educação.
O terceiro ponto, é que o governo
entende que é preciso preservar as regras de distribuição dos royalties do
petróleo das áreas já licitadas, a questão é como fazer isso. Não está
definido, por exemplo, se é o caso do Planalto vetar isso, ou sancionar,
deixando que os estados prejudicados ingressem no Supremo Tribunal Federal para
tentar reverter esta situação.
Tânia Monteiro, da Agência Estado
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