Saúde domina 1º debate do segundo turno em São Paulo
No primeiro debate do segundo turno
da campanha eleitoral pela Prefeitura de São Paulo, na TV Bandeirantes, temas
ligados à saúde ocuparam lugar central na polêmica entre os candidatos Fernando
Haddad (PT) e José Serra (PSDB). O petista afirmou que o adversário apoia
projeto de “privatização” de 25% dos leitos do SUS no Estado – o projeto do
governo Geraldo Alckmin está barrado na Justiça. Já o tucano acusou o rival de
ter a intenção de “eliminar” as organizações sociais (OS) que administram
hospitais públicos e unidades de saúde da cidade.
Haddad negou ser contrário à gestão
das OS. “Eu quero ampliar as parcerias com essas organizações”, afirmou. Ele
disse ainda que apenas se referiu a uma determinação judicial que obriga essas
entidades a fazer concursos públicos, “para evitar a contratação de amigos”.
Serra disse que o fim das OS está
“implícito” no programa de governo do candidato petista. Afirmou ainda que o
ex-deputado José Dirceu encabeçou uma representação no Supremo Tribunal Federal
para acabar com as parcerias entre órgãos públicos de saúde e entidades
privadas.
“Pelo amor de Deus, Serra, para de
citar pessoas que não estão disputando a eleição, para com essa obsessão”,
respondeu o petista, referindo-se à estratégia do adversário de relacioná-lo a
Dirceu, condenado pelo Supremo por seu envolvimento no mensalão.
O candidato do PT, em diversos
momentos, trouxe a administração do prefeito Gilberto Kassab (PSD) para a
discussão. Acusou o prefeito de não ter entregue três hospitais públicos
durante a campanha e atacou o PSDB por propor e aprovar uma lei estadual que
“reserva para os planos de saúde 25% dos leitos públicos”. A aplicação da lei
foi suspensa pela Justiça.
No início do programa, Serra
relacionou diversos programas sociais que implantou ou idealizou – remédios
genéricos, seguro desemprego, mutirões de saúde – e questionou Haddad se eles
seriam voltados para os pobres ou para os ricos. “O PT, na televisão, fica
dizendo que a gente trabalha para rico.” Haddad não deu uma resposta direta e
preferiu atacar a atuação do tucano na área social. Afirmou que diversos programas
que Serra exibe como trunfos foram implantados com ajuda do governo federal –
citou como exemplo a expansão de escolas técnicas. Em resposta, o tucano
afirmou que a participação federal é “ínfima”.
Haddad convocou Serra a firmar um
“protocolo” para discutir apenas propostas, e evitar ataques. “Tenho ouvido nas
ruas muitas queixas a respeito da truculência e da virulência da campanha.
Devemos fazer um esforço para discutir propostas e deixar a truculência e as
insinuações de lado.”
“Tudo o que eu quero é fazer uma
campanha propositiva”, respondeu Serra. “Se tem um partido que é especialista
em baixarias é o PT, que faz jogo baixo. É uma tática fenomenal, atacam e
depois dizem que estão sendo atacados. É o estilo Zé Dirceu.”
Haddad disse que os tucanos apresentam
o ritmo mais lento de construção de metrôs no mundo. “São menos de dois
quilômetros de linhas por ano.”
Quando Haddad afirmou que acabará
com a taxa de inspeção veicular, Serra atacou, dizendo que ele vai “estatizar”
o serviço. “É uma enganação, porque mesmo quem usa ônibus vai ter que pagar a
taxa.” Serra chamou Haddad de “corajoso” por trazer o tema da taxa ao debate,
uma vez que ele teria sido o criador da taxa do lixo, quando atuou na
administração de Marta Suplicy. “Você foi à Câmara defender a taxa do lixo, que
nós eliminamos”, afirmou.
Haddad replicou dizendo que chefe
dele na prefeitura era o economista João Sayad, que depois foi secretário no
governo do próprio Serra.
O Estado de S. Paulo
(Texto: BRUNO
BOGHOSSIAN, FERNANDO GALLO, JULIA DUAILIBI, VERA ROSA, DANIEL BRAMATTI, ISADORA
PERON e DÉBORA ÁLVARES – Blog Ao Vivo: BRUNO SIFFREDI, JOÃO
COSCELLI e LUIZA MONTEIRO).
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