Para
o ex-presidente petista, a população deve ter "orgulho" do combate à
corrupção nos seus dois mandatos
Comentário foi feito em ato pró-Haddad. Foi a primeira vez que Lula se referiu ao mensalão desde o início da campanha |
Por Vera
Rosa, Bruno Lupion e Daiene Cardoso
São
Paulo - Em ato de campanha de Fernando Haddad com estudantes, na noite desta
quinta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou os tucanos e
disse que ninguém deve ter vergonha do julgamento do mensalão. Para Lula,
a população deve ter "orgulho" do combate à corrupção nos seus dois
mandatos. Foi a primeira vez que Lula se referiu ao mensalão desde o início da
campanha.
"No
nosso governo as pessoas são julgadas e tudo é apurado. Na nossa casa, quando
nosso filho é suspeito de cometer um erro, nós investigamos e não culpamos os
vizinhos, como eles costumam fazer", afirmou o ex-presidente. A reação de
Lula foi provocada pela manifestação de um estudante, que causou
constrangimento no início da cerimônia que reuniu bolsistas do ProUni, na
Uninove, ao levantar uma faixa com a inscrição "Renovação com Mensalão? PT
do Lula, PT do Haddad, tem o mensalão".
O
estudante foi hostilizado pelos demais presentes e teve a faixa arrancada de
suas mãos. Lula aproveitou a oportunidade para tratar da crise que atingiu o
seu governo, em 2005, e tem sido usada pelo candidato do PSDB, José Serra,
contra Haddad. Sem citar diretamente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso,
Lula citou a emenda constitucional que instituiu a reeleição no País, aprovada
em 1997, e conclamou os estudantes a reagirem contra o que chamou de
"mentiras".
"A
gente não pode deixar de esquecer que o procurador-geral da República no tempo
deles era chamado de engavetador. Vocês não podem esquecer da compra de votos
em 1996 (sic) para aprovar a reeleição neste País", afirmou Lula. "Se
juntarem todos os presidentes da história do Brasil, vocês vão ver que eles não
criaram instituições para combater a corrupção como nós criamos em oito anos.
Sintam orgulho porque, se tem uma coisa que fizemos, foi criar instrumentos
para combater a corrupção."
De
microfone em punho e sob aplausos, Lula prosseguiu na defesa de seu governo.
"É só ver o que era a Controladoria-Geral da República, a Polícia Federal
e o grau de liberdade do Ministério Público antes de nós."
Ainda
sem citar nomes, o ex-presidente fez referência indireta ao PSOL ao dizer que,
em 2006, a imprensa tentou inflar a candidatura de uma ex-militante do PT - a
ex-senadora Heloisa Helena - e pediu a Haddad que não responda ao "jogo
rasteiro" de quem tenta ligá-lo ao mensalão. "Mais uma vez, aquele
senhor que ofendeu a Dilma até onde ninguém jamais tentou ofender agora está
ofendendo Haddad", afirmou Lula, lembrando a disputa presidencial de 2010.
Haddad
também adotou o tom crítico ao PSDB e à oposição ao governo federal petista. O
candidato atacou os críticos do "bolsa-esmola" e disse que Lula
promoveu uma revolução na educação. "Essa revolução não seria feita por um
doutor conservador, tinha de ser feita por um operário", afirmou. Ao
chamar a oposição de "xarope" por "torcer para que as coisas
deem erradas", fez uma provocação ao senador tucano Aécio Neves (MG).
"Se o Aécio quer ser presidente, estuda um pouquinho. Lê um livro por semana.
Dá uma lidinha em Copacabana."
A
plateia formada por bolsistas do ProUni, o candidato fez uma ligação entre o
programa à sua passagem como chefe de gabinete da Secretaria de Finanças da
gestão Marta Suplicy (2001-2004). Haddad disse que o embrião do ProUni surgiu
naquela época, como um programa de desconto no ISS em troca de financiamento de
bolsas universitárias, mas o projeto não vingou.
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